Encontraremos vida fora da Terra em breve?

Por , em 9.10.2013

Desde a Grécia antiga, uma pergunta atormenta filósofos, teólogos e cientistas: “Estamos sós no universo?”. Agora, eles têm razões e tecnologia para crer que essa questão será respondida em um futuro próximo.

Descobrimos o primeiro exoplaneta (planeta a orbitar outra estrela, que não o sol) em outubro de 1995, sendo sua estrela-mãe a 51 Pegasi B, informalmente conhecida como Belerofonte. Desde o avistamento de Belerofonte até as descobertas seguintes, os únicos dados sobre esses mundos distantes eram seus efeitos gravitacionais, órbita e massa. Logo, não havia nada que pudesse indicar aos astrônomos sinais de vida.

Desconsiderando a ideia de que “ETs” façam contato conosco, a única forma de descobrir vida extraterrestre fora do sistema solar seria através de bioassinaturas nas atmosferas de mundos distantes. Por exemplo, através da detecção de moléculas altamente reativas, como o oxigênio, que desaparecem rapidamente, a menos que o metabolismo de algum organismo reabasteça o estoque desse elemento.

No entanto, para obter esse tipo de dado, necessitamos de uma imagem precisa da atmosfera desses exoplanetas – o que levou a Nasa a investir alguns bilhões de dólares para orçar o telescópio orbital Terrestrial Planet Finder (Descobridor de Planetas Terrestres), previsto para 2020.

O grande número de descobertas de exoplanetas inspirou uma nova geração de cientistas, e com eles um campo da ciência relativamente novo ganhou foco: a exoplanetologia.

Em 2001, pesquisadores identificaram sódio na atmosfera de um exoplaneta chamado HD209458 b. Desde então, já foram encontrados metano, dióxido de carbono, monóxido de carbono e água em outros planetas. O próximo passo será estender essas técnicas para investigar moléculas que forneçam evidências de vida extraterrestre.

Os alvos dos próximos estudos serão mundos menores, presumidamente rochosos, chamados de “super-terras”, geralmente com massa entre duas e dez vezes a da Terra.

Com as descobertas do telescópio Kepler, ficou claro que temos mais de 100 planetas e milhares de candidatos para analisar, como o Kepler 22b, o Kepler 62-E e o 62-F, e os Gliese 667C c, f e e, além de outras super-terras em órbitas dentro da zona habitável de suas estrelas (onde a temperatura é compatível com a da Terra). Com esse grande número de mundos receptivos à vida, e conforme as técnicas para pesquisas atmosféricas avançam, os astrônomos estão convencidos de que encontraremos bioassinaturas em algum exoplaneta em breve. [Scientific American Brasil, agosto de 2013, edição n. 135, Space.com]

27 comentários

  • A.S.S.:

    Eu sou de Kepler 22 b é a minha casa.

  • Edir Marcelo Zucolli:

    Eu preferia ver estes bilhões de dólares serem gastos com a vida que já conhecemos aqui, na Terra, e que tem sido tratada com grande desdém.

    • pmahrs:

      Não vamos ser injustos, também se gastam bilhões em pesquisas da vida aqui na terra, talvez mais do que no espaço. Se quisessem resolver os problemas de fome e pobreza na terra estes bilhões não fariam falta nenhuma.

    • Cesar Grossmann:

      Com certeza, pmahrs. E digo mais, acho que é gasto muito mais com o desenvolvimento de cosméticos e na produção de filmes do que com pesquisa científica. Só que na hora de criticar “gastos inúteis”, as pessoas parece que só lembram da pesquisa científica…

    • pmahrs:

      Perfeito Cesar Grossmann! Eu só acrescentaria que muitos avanços dos quais desfrutamos aqui na terra se devem a pesquisas pesquisas espaciais.

  • pmahrs:

    Alias eu curtiria muito Hypescience fazer uma matéria sobre as colaborações de monges cristãos para a ciência.

