Como Pokémon fez o exército dos EUA sonhar com uma “arma de convulsões”

Por , em 27.09.2012

Em 16 de dezembro de 1997, a televisão japonesa transmitiu um episódio do anime (desenho animado japonês) Pokémon, em que o ratinho elétrico Pikachu passava por um tipo de transformação.

Centenas de milhares de crianças, talvez milhões, grudavam na TV para assistir as cenas do famoso desenho, algumas com tonturas, vômitos, e, em pelo menos 600 casos, convulsões.

Esse fato não passou desapercebido pelas Forças Armadas americanas. No ano seguinte a sua estréia, um relatório sobre armas não letais sugeria a fabricação de um raio eletromagnético que supostamente causaria convulsões.

Porque as Forças Armadas estavam pesquisando armas não letais? Como os EUA constantemente envolvem-se em conflitos armados e a população não fica contente com as matanças, uma arma que reduzisse o número de baixas e a destruição de bens seria bem-vinda.

A ideia era forçar os nervos humanos a dispararem sinais de uma forma semelhante a uma convulsão epilética. Uma das maneiras era projetar um campo eletromagnético sobre os nervos na frequência desejada, e deixar a eletricidade induzida fazer o serviço. Outra ideia copiada do episódio era estimular o nervo ótico para que ele produzisse o sinal. Com sorte, o sinal chegaria ao cérebro e seria replicado pelos outros nervos.

O relatório também sugeria outras armas não letais, como lasers que ofuscariam e causariam cegueira temporária, e ataques às redes de computador, que “causariam confusão e pânico na população”, além de uma arma de radiofrequência que causaria uma febre de até 41°C, incapacitando o inimigo.

A maioria dos conceitos nunca foi testada, no entanto. Nenhuma arma de “convulsão” foi produzida. A única arma que acabou sendo testada foi o Active Denial System, uma arma de micro-ondas que fazia uma pessoa ter a impressão de ter pisado em uma fornalha. Porém, a penetração na pele era mínima, e a energia não era suficiente para estourar um único grão de pipoca.

O relatório deixou de ser secreto recentemente, e foi obtido por um cidadão que prefere permanecer anônimo. [io9, Live Science, Wired]

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