Cientistas analisam o cérebro de crianças para estudar dislexia

Por , em 24.04.2011

A dislexia é uma condição que, em termos gerais, dificulta a capacidade de interpretação de linguagem de uma pessoa. Erros como a troca de letras (“d” por “b”) ou números (“5” por “2”) são comuns para os que sofrem da doença.

Ela é também chamada de transtorno do desenvolvimento da leitura, pois o cérebro não reconhece ou processa símbolos corretamente. As crianças com esta condição podem achar a compreensão de leitura difícil porque não se conectam com as letras e sons, portanto não podem reconhecer bem as palavras.

Agora, cientistas fizeram progressos na compreensão do que acontece no cérebro de uma pessoa com dislexia, o que não é bem compreendido. Novas pesquisas sugerem que pode ser possível dizer a partir de uma varredura do cérebro se a habilidade de leitura de uma criança com dislexia irá melhorar ao longo de alguns anos.

As descobertas vêm junto com a tendência geral da medicina personalizada, em que testes genéticos, exames cerebrais e outros podem ajudar a prever cada vez mais as condições para as quais um determinado indivíduo está em risco.

Algumas crianças com o transtorno podem “compensar”, ou ler quase normalmente, mas talvez mais lentamente do que os outros, na idade adulta. É difícil saber quem será capaz de melhorar as habilidades de leitura ao longo do tempo, e quanta ajuda extra é necessária.

Um estudo com 25 crianças disléxicas e 20 crianças sem dislexia usou imagens cerebrais para responder a esta pergunta. Os pesquisadores encontraram uma maior ativação e conectividade no hemisfério direito do cérebro em crianças disléxicas que mostraram a maior melhoria em leitura após 2 anos e meio.

Em geral, grande parte da compreensão da linguagem que se passa no cérebro acontece no hemisfério esquerdo, mas há algum envolvimento do hemisfério direito também. O estudo sugere que pessoas com dislexia que passam a ler de forma razoavelmente normal estão usando uma parte do hemisfério direito em tarefas de leitura mais do que a pessoa média.

Se amplamente divulgada, este tipo de varredura do cérebro pode ser um complemento importante para as avaliações – com base na leitura e comportamento – já disponíveis para o diagnóstico de dislexia. Se a ressonância magnética se tornar mais útil e banal, o custo (hoje alto) por varredura diminuiria.

Especialistas dizem que a varredura pode fornecer informações úteis, mas não destaca os fatores ambientais, como a qualidade do ensino em sala de aula da criança, que possam contribuir para os problemas de leitura.

Além disso, os pais de crianças disléxicas lembram que é ruim deixá-las ansiosas com mais testes, que podem desanimá-las e piorar seu desconforto em relação a sua incapacidade.

De qualquer forma, os resultados da pesquisa são premiliares, e estudos com amostras maiores precisam ser feitos para confirmar padrões.

Outro estudo recente descobriu que alguns disléxicos podem ter uma maior compreensão do espaço, apesar de uma deficiência na linguagem.

A pesquisa envolveu 20 voluntários com dislexia e 21 participantes sem a condição, e testou como as pessoas identificam formas, navegam em um ambiente virtual, e realizam outras tarefas que envolvem raciocínio espacial. Os homens disléxicos tinham mais habilidades visuais-espaciais.

Os pesquisadores acreditam que isso é uma coisa boa: eles podem criar projetos, pois geralmente podem visualizar as coisas de forma muito clara. É uma habilidade que lhes dará muitas oportunidades.

Devido a isso, letras e números tridimensionais, talvez feitos de plástico ou de barro, podem ajudar uma criança disléxica a entender melhor as formas. Segurar um “7” na mão vai ajudá-las a confundi-lo menos com um “V”.

A intervenção mais importante é um ensinamento direto e explícito da fonética, ou como os símbolos correspondem a sons. Os cientistas também dizem que quanto mais cedo a dislexia puder ser detectada, melhor.

A personalidade da criança, entretanto, também pesa. Alguns persistem, apesar da frustração, melhor do que outros. Os pais devem falar com psicólogos sobre o melhor plano de ação para o seu filho.