    • Cesar Grossmann:

      Lembro, de cara, de três nomes: Copérnico (que era monge e escapou da inquisição por que publicou o trabalho praticamente no leito de morte), Mendel (que é convenientemente esquecido pelas massas religiosas, mas cuja teoria genética acabou sendo crucial para fundamentar a Teoria da Evolução), e o Lemaître, o padre belga responsável pela Teoria do Big Bang, que agora é muito mais atacada pelos religiosos do que foi atacada pelos cientistas quando foi proposta.

      Se tiver mais alguma sugestão…

    • pmahrs:

      A igreja católica mudou muito nos últimos séculos, a ciências também erraram e tem muitas teorias, mas quando cientistas batem o martelo pra valer e teoria passa a ser comprovada os monges cientistas logo informam o Papa que não há mais o que contestar. Não se pode esperar que a maioria dos religiosos (Povo) sejam instruídos em ciências avançadas. Mas de fato há algumas religiões ultrapassadas e mais de 500 anos atrasadas sem dizer as falsas que são só vendas de milagres, prosperidades, e proteção contra demônios que eles mesmos fazem o povo acreditar para temerem sair. Ou seja mais pelo medo do que pela fé.

    • Cesar Grossmann:

      Uma correção, estive examinando alguma coisa sobre Copérnico, e a Igreja Católica não tinha uma posição oficial sobre sua obra em 1600, e o papa Clemente VII teria recebido favoravelmente uma palestra sobre o livro de Copérnico, mas em 1616 o livro de Copérnico foi incluído no Index Librorum Prohibitorum. Em várias academias científicas da época a matemática de Copérnico foi bem recebida, mas sua cosmologia não, e haviam dois motivos para tal: não haviam evidências experimentais que comprovassem o heliocentrismo, e, mais importante para alguns, a cosmologia de Copérnico contrariava a doutrina bíblica de uma terra imóvel. Mas para um autor, Arthur Koestler, em seu livro “The Sleepwalkers”, Copérnico acovardou-se com medo de ser ridicularizado pela sua teoria heliocêntrica.

      http://plato.stanford.edu/entries/copernicus/#2.6
      http://jameshannam.com/copernicus.htm
      http://en.wikipedia.org/wiki/De_revolutionibus_orbium_coelestium#Reception

    • pmahrs:

      O que não era covardia nenhuma propriamente dita, não desafiar a Igreja naquela época. Mas muito coisa mudou e hoje Copérnico é reconhecido como o fundador da astronomia moderna. A vantagem das ciências é que cientistas no mundo inteiro entram mais em consenso do que religiosos e isto só no cristianismo, mas muitos religioso não estão preocupados com bobeiras fundamentalistas, sabem que a bíblia foi escrita a milênios em uma língua morta, para outro outra cultura, outra lógica ou nível de ciência, consciência espiritual, linguístico e já sofreu centenas de interpretações, sonegações erros e distorções. Hoje para falar bem uma língua atual com perfeição nossos filhos tem que passar uma temporada fora, imagina saber exatamente o que se queria dizer naquela época. Mesmo assim alguns dizem que há referência a fatos científicos sobre a natureza e algumas leis dá física moderna, mas obviamente não teria crédito naquela época se colocasse no nível que entendemos hoje e podemos experimentar.

  • Ronald Golias:

    O dia que descobrirem vida fora da terra terei orgasmos de entusiasmo.

    • pmahrs:

      Acho que os orgasmos múltiplos vão demorar. Até porque quem financia a NASA é o governo americano e empresas bilionárias, só divulgaram algo se terem certeza que não lhes possa trazer vantagens capitais ou tecnológicas nos próximos 500 anos. O mesmo para possíveis outras potências. Se vazar algo que não possa ser provado terá as equipes de limpeza. E ainda há a questão de que normalmente uma espécies isoladas em ambientes sem contatos podem desenvolver doenças para a qual a outra não tem anticorpos e assim.

    • Cesar Grossmann:

      pmahrs, tem cientista do mundo todo trabalhando na NASA, e além disso, tem outras agências espaciais em outros países, como a ESA na Europa, e a JAXA no Japão. Se a NASA descobrir alguma coisa ela não vai arriscar o ridículo de ter feito a maior descoberta de toda a história da humanidade, guardado segredo, para ver outra agência ou academia científica fazer o anúncio depois. Além do mais, a NASA tem problemas de financiamento, se eles anunciarem a descoberta de alienígenas eles vão ter dinheiro à rodo, principalmente se houverem razões para acreditar que os alienígenas tenham alguma tecnologia — qualquer tecnologia.

      Quanto à descobertas furadas, tem a lição da história, a descoberta do primeiro pulsar. Os astrônomos Jocelyn Bell Burnell e Antony Hewish chamaram o primeiro pulsar de LGM-1 (little green men). A descoberta do segundo pulsar enterrou a hipótese da inteligência alienígena, mas por algum tempo os astrônomos namoraram a mesma. Como curiosidade, a Jocelyn era estudante orientada pelo Antony quando da descoberta do primeiro pulsar — essencialmente a descoberta foi dela, mas em 1974 quem recebeu o Nobel pela descoberta foi o professor Antony Hewish. Palavras dela sobre o incidente: “It has been suggested that I should have had a part in the Nobel Prize awarded to Tony Hewish for the discovery of pulsars. There are several comments that I would like to make on this: First, demarcation disputes between supervisor and student are always difficult, probably impossible to resolve. Secondly, it is the supervisor who has the final responsibility for the success or failure of the project. We hear of cases where a supervisor blames his student for a failure, but we know that it is largely the fault of the supervisor. It seems only fair to me that he should benefit from the successes, too. Thirdly, I believe it would demean Nobel Prizes if they were awarded to research students, except in very exceptional cases, and I do not believe this is one of them. Finally, I am not myself upset about it — after all, I am in good company, am I not!”

    • pmahrs:

      Boa argumentação, vou repensar nisto provavelmente você está certo. Como meu inglês é lamentável, vou esperar meu filho chegar de São Paulo na sexta, para ele ler com mais precisão para mim.

  • Cesar Grossmann:

    Os astrobiólogos procuram por um desequilíbrio químico, uma substância presente na atmosfera e que não deveria estar lá, por que os processos naturais a consumiriam rapidamente.

    Esta é a pista para um planeta com alguma forma de vida. Mas a confirmação da presença de vida ou não só mesmo visitando o planeta ou então recebendo algum sinal artificial (o que mostraria não apenas vida, mas vida inteligente).

    Não sei se a descoberta de um planeta que esteja provavelmente cheio de bactérias abale qualquer religião…

    • João Gesing:

      Cesar, não seja ingênuo. Não ocorreria abalo nas religiões mesmo que aportasse uma nova civilização inteligente por aqui. Aliás, seriam mais pagãos para catequizar, afinal, foi o que aconteceu quando a igreja passou a considerar os africanos como seres humanos (pois inicialmente defendia que eram uma sub-raça).

    • pmahrs:

      Cesar tem razão. De fato estatisticamente vida no universo é muito raro, só na terra por enquanto, e ainda se considerar que a terra tem bilhões de anos abrigando as mais variadas formas de vidas e bilhões de vida atualmente e só nós com cognitividade, se supõem que vida inteligente é mais rara ainda. Entre achar vida e achar inteligência é um grande abismo.

    • pmahrs:

      Não as ciências e a política também já teve sua época de Eugenismo e em época bem mais recente. São várias condições para tornar possível desenvolver vida que nem imaginamos umas delas é o campo magnético e a posição na via láctea não muito nas bordas, além do tempo de rotação que permite equilíbrio na temperatura. As leis da física, química e outras naturais são iguais e imutáveis no universo todo para desenvolver sistema planetários e vidas mas são tantos bilhões de condições para isto que entra na teoria do caos um simples protozoário ou animal na linha de evolução que não resistiu pode mudar tudo, como no efeito borboleta de Edward Lorenz.

