Emagrecimento: como o Budismo pode ajudar a perder peso

Por , em 9.02.2012

Pegue uma garfada de comida. Não interessa qual comida é, mas tem que ser algo que você ama – digamos a primeira mordida de uma macarronada deliciosa.

Agora vem a parte difícil. Tire o garfo de perto. Isso pode ser mais complicado do que você pensa, porque quando a primeira garfada é boa, logo queremos outra. Você está com fome.

A experiência atual de se alimentar está ficando cada vez mais acelerada. Mastigue devagar. Pare de conversar. Sinta a textura do alimento, o sabor, a cor do molho ou do prato, o aroma.

Continue dessa maneira no decorrer da refeição e você vai experimentar a abertura do “terceiro olho” dos prazeres e uma prática conhecida como “comer com a mente”.

O conceito tem raízes nos ensinamentos budistas. Assim como existem técnicas de meditação sentadas, em pé e andando, muitos budistas encorajam seus semelhantes a meditar com a comida, expandindo a consciência ao prestar muita atenção à sensação e ao propósito de cada refeição.

Em um exercício comum, um aluno poderia pegar três pequenas frutas, ou uma tangerina, e ficar entre 10 a 20 minutos olhando, cheirando, segurando e pacientemente mastigando.

Nos últimos tempos, esses experimentos “religiosos” passaram dos templos para locais como Harvard e a Google, na Califórnia. Na visão de alguns especialistas, o que parece ser o mais simples dos atos – comer devagar e realmente aproveitar a comida – pode ser o remédio para a incrível onda de obesidade moderna.

Comer com a mente não é uma dieta, você não precisa deixar de comer nada. Tem a ver com experimentar a comida com mais intensidade – especialmente o prazer disso. Você pode comer um hambúrguer com a mente, se quiser. Você até pode gostar ainda mais dele assim. Ou você pode sentir, no meio do caminho, que seu corpo já teve o necessário. Ou que realmente precisa de uma salada.

“Isso é antidieta”, comenta Jan Chozen Bays, pediatra e professora de meditação, autora de livros sobre o assunto. “Acredito que o problema fundamental é que ficamos inconscientes quando comemos”.

Os últimos anos trouxeram um interesse cada vez maior pelo assunto da alimentação hiperconsciente. A nutricionista de Harvard, Lilian Cheung, tem devotado muito tempo estudando seus benefícios, e está encorajando as empresas e pontos de saúde a tentar a técnica.

Com as festas de fim e início do ano novo, além do carnaval que está tão próximo, vale a pena ponderar se a ideia de comer com a mente deveria ser mais valorizada.

Michael Finkelstein, um físico holístico e especialista em jardinagem e alimentação com a mente, afirma que a questão não é quais comidas comer. “A maioria das pessoas tem um senso geral de quais alimentos são saudáveis, mas elas não estão os comendo. O que está na sua mente enquanto você come? Isso é comer conscientemente”.

No monastério Blue Cliff, em Nova York, ninguém fala durante as refeições, um dos princípios chave do comer consciente. O ponto é simplesmente comer, ao invés de conversar, assistir TV, mexer no smartpohne ou no Facebook.

O local parece completamente pacífico, mas na cabeça de alguns, um desafio é estabelecido. “É muito mais difícil do que você imagina”, afirma Carolyn Cronin, de 64 anos, que vive perto monastério e come lá regularmente. “As pessoas estão acostumadas a comer muito rápido. Essa é a prática de parar, e nós não nos damos conta o quanto nós não paramos”.

Para muitas pessoas, comer mais rápido significa comer mais. Comer conscientemente significa deixar de lado o hábito de estufar a barriga.

“Conforme praticamos isso, nos damos conta de que não precisamos comer tanto”, afirma Phap Khoi, um monge de Blue Cliff, de 43 anos. “Se nós apenas engolirmos a comida, podemos comer muito e não nos sentir cheios”.

É esse efeito da alimentação consciente – o potencial de funcionar como uma barreira para não exagerar na comida – que tem estimulado nutricionistas.

