Cientistas já podem criar bebê com “três pais”

Por , em 28.10.2012

Desde o início de setembro, uma consulta pública na Grã-Bretanha debate a legalização de uma nova técnica de manipulação genética, que poderia erradicar doenças hereditárias no futuro. Este método, que tem sido conhecido como gerar um bebê “a partir de três pais”, também está sendo intensamente pesquisado nos Estados Unidos. Mas como isso funciona, afinal?

A ideia é prevenir doenças mitocondriais que são passadas aos filhos através da mãe. Quando uma mãe tem uma disfunção no DNA mitocondrial (pouca gente lembra, mas não é apenas o núcleo das células que possui material genético: as mitocôndrias também o têm), pode legar ao bebê problemas sérios como distrofia muscular, que quase sempre acaba deixando o portador em uma cadeira de rodas.

Para isso, os cientistas buscam atacar a raiz da questão: substituir as mitocôndrias doentes. E existem duas formas, ambas ainda em fase de testes, de fazer isso acontecer.

O novo bebê de proveta

Fazer uma fecundação em laboratório não é exatamente uma novidade para a biotecnologia. Por essa razão, um dos dois métodos de substituição mitocondrial tem sido menos preferível: a fertilização.

Neste sistema, os cientistas juntam o espermatozoide ao óvulo da mãe ainda com as mitocôndrias doentes.

Paralelamente, uma doadora oferece um óvulo que também é fertilizado. Criam-se dois embriões: um, dos futuros pais, com DNA mitocondrial doente. O outro, saudável, dos doadores. Com os dois embriões já existentes (mas ainda em fase de ovo, antes da mitose), remove-se o núcleo de ambos. O dos doadores é descartado e o dos pais é colocado no embrião saudável. Só então o embrião é implantado no útero da mãe.

Cientistas da Universidade de Oregon (EUA) adotaram um novo caminho. Ao invés de ter que fertilizar dois embriões, um saudável e outro não, por que não criar um atalho? Assim, simplesmente foram ao óvulo da doadora, eliminaram o núcleo e o trocaram pelo núcleo do óvulo (com mitocôndrias doentes) da mãe.

Dessa maneira, este novo óvulo terá quase todas as informações genéticas da mãe, já que tem o seu núcleo, mas as mitocôndrias e todo o resto da célula serão da doadora. Este óvulo materno, já livre da disfunção mitocondrial, é finalmente fertilizado com os espermas do pai.

Em laboratório, a ideia funcionou perfeitamente, mas os cientistas ainda não têm garantias de que poderia dar certo para criar um bebê de verdade. Se funcionar, vai garantir crianças com altíssimo grau de “autenticidade” genética dos pais originais: a única participação do “terceiro pai” (que na verdade é a “segunda mãe”) é o DNA mitocondrial saudável.

Além dos “problemas técnicos” que ainda há por resolver, o procedimento cria o embate ético que polariza opiniões no Reino Unido. É válida uma manipulação genética para tirar o “envoltório” ruim (no caso, as mitocôndrias) e simular uma gestação real em que o filho terá herança não de dois, mas de três genitores? O que você acha?[BBC/Terra/Diário da saúde]

2 comentários

  • Jessica Mapo:

    Caraca! Que sonho, poder gerar uma criança que será filho meu, do meu marido e da nossa esposa! Isso seria lindo!

    • Rafael BM Rodrigues:

      Sonho em ser esse seu marido! Sou fã desse cara.

Deixe seu comentário!