Descubra quando os cães migraram para as Américas

Por , em 18.02.2015

Os cães (Canis lupus familiaris) chegaram às Américas apenas cerca de 10.000 anos atrás, milhares de anos depois dos primeiros migrantes humanos atravessarem o estreito de Bering.

Essa foi a conclusão de um estudo que analisou as características genéticas de 84 cães de mais de uma dúzia de locais nas Américas do Sul e do Norte.

Ao contrário de seus antecessores selvagens, os lobos, cães aprenderam a tolerar a companhia humana e geralmente se beneficiaram dessa associação. Por exemplo, ganharam acesso a novas fontes de alimentos e à segurança dos acampamentos humanos.

Os cães também foram uteis aos homens servindo como animais de carga e, por vezes, como comida, normalmente em ocasiões especiais.

A análise

Estudos anteriores de cães antigos nas Américas focaram no DNA mitocondrial dos animais, que é mais fácil de obter a partir de restos antigos do que o DNA nuclear, e é herdado apenas da mãe. Isto significa que oferece aos pesquisadores uma linhagem ininterrupta de hereditariedade.

O novo estudo, o maior do seu tipo até agora, também se concentrou em DNA mitocondrial, e incluiu cães pré-colombianos recolhidos de sítios arqueológicos como os de Illinois (EUA), British Columbia (Canadá) e Colorado (EUA).

Um sítio no sul do Illinois conhecido como Janey B. Goode fica próximo à cidade antiga Cahokia, a primeira e maior área metropolitana conhecida da América do Norte. Sua ocupação ocorreu entre 1.400 e 1.000 anos atrás.

Dezenas de cães foram cerimonialmente enterrados lá, sugerindo que as pessoas já tinham um apreço especial por esses animais.

Também em Cahokia, foram encontrados ocasionais restos queimados de cães, o que sugere que eles eram por vezes consumidos.

Os pesquisadores analisaram os sinais genéticos de diversidade e parentesco em uma região específica do genoma mitocondrial desses cães antigos, e descobriram quatro assinaturas genéticas nunca antes vistas, sugerindo uma maior diversidade do que se pensava anteriormente.

Eles também descobriram baixa diversidade genética em algumas populações de cães, o que sugere que os seres humanos da região podem ter se envolvido na criação desses animais.

Em algumas amostras, o grupo encontrou semelhanças genéticas significativas com lobos americanos, indicando que alguns dos cães cruzaram com ou foram domesticados ao lado de lobos.

Mas a descoberta mais surpreendente teve a ver com demora da chegada dos cachorros por aqui. “A diversidade genética do cão nas Américas pode datar de apenas cerca de 10 mil anos atrás”, conclui Kelsey Witt, principal autor do estudo, da Universidade de Illinois (EUA). [SciNews]

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