Cientistas usam ultrassom para fazer cérebro de paciente em coma “pegar no tranco”

Por , em 27.08.2016

Um homem de 25 anos de idade tem feito um notável progresso na recuperação de um coma, após receber um tratamento inovador para “acordar” seu cérebro usando ultrassom.

O tratamento, testado por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (EUA), usa estimulação sonora para ativar neurônios no tálamo, uma estrutura que serve como hub central do cérebro para processar a informação.

“É quase como se estivéssemos fazendo os neurônios pegarem no tranco, para voltarem a funcionar”, disse Martin Monti, principal autor do estudo e professor de psicologia e neurocirurgia na Universidade da Califórnia, para o portal Science Daily. “Até agora, a única maneira de conseguir isso era usando um procedimento cirúrgico arriscado conhecido como estimulação cerebral profunda, em que eletrodos são implantados diretamente no tálamo. A nossa abordagem visa diretamente o tálamo, mas não é invasiva”.

Cautela

Por enquanto, é necessário fazer estudos mais aprofundados sobre o procedimento com mais pacientes, antes de determinar se ele poderia ser usado de forma consistente para ajudar outras pessoas na recuperação de comas.

“É possível que apenas tivemos muita sorte e estimulamos o paciente conforme ele já estava espontaneamente se recuperando”, explicou Monti.

O experimento

A técnica, chamada de pulsação de ultrassom de baixa intensidade focada, foi criada por Alexander Bystritsky, professor de psiquiatria e ciências comportamentais da Universidade da Califórnia, e um dos fundadores da Brainsonix, empresa que forneceu o dispositivo que os pesquisadores utilizaram no estudo.

Esse dispositivo, do tamanho de um pires de café, cria uma pequena esfera de energia acústica que pode “alvejar” diferentes regiões do cérebro para estimular o tecido cerebral.

Para a pesquisa, a equipe colocou-o ao lado da cabeça do homem e ativou o dispositivo 10 vezes por 30 segundos de cada vez, em um período de 10 minutos.

Monti disse que o dispositivo é seguro porque emite apenas uma pequena quantidade de energia, menos que um ultrassom convencional.

O resultado

Antes do procedimento, o homem mostrava sinais mínimos de estar consciente e de compreensão da fala – por exemplo, ele podia executar pequenos movimentos limitados quando solicitado.

No dia após o tratamento, suas respostas melhoraram de forma mensurável.

Três dias depois, o paciente tinha recuperado plena consciência e compreensão da linguagem, e podia se comunicar de forma confiável acenando “sim” ou “não” com a cabeça. Ele até fez um gesto de adeus a um de seus médicos.

Próximos passos

Os pesquisadores já estão planejando testar o procedimento em mais pessoas em coma.

Se a tecnologia ajudar outros pacientes, eventualmente pode ser usada para construir um dispositivo portátil, possivelmente incorporado em um capacete, como uma maneira de baixo custo de “acordar” pacientes, talvez até mesmo aqueles que estão em estado vegetativo ou minimamente conscientes.

Atualmente, não há quase nenhum tratamento eficaz para tais casos. [ScienceDaily]

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