É claro que o cidadão comum não vai conseguir cumprir com a disciplina e comprometimento de um monastério. Isso tem que funcionar em casa. A sugestão dos cientistas é que as pessoas comecem com algumas etapas pequenas, sem pressa.

Considere planejar uma refeição especial por semana. Desligue a TV. Coma com pessoas que você gosta. Quando você estiver muito ocupado para se concentrar, tire três minutos, apenas, tomando goles de chá. Até mesmo comer no carro pode oferecer uma oportunidade de internalização.

Na prática

Tudo bem, nem eu nem você vivemos em um monastério budista. Mas você ainda assim pode colocar alguns pontos do comer conscientemente na sua alimentação regular.

Quando estiver comendo, apenas coma – desligue os eletrônicos. Concentre-se na comida.

Considere o silêncio – evitar uma conversa por 30 minutos pode ser impossível em algumas famílias, principalmente com crianças pequenas, mas especialistas sugerem que pelo menos no começo haja um pouco de silêncio.

Tente semanalmente – algumas vezes é impossível evitar ter que jogar a comida goela abaixo. Mas se você comer uma refeição por semana calmamente, como experiência de comer conscientemente, isso pode ajudar com o tempo.

Plante e cozinhe – qualquer coisa que ligue você ao processo de criar a comida vai aumentar muito sua consciência alimentar.

Mastigue devagar – não é fácil, mas tente diminuir, mastigando 25 a 30 vezes por garfada.

Use flores e velas – coloque-as na mesa antes do jantar. Rituais que criam um ambiente sereno ajudam a invocar “aquele momento de gratidão”.

Encontre um local budista – se você quer levar a sério, procure um local para se aprofundar ainda mais nas práticas. [NewYorkTimes]

16 comentários

  • O Anorexo:

    SEGREDO REVELADO! Como o Budismo pode ajudar a perder peso?
    Siga qualquer dieta que quiser MENOS A DE BUDA!!!

    • Jonatas:

      Devia se informar melhor. O Buda gordo é um mito ocidental. Buda não é e nem foi uma pessoa, mas sim um estado de espírito, de total conexão com o Universo. O pioneiro desse estado foi Sidarta Gautama, o primeiro a conseguir a iluminação, a chegar ao estado de Buda e passar esses ensinamentos a humanidade.

    • O Caçador de Mitos:

      Bom, eu fui informado passivamente, a informação chegou até mim por acaso. Se é um mito ocidental fui pego no meio. Desde sempre vi estátuas do Buda gordo em desenhos animados, internet, filmes e seriados de TV e não foram poucas vezes. Quando a informação está presente em vários lugares, a gente acaba entendendo que é verdade. A não ser, é claro, que seja um mito de 1/2 mundo! Daí é covardia…

      Como detesto ser iludido e também tinha interesse de saber um pouco mais, consultei algumas fontes de diferentes tipos e locais. As informações que juntei provavelmente são verdadeiras, pois foram complementares e não contraditórias entre as fontes.

      Há um grande consenso quanto ao termo “Buda” poder também ser usado para referenciar a pessoa a quem se atribui os ensinamentos que deram origem ao Budismo, Sidarta Gautama, além do estado de espírito.

      E quanto ao Buda gordo, seria um mito ocidental? Bom, ele é bem verdade lá no oriente. Seria uma imagem do Buda da China. Mas isso foi um pouco mais complicado.

      O nome dele seria Budai na China e Hotei no Japão. Na China ele seria, pelo folclore, o deus da alegria, e para certas tradições budistas de lá, o Maitreya, um importante buda “salvador” que estaria pra vir num momento de crise. No Japão seria um dos sete deuses da sorte.

      Tem diversas versões da imagem do Buda, varia conforme a cultura dos países. De qualquer modo, ficou claro que nem o Budai nem o Hotei representam o primeiro buda. Independente disso, existe o budismo na China e no Japão com suas respectivas imagens do Buda original.
      Parece que foi pela simpatia da imagem do gordinho sorridente que ela ficou mais conhecida por aqui. E por causa disso eu tenho que mudar a minha dedicatória pro Budai!
      Valeu

  • Arionaldo Carvalho da Silva:

    Esse método não funcionária comigo,por que já tenho dificudade para comer.Mas concordo se realmente foncionar, bem aplicado será uma boa para a medicina, já que o planeta tem quase 60% de obeso.

