A língua que você fala afeta a maneira que você pensa

Por , em 6.05.2015
Language Master

Bilíngues têm muitas vantagens: melhores perspectivas de emprego, um aumento cognitivo e até proteção contra a demência. Agora, uma nova pesquisa mostra que quem fala mais de uma língua também pode ver o mundo de diferentes maneiras, dependendo do idioma específico que estão falando.

¡Hola! ¿Qué tal?

Os últimos 15 anos têm mostrado uma enorme quantidade de pesquisas sobre a mente de pessoas bilíngues, com a maioria das evidências apontando para as vantagens tangíveis de usar mais de um idioma. Transitar entre várias línguas parece ser uma espécie de treinamento do cérebro, o que o provoca para ser mais flexível.

Hello! How are you doing?

Assim como praticar exercícios físicos regularmente dá a seu corpo alguns benefícios biológicos, controlar mentalmente as habilidades de falar duas ou mais línguas dá o seu cérebro benefícios cognitivos. Esta flexibilidade mental é especialmente lucrativa para o seu corpo em longo prazo, especialmente mais tarde na vida.

Sobre os benefícios de falar duas ou mais línguas

Se você é desses que mata aula de inglês, pare já com isso. Pesquisas têm mostrado que os sinais típicos do envelhecimento cognitivo aparecem mais tarde em pessoas que bilíngues, e o aparecimento de doenças degenerativas relacionadas à idade, como a demência ou Alzheimer, podem ser atrasadas para essas pessoas em até cinco anos.

Alemães sabem onde eles estão indo

Em uma pesquisa publicada recentemente na revista internacional Psychological Science, foram estudadas e comparadas pessoas bilíngues e monolíngues que falavam alemão, inglês ou alemão e inglês. O objetivo era descobrir como os diferentes padrões de linguagem eram afetados conforme os participantes do estudo reagiam aos experimentos.

Os pesquisadores mostraram aos bilíngues uma série de vídeos de eventos com um movimento em si, como uma mulher caminhando em direção a um carro ou um homem de bicicleta em direção ao supermercado e, em seguida, pediram para descreverem as cenas.

Quando você mostra uma cena para um falante apenas de alemão, eles tendem a descrever a ação, mas também o objetivo desta ação. Eles tendem a dizer “uma mulher caminha em direção de seu carro” ou “um homem anda em direção ao supermercado”. Já os falantes monolíngues de inglês simplesmente descrevem as cenas como “a mulher está andando” ou “um homem está andando”, sem mencionar o objetivo da ação.

A visão de mundo assumida por falantes de alemão é holística. Ou seja, eles tendem a olhar para o evento como um todo, enquanto que os falantes de inglês tendem a ampliar o evento e se concentrar apenas na ação.

A base linguística dessa tendência parece estar enraizada na forma como os diferentes kits de ferramentas gramatical situam ações no tempo.

O inglês, por exemplo, exige uma marca gramatical para expressão de uma ação que está em curso, que corresponde ao uso obrigatório do sufixo “ing”: “I am playing the piano and I cannot come to the phone” (“estou tocando o piano e eu não posso atender o telefone”) ou “I was playing the piano when the phone rang” (“eu estava tocando piano quando o telefone tocou”).

Já o alemão não tem esse recurso. A pesquisa com os usuários de segunda língua mostra uma relação entre a proficiência linguística em tais construções gramaticais e da frequência com que os oradores mencionam as metas de eventos.

Esse estudo também descobriu que essas diferenças linguísticas se estendem além do uso da linguagem, com a categorização não verbal dos acontecimentos. Essa diferença reflete peculiaridades no uso da linguagem, mostrando que os falantes de alemão são mais propensos a se concentrar em possíveis resultados de ações das pessoas, enquanto que os falantes de inglês prestam mais atenção à ação em si.

Mudando de idiomas, mudando de perspectiva

Quando se tratava de falantes bilíngues, eles pareciam alternar entre essas perspectivas com base no contexto da língua que foi dada a tarefa.

Assim, os pesquisadores descobriram que os alemães fluentes em inglês são tão focados no objetivo como qualquer outro falante nativo quando estão falando em alemão em seu país de origem. Mas um grupo similar de bilíngues de alemão e inglês testados em inglês no Reino Unido foram, assim como falantes nativos do inglês, focados na ação.

Transitar entre as línguas mostrou como as raízes linguísticas de cada uma influenciam na visão de mundo dos falantes.

Quando os pesquisadores “proibiram” o inglês, os bilíngues agiram como alemães típicos e descreveram as ações dos vídeos com um direcionamento para o objetivo.

Estes resultados estão em linha com outras pesquisas que mostram um comportamento distinto em bilíngues, dependendo do idioma que estão usando. Os árabes israelenses são mais propensos a associar nomes árabes, como Ahmed Samir, com palavras positivas em um contexto de língua árabe do que em um hebraico, por exemplo.

O que os participantes do estudo acharam?

Pessoas bilíngues que participaram dessa pesquisa relataram que se sentem como pessoas diferentes quando usam línguas diferentes e que expressar certas emoções carrega uma ressonância emocional diferente, dependendo do idioma que estão usando.

Tomada de decisão

Ao julgar algum risco, os bilíngues também tendem a tomar decisões econômicas mais racionais em uma segunda língua. Em contraste com a sua primeira língua, eles tendem a ignorar profundos preconceitos afetivos enganosos que indevidamente influenciam a forma como os riscos e benefícios são percebidos.

Assim, a língua que você fala realmente pode afetar a maneira como você pensa. [medicalxpress]

1 comentário

  • Cesar Grossmann:

    Será isto parte da famosa PNL (Programação Neuro-Linguística)?

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