Voz: a estranha semelhança entre humanos e gibões

Por , em 27.08.2012

Um novo estudo do Instituto de Investigação de Primatas da Universidade de Quioto (Japão) descobriu que os gibões (primatas pertencentes à família Hylobatidae) têm uma estrutura vocal muito parecida com a dos seres humanos.

Ao pé da letra, o que os cientistas descobriram foi que esses primatas têm técnicas de vocalização idênticas às dos sopranos (soprano é o nome do registro da voz feminina mais aguda, por cantores de ópera).

Os pesquisadores gravaram um certo chamado (canto) de gibões-de-mãos-brancas do Jardim Zoológico de Fukuchiyama, no Japão, em atmosfera normal e em atmosfera enriquecida com hélio.

Muitos de vocês sabem o efeito que o hélio tem na nossa voz: quando inalamos esse gás, por brincadeira, a nossa voz fica mais aguda, com um tom estridente. Isso acontece porque o hélio é menos denso que o ar, e aumenta as frequências de ressonância do trato vocal, sem alterar o som na sua fonte.

Os pesquisadores descobriram que a mesma coisa acontece com os macacos. Ao inalar hélio, a origem do som de uma chamada dos gibões, que ocorre na laringe, é separada das ferramentas vocais utilizadas para a modificar. Ou seja, humanos e gibões têm uma semelhança fisiológica incomum.

Essa semelhança é considerada incomum porque antes se pensava que a complexidade da fala humana era única entre os primatas. A fala humana requer variados sons suaves feitos pelos movimentos rápidos de tratos vocais, e os cientistas achavam que nosso discurso tinha evoluído através de modificações específicas em nossa anatomia vocal.

Porém, um chamado distintivo dos gibões usa a mesma mecânica vocal que cantores soprano, revelando uma semelhança fundamental com os seres humanos. A análise dos cientistas mostrou que os gibões têm um controle sobre a afinação de suas cordas e trato vocais que só é dominado por seres humanos muito habilidosos, ou seja, cantores de ópera profissionais.

Conclusão: os gibões podem manipular suas cordas vocais para produzirem sons. Mais: usam o mesmo mecanismo vocal que os cantores de ópera para obter sons mais agudos. “Isso nos dá uma nova apreciação da evolução do discurso em gibões, ao revelar que a fundação fisiológica da fala humana não é tão exclusiva”, afirma o principal autor do estudo, Takeshi Nishimura.[LiveScience, G1, P3]

Deixe seu comentário!