  • Carlos Alberto:

    Boa Tarde! Sou um Eterno aprendiz de uma Ciência sem Fim, estudo a Alma humana amais de quarenta anos. este processo budista tm por mérito o aperfeiçoamento do autocontrole em busca de uma vida naturalmente saudável. Eu só me alimento se tenho fome e não permito que o vício do apetite se instale, desta forma aos sessenta anos mantenho uma saúde de ferro e um peso de querenta e oito quilos com uma estrutura muscular e uma resistência de guri. tudo na nossa vida é doutrina, com ela aprendemos a ser aquilo que quisermos. Obrigado.

    • SENAM:

      Parabéns Carlos, você poderia acessar vários sites e compartilhar sua experiência contribuindo assim para o desenvolvimento de muitas pessoas e ficaria surpreso com o número de agradecimentos.

    • Carlos Alberto.:

      Bom Dia Senam! Tudo em nossas vidas são Eternas aprendizagens, como disse anteriormente. Tenho uma experiência própria vivenciada nestes sessenta anos que hoje não perco a minha identidade com os meus dezoito anos. Há um Segredo para tudo e gosto de compartilhá-lo com todos. Apesar desta palavra “Se- gredo” estar em voga, não deixa de ter a sua conota-ção por ser acessado por poucos. Todos nós já ouvi-mos a expressão como gostaria de voltar a ter dezoi-to anos com a experiência que tenho hoje, pois, Eu Sou um homem experenciado nos sessenta com uma men-te e um corpo de dezoito. Corro, jogo bola, faço exercícios diariamente, deito as duas da madrugada e levanto as seis e não sinto cansaço e no meu dia a dia sou Construtor. Tenho Dois filhos do primeiro casamento e três neto e do segundo tenho mais qua- tro, 14, 10, 8 e 4 anos cada um mais forte do que o outro e passo a eles o hábito do pensar e viver Saú-de Plena no corpo e na mente. Agradeço tuas pala- vras e gostaria sim de passar a muita gente este conhecimento para vermos uma humanidade saudável. Eu sei que é possível. Um Abraço e muita Saúde o reflexo da Luz. Carlos Barros. “Beto”.

  • Luciana:

    Não sei se ocidentais conseguem realizar esat prática.

  • Big Bang:

    Cara se eu fizer isso com a comida aqui da empresa eu posso ate morrer! Tenho q comer bem rapido antes q eu perceba!

  • Jonatas:

    O Budismo tem como uns dos seus principais fundamentos o pensamento, a apreciação momentânea do que se está fazendo e o auto-controle, e isso pode ser aplicado em muitos ramos da estressante vida cotidiana.

    Quanta gente tem que comer as pressas nessa rotina agitada e estressante do dia-a-dia? Um Xis por exemplo tem uma carga calórica bem maior que aquilo que o corpo precisa de uma refeição. E quando comido as pressas, não houve tempo suficiente para o corpo identificar quando já está satisfeito, ou seja, a pessoa agrediu seu estômago comendo mais do que precisa. Hoje em dia, as pessoas comem exageradamente mais do que precisam, porque comem até que a fome passe, e isso não está certo.
    Uma refeição leva tempo pelo sistema digestivo até que o cérebro identifique que a necessidade foi compensada, e cesse a sensação de fome automaticamente.
    Se esse tempo for dado ao corpo, se perceberá que a mesma fome que se sacia com 3 servidas comidas rapidamente se sacia com apenas uma comida calmamente.

    • Jonatas:

      Não repeti, apenas alguns pontos tive que recolocar, pra acrescentar que come-se mais do que precisa em função da maior pressa na rotina dos dias atuais, e qual a finalidade do cérebro na identificação da saciação.

    • SENAM:

      Por exemplo, eu já li que os Japoneses comem menos arroz do que nós mas pela mastigação extraem 300 vezes mais energia que nós.

  • Angel:

    A gente tem que dar ao valor ao alimento mesmