Quantidade inacreditável de vírus está pronta para cair sobre nossas cabeças, mostra estudo

Por , em 10.02.2018

Pela primeira vez, um estudo analisou a quantidade de vírus localizados na camada mais baixa da atmosfera e mais próxima da superfície terrestre, a troposfera – a camada do limite planetário, onde ocorre o clima e localizada abaixo da estratosfera, onde os aviões voam. O número destes seres localizados lá e que eventualmente caem sobre nós que eles descobriram é assustador. “Todos os dias, mais de 800 milhões de vírus são depositados por metro quadrado acima da camada de limite planetário”, aponta Curtis Suttle, virologista da Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, e um dos autores do estudo, que foi em colaboração entre pesquisadores do Canadá, dos EUA e da Espanha.

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Anteriormente, órgãos internacionais estimavam que mais de um trilhão de vírus por metro quadrado chovia sobre nossas cabeças a cada ano. Como mostra o novo estudo, esse era um número bastante conservador. De todos os micróbios do planeta, os vírus são os mais abundantes.

Esta quantidade absurda destes pequenos seres no ar pode ajudar a explicar um fenômeno interessante. Muitas vezes, vírus quase idênticos são encontrados em locais totalmente diferentes do planeta. “Aproximadamente há 20 anos, começamos a encontrar vírus geneticamente semelhantes que ocorrem em ambientes muito diferentes em todo o mundo”, conta Suttle. “Esta preponderância de vírus que viajam pela atmosfera provavelmente explica o porquê – é bastante concebível ter um deles varrido para a atmosfera em um continente e depositado em outro”.

Os mecanismos que fazem eles irem parar no ar não são bem compreendidos, mas estudos já sugeriram que, pelo menos em alguns casos, eles são levados para a atmosfera misturados com poeira e com a maresia. As bactérias são dispersas desta forma, então faz sentido que os vírus também possam ser.

Suttle e seus colegas da Universidade de Granada, na Espanha, e da Universidade Estadual de San Diego, nos EUA, queriam saber quanto desse material é levado acima da camada limite atmosférica, acima de 2.500 a 3.000 quilômetros. A essa altitude, as partículas estão sujeitas ao transporte de longo alcance, ao contrário das partículas que ficam em partes mais baixas da atmosfera.

Usando plataformas nas montanhas da Serra Nevada da Espanha, os pesquisadores descobriram que bilhões de vírus e dezenas de milhões de bactérias estão sendo depositados por metro quadrado por dia. As taxas de deposição de vírus foram 9 a 461 vezes maiores do que as taxas de bactérias.

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Os pesquisadores também descobriram que a maioria dos vírus carregava assinaturas indicando que eles tinham sido levados para o ar a partir da maresia. Eles tendem a engatar em partículas menores, mais leves e orgânicas, suspensas em ar e gás, o que significa que eles podem ficar mais altos na atmosfera por mais tempo.

Adaptação

Isso não significa que estamos todos correndo um risco iminente de uma grande contaminação global. Obviamente, temos convivido com estes pequenos seres acima de nós muito bem. Além de depender de hospedeiros adequados para sobreviver em determinado ambiente, eles também não são apenas patógenos. Evidências recentes sugerem que eles desempenham um papel fundamental no ciclo do carbono do oceano. Existem também vírus chamados de bacteriófagos, que ajudam os seres humanos matando bactérias nocivas.

No entanto, eles podem sobreviver ao transporte atmosférico, então existe a possibilidade de que eles possam ter um efeito sobre um novo ecossistema.

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A dispersão na atmosfera e o fato de poderem ficar lá por muito tempo fornece um mecanismo para preservar a diversidade dos vírus, como uma espécie de “banco de sementes”, diz a equipe de pesquisadores.

“Os fluxos descendentes significativos de bactérias e vírus da atmosfera podem ter efeitos na estrutura e função dos ecossistemas receptores”, escrevem. “Ao invés de ser uma consequência negativa, esta deposição fornece um banco de sementes que deve permitir que os ecossistemas se adaptem rapidamente às mudanças ambientais”. [Universidade da Columbia Britânica, Science Alert]

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