Civilização maia passou por “Guerra dos Tronos” há 1500 anos

Por , em 20.09.2018

Um altar maia de 1500 anos descoberto em um pequeno sítio arqueológico no norte da Guatemala está trazendo comparações à série de televisão de fantasia “Guerra dos Tronos” por causa das descrições das estratégias políticas da dinastia Kaanul quando tentava dominar cidades inteiras.

O altar, esculpido em calcário e pesando cerca de uma tonelada, foi encontrado no sítio arqueológico de la Corona na região da selva perto das fronteiras com o México e Belize, anunciou Tomas Barrientos, codiretor de escavações e investigações arqueológicas.

Barrientos disse que o altar foi encontrado em um templo e representa o rei Chak Took Ich’aak, o soberano de la Corona, “sentado e segurando um cetro do qual emergem dois deuses patronos da cidade.”

De acordo com estudos, o painel de 1,46 m por 1,2 m contém uma inscrição em hieróglifo Maia que é do dia 12 de maio de 544.

Outras descobertas permitiram aos pesquisadores determinar que o rei Chak Took Ich’aak também governou a cidade vizinha de El Peru-Waka cerca de 20 anos depois.

Barrientos diz que estas evidências mostram que a dinastia Kaanul, ou Reino da Serpente, desenvolveu um movimento político em la Corona que lhes permitiu derrotar seus rivais Tikal em 562 e, posteriormente, governar as planícies maias no sudeste da Mesoamérica para dois séculos.

“Guerra dos Tronos maia”


Esse movimento político foi baseado em alianças com pequenas cidades perto de Tikal.

Além dessas revelações, pesquisadores também encontraram detalhes de um casamento entre uma princesa do Reino da Serpente e um rei de la Corona, disse Barrientos.

“Este altar mostra-nos uma parte da história da Guatemala há cerca de 1500 anos. Eu chamaria isso de a versão Maia histórica do Guerra dos Tronos”, acrescentou, comparando as manobras do Reino Kaanul às da série de TV, em que famílias nobres competiam pelo controle dos sete reinos.

Barrientos disse que o altar “preenche as lacunas ” e “liga os pontos” das relações políticas da cultura maia.

“É uma obra de arte de alta qualidade que nos mostra que eles eram governantes entrando em um período de grande poder e que estavam se aliando com outros para competir, neste caso, com Tikal. ”

La Corona “foi o lugar onde o mais importante movimento político Maia histórico começou a tomar forma. ”

O Reino da Serpente expandiu-se de sua capital Dzibanche para o que é hoje conhecido como norte da Guatemala, Belize e do estado mexicano de Campeche, mas foi finalmente derrotado por Tikal.

As inscrições do altar revelam muito sobre as maquinações políticas do século sexto do Reino da Serpente.

Escavações perigosas


E escavar na Reserva da Biosfera Maia onde fica o sítio arqueológico pode ser muito perigoso.

A região está constantemente ameaçada por saques, invasões e incursões de gangues criminosas, traficantes de drogas e fazendeiros ilegais, acusados por ambientalistas e autoridades de iniciar incêndios florestais que danificam monumentos pré-colombianos.

A Vice-Ministra da Cultura, Gladys Palala, disse à AFP que as autoridades estão tentando conter a invasão por grupos criminosos perto de Peten, uma área cheia de restos arqueológicos.

“Onde quer que vá e escave, você encontra alguma coisa. É uma área eminentemente arqueológica “, disse ela.

A cultura maia alcançou seu apogeu durante o período clássico de 250-900, antes de entrar em declínio ao longo dos próximos 300 anos. [Phys/org]

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