Como seu cérebro tendencioso faz de você um idiota online

Por , em 20.08.2013

Não importa se temporária ou completamente, a internet faz com que seja fácil se transformar em algum tipo de idiota. Isso não acontece apenas porque quando sentamos em um computador estamos longe das pessoas com quem discutimos, mas por causa de nossos preconceitos embutidos também. A boa notícia? Podemos “sabotar” a maneira mecânica natural do pensamento no nosso cérebro, evitando algumas discussões online muito estúpidas.

Mais do que qualquer outra coisa, o “efeito halo” representa a forma como julgar e reagir às informações. Ele nos leva a tomar posições irracionais.

O efeito halo é um viés de atribuição, em que o nosso cérebro faz julgamentos sobre o caráter ou competência de outros baseado na nossa impressão geral deles. Em alguns casos, pode ser visto como uma forma de prova social. O problema ocorre quando essas impressões estão erradas, e uma vez que elas são muitas vezes baseadas em julgamentos superficiais (como se a pessoa é atraente para nós), podem estar erradas com bastante frequência.

Como isso te afeta na internet? Se você entrar em uma conversa em um fórum na internet, ler um artigo, ou se envolver com alguém no Facebook, você pode ter pistas visuais de imagens e palavras que afetam a maneira que você lê alguma coisa. Um exemplo é um e-mail de um leitor:

“Hey. Espero não ofender com esse comentário, mas só agora algo cristalizou na minha cabeça. Quando eu olho para sua foto com o seu chapéu de inverno, você parece tão jovem que eu sinto que não posso levá-lo a sério. Estou dizendo só para que você saiba e talvez outras pessoas pensaram a mesma coisa. Eu sei que é uma coisa pequena, mas eu realmente não tenho lido vários de seus artigos recentemente por causa disso. E eu nunca pensei nisso antes, já que tenho lido todas as suas coisas e as apreciado por um longo tempo”.

Na maioria das vezes, o efeito halo faz com que as pessoas julguem o que acontecerá. No caso deste leitor, ele apreciava o trabalho do autor em primeiro lugar, mas quando viu sua imagem, não lhe deu credibilidade por o considerar jovem. Este problema não acontece apenas com as imagens. Você pode ouvir a voz de uma pessoa, analisar sua escolha de roupas, ou até mesmo ouvir algumas palavras que alteram o humor levemente. Coisinhas pequenas como esta pode afetar seu julgamento e distorcer sua opinião.

Mas você pode fazer algo sobre isso. Como disse o rei da auto-ilusão, David McRaney: “A primeira impressão forte, positiva ou negativa, cria um halo que pode sobreviver por anos. Procure consistência em seu lugar. Jogue fora suas primeiras impressões e avalie periodicamente tudo que é importante como se fosse a primeira vez que você julga essa coisa”.

Ele também sugere que tomar conhecimento, em qualquer momento, de uma única característica ou credencial aumenta o afeito. Um acento rude pode fazer você pensar negativamente, e a boa aparência pode fazer você pensar positivamente. Isso acontece independentemente de sua orientação sexual. Na verdade, sua atração física pode causar uma variedade de outros problemas não relacionados ao preconceito.

Quando se trata do efeito halo, você só tem que se perguntar uma coisa para tentar vencê-lo: por que eu tenho essa opinião? Se você seguir os seus passos para trás no tempo e achar que você considerou uma foto, uma voz, ou algo assim, você pode tomar um momento e reconsiderar os seus sentimentos de forma mais objetiva.

Nós gostamos de estar certos, e por isso buscamos a informação que confirma as nossas crenças e não as nega. Nosso viés de confirmação nos diz. McRaney explica esta joia de auto-ilusão em detalhes: “Viés de confirmação é um filtro através do qual você vê uma realidade que corresponde às suas expectativas. Isso faz com que você pense de forma seletiva, mas o verdadeiro problema começa quando o viés de confirmação distorce sua busca ativa de fatos”.

Você provavelmente pode adivinhar como o viés de confirmação afeta a maneira como você age na internet apenas com base no exemplo dado acima. Se você entrar em um argumento político, vai buscar as pessoas do seu lado que confirmam suas crenças. Aqueles argumentando contra você fazem o mesmo. Dessa forma, todos podem se sentir “certos” – o que faz o oposto de resolver um problema ou criar um debate inteligente – mas, de alguma forma, nossos cérebros adoram.

A ilusão da visão assimétrica torna este problema ainda pior. Nosso viés de informação gosta de emparelhar-se com o nosso viés para grupos. Quando participamos de um grupo, temos desconfiança daqueles que estão fora dele e sentimos um preconceito.

Como você pode combater o problema? Por exemplo, tendo acesso a mais de um ponto de vista, como ler três jornais com opiniões muito diferentes. Enquanto você nunca pode realmente saber a verdade dessa maneira, você vai conhecer as tendências óbvias de todos os lados com muito mais clareza.

Infelizmente, a maioria de nós não tem tempo de ler três jornais todos os dias. Podemos, no entanto, procurar diferentes perspectivas sobre a mesma história e fazer o nosso melhor para manter uma mente aberta.

Nós gostamos de acreditar no que as pessoas nos dizem, mesmo que nem sempre faça sentido. Isso nos ajuda a ter fé em qualquer coisa que queremos acreditar, e nós gostamos de acreditar em muita coisa. O efeito halo ajuda aqui, também, porque nos leva a confiar em estranhos que nós pensamos que gostamos, devido à boa aparência ou uma voz agradável.

Enquanto o viés verdade pode parecer em desacordo com o viés de confirmação, eles funcionam bem juntos. Você pode pensar em cada um como um ímã, puxando-o para a positividade ou negatividade de algum lugar, aproximadamente no meio. Viés da verdade irá ativar seu desejo inato de confiar em informações fracas (se você gosta da fonte), e o viés de confirmação vai empurrá-lo em direção a indignação se não o fizer.

Dr. John R. Schafer explica: “Esse fenômeno, conhecido como viés da verdade, permite que a sociedade funcione de forma eficiente. Sem ele, as pessoas iriam gastar uma enorme quantidade de informações para verificar o que foi fornecido por outros. O viés também serve como padrão social. Relacionamentos com amigos e colegas de trabalho se tornariam tensos se a sua veracidade estivesse constantemente questionada. Confrontado com pequenas discrepâncias em uma história, as pessoas tendem a desculpar inconsistências porque querem acreditar na pessoa que está contando a história. Viés da verdade fornece mentiras com uma vantagem porque as pessoas querem acreditar no que ouvem, veem ou leem. O efeito é mais forte se a pessoa que contar a história é um grande amigo, um cônjuge, ou os nossos filhos. Mas diminui quando as pessoas se conscientizam sobre a possibilidade de fraude. A melhor defesa contra o viés é ceticismo criterioso”.

De muitas maneiras, a preguiça ganha o melhor de nós. Mesmo se temos razão para desconfiar, escolhemos otimismo. Como o Dr. Schafer nota, precisamos de ceticismo para evitar ser enganados.

Você não pode verificar cada “fato”, é claro, e é aí que o ego entra em jogo. Isso demonstra que temos uma quantidade finita de força de vontade e podemos nos queimar se não a usarmos com sabedoria. Confiamos também porque não temos a energia ou tempo para verificar todas as declarações que ouvimos. Nosso cérebro tem que executar um pouco a equação e determinar se devemos confiar no que ouvimos, para evitar o excesso de trabalho a nós mesmos.

A dica é: sempre tirar um momento para pensar. Um momento de prudência lhe dará a oportunidade de considerar que o que você ouviu não é infalível. Você pode, então, prevenir-se de compartilhar essas informações com outras pessoas online e potencialmente incitar uma guerra. [LifeHacker]

5 comentários

  • Leaf:

    Não sei se tem muito a ver com o texto. Mas tenho o costume de sempre ler os comentários, e aqueles que tem erros de português, não erros por se estar distraído ou por ter sido escrito com pressa, perdem totalmente a credibilidade para mim, inclusive paro de ler e não leio mais nada que venha daquela pessoa. Sempre passo batido por aquele comentarista quando vejo o nick.

    • Marcelo Ribeiro:

      Primeiro olha no teclado para ver se o erro ortográfico é justificado pela proximidade da letra correta no teclado, não?

    • Leaf:

      Então, é o que eu sempre faço. Quando esse é o motivo, tudo bem, todo mundo erra na hora de digitar.

  • Vera Lúcia Chiaratti:

    Puxa, fazia um tempinho já que eu não lia um artigo tão bom aqui. Eu leio tudo, geralmente gosto de tudo, sempre acrescenta um pouco de conhecimento. Mas essa matéria eu considero quase de utilidade pública, já que vemos cada coisa ai pelos sites de relacionamentos, ou mesmo nos comentários de algumas notícias, que me deixam estarrecidas com o que as pessoas escrevem, utilizando-se do fato de não estarem cara-a-cara com os “oponentes”. E até para mim, que às vezes me arrependo de uma opinião pessoal em algum post de amigos; a gente digita a primeira opinião que vem à cabeça e depois é que vai refletir sobre o assunto, em geral quando se depara com alguma opinião contrária à nossa. Aí é que vamos pensar: será que eu estou vendo ‘a coisa’ pelo ângulo certo? Ops! E por falar nisso, Ana Cláudia, “apaixonada por futebol”? (Rs…)

    • Rodrigo Pereira Serêjo:

      fui bloqueado de um grupo do face por que fiz uma postagem zoando um personagem de um jogo
      ai fica a duvida, quem foi idiota? Todos.

Deixe seu comentário!