Quanto ao caso de adultos que não sabiam que tinham dislexia, é mais complicado. Uma pessoa que passou por essa situação fez um treinamento em um centro de desenvolvimento de aprendizagem aos 34 anos. Para ele, usar computadores para escrever ajudou tremendamente, especialmente a verificação ortográfica ou correção automática. [CNN]

5 comentários

  • Luiz:

    Alem dos avanços da ciência faz-se necessária a evolução dos métodos pedagógicos escolares que precisam aprender a tratar os diferentes de forma diferente. O ambiente escolar não evoluiu nada desde o século XVIII, os professores ainda estão no século XIX e os alunos no século XXI….essa equação não fecha…e, agora, com o advento do novo paradigma de nome ENEM, as crianças que não se destacam nas salas de aula são simplesmente expelidas do ambiente escolar, uma vez que os estabelecimentos escolares privados vivem de lucros, os lucros são provenientes do faturamento e estes aumentam ou diminuem, ano a ano, em função dos resultados amplamente divulgados da colocação obtida por cada escola no ranking divulgado pelo MEC, ou seja,resta aos dislexicos se conformar arem com o fracasso na vida escolar ou a opção de ir viver em um pais mais evoluído como a Inglaterra e os EUA, por exemplo, que já aprenderam que dislexia não e uma doença e sim uma forma distinta do padrão obvio de se enxergar o mundo. Em tempo, Albert Einstein era dislexico….

  • Rita:

    Conheço uma pessoa com 14 anos, que não sei qual seria o déficit…pois ela tem dificuldade em copiar do quadro…na realidade ela copia o que ela ler e fala…por ex: se no quadro esta a palavra BONITA ela copia bolita e tem outras mais faz trocas…V por F, D por T… e ao falar ela tem problema em falar correto as palavras que tem encvontro consonantais, por ex: FLOR ela diz fror…Blusa …fala brusa…etc… mais ela não é impertativa…so que é muito anciosa….como posso dizer…
    pois faz fono e ate fisioterapia devido a dor que sente no pescoço …nao tem problema de surdez as autiomedtria o laudo e dentro das normalidades…tomagrafia, e ressonancia e ate o eletrocefalograma colorido…diz que esta dentro das normalidades padrão,,,,ajude

    • MarkVipe:

      Rita, o glúten, que não existe na natureza, é criado a partir da combinação das proteínas gliadina e glutenina, mais água. Esta super proteína, que não deveria ser absorvida normalmente pelo nosso corpo, destrói os filtros naturais do intestino e consegue entrar em nosso corpo. Tal proteína só é eliminada do corpo pelo nosso sistema imunológico, que trabalha tanto quanto se consome glúten diariamente. Outro super poder do glúten é conseguir atravessar a meninge do cérebro, coisa que quase nenhuma substância consegue e, por conta disto, leva a gerra com o sistema imunológico para dentro de nossa cabeça.
      Por causa disto que expliquei acima, de forma bem resumida, a restrição de glúten para pessoas com síndrome de Down gera uma grande melhora cognitiva.
      Resumindo uma restrição ao glúten e à lactose já ajuda muito este tipo de problema, pois dará melhores condições à criança de se desenvolver.
      O grande segredo é não cortar, mas trocar. Hoje se consegue fazer praticamente tudo sem glúten. 28/03/2020.

    • Cesar Grossmann:

      Começou errado, o glúten é uma proteína que está presente em vários grãos. Ou seja, é uma proteína presente na natureza. O resto está tão errado que só vou deixar como um exemplo de como alguém pode estar errado.

      Só para dar uma ideia, quando você está fazendo seu pão caseiro que leva só farinha, água, sal e fermento, a viscosidade e elasticidade da massa úmida é causada pelo glúten da farinha, que está ali porque o grão do trigo contém glúten.

  • eduardo:

    Minha irmã tem esse distúrbio… achei muito boa a notícia… espero que a ciência avance mais nessa área, não é muito comentada na mídia…

    Obrigado pela matéria, Natasha…

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