    • Cesar Grossmann:

      Não sei, pmahrs. A vida, aqui neste planeta, existe em alguns lugares onde a gente nem imaginava poder existir vida, que é o caso dos extremófilos. As condições reinantes aqui permitiram o florescimento de um tipo de vida, aquele que estamos acostumados a ver e do qual fazemos parte, mas será que condições diferentes seriam avessas a todas as formas possíveis de vida? Que formas são estas? Acho que estas perguntas só serão respondidas quando encontrarmos estas formas de vidas florescendo em condições completamente hostis à nossa forma de vida.

      Espero que tenhamos uma resposta antes de se acabar minha vida, eu gostaria de saber isso…

    • pmahrs:

      Sim Cesar Grossmann. Sabemos que há vida em condições de temperatura, pressão e outros fatores adversos que imaginávamos antes não ser possível proliferar vida; inclusive acreditávamos só ser possível baseada em carbono, oxigênio, hidrogênio, fósforo azoto, enxofre e como você citou já foi encontrado extremófilos como, bactérias que usam arsênico, que é mortal para a vida conhecida até recentemente, no lugar do fósforo que é em quantidades insignificante neles e o arsênico sendo mais importante no seu DNA. Mas só me refiro a estatísticas matemáticas, acredito que todas condições da terra para uma vida com cognitividade é muito rara, mas é só pequena probabilidade, não impossível, talvez em algum lugar tenha até mais de uma.

  • Wesley Rodrigues:

    Se encontrarem um planeta habitavel,
    com uma camada de ozonio,oxigenio e gravidade igual ao planeta terra,em condições de vida,seriam somente os ricasos e milionarios que partiriam para tentar a vida em outro mundo,se ouver uma nave capaz de viajar na velocidade da luz para chegar ao planeta,se nao,geracoes terao que conviver na nave ate chegar no outro planeta,ou se olver uma tecnologia que faça as pessoas em estado de coma sem se envelhecerem,igual ao filme “pandorum”
    Enquanto aos religiosos eles vao falar que deus nos deu um novo mundo para morar!!!

  • Andre Luis:

    É como diz Carl Sagan:

    Às vezes acredito que há vida em outros planetas às vezes eu acredito que não. Em qualquer dos casos, a conclusão é assombrosa.

  • Hugo:

    O interessante seria a repercussão de uma descoberta deste tipo para as religiões.

    A minha opinião é que não aconteceria nada: muitos religiosos continuariam descrentes na ciência e evidências de vida como as citadas na reportagem não seriam o suficiente para convencer eles de nada.

    • Andre Luis:

      Olá Hugo, mas também depende muito, voce precisa especificar melhor a quem voce se refere quando diz “religiosos”, pois existe uma enorme gama de religiosos que acreditam em vida extraterrestre, e isto não exclui um religioso de deixar ou não de seguir uma doutrina e crer em um Deus!

    • pmahrs:

      Até hoje eu não sei no que religiosos podem atrapalhar cientistas para tanta aversão. Alguns falam que estudaram e sabem o que os cristão fizeram, mas parece que seus gurus só lhes mostraram isto. Não sabem que antes disto cristão foram perseguidos e mortos das formas mais cruéis por séculos e das centenas de colaboração importantes de monges católicos para as ciências. Não sabem que foi um padre católico que formulou a teoria do Big bang, outro é considerado o pai da genética, além de inúmeros serem professores que alfabetizaram milhões antes de se ter escolas públicas, além de vários cientistas de peso terem estudado em colégios católicos e também há na história da ciência centenas de padres cientistas que desenvolveram teses, teoria, métodos e inventos para ciências em astronomia, matemática, meteorologia física, botânica, natureza e outras áreas; há entre eles alguns dos principais precursores da ciência moderna e o fundador da Astronomia atual e um monge católico conhecido por Cônego Nicolau Copérnico que desafiou a própria igreja com sua nada mais, nada menos que teoria do heliocentrismo que é considerada dividiu a astronomia em antes e depois disto.

    • Pedro Paulo Teixeira:

      A Igreja Católica já está se adaptando: http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI2884487-EI312,00-E+possivel+crer+em+Deus+e+extraterrestres+diz+padre.html

  • luysylva:

    será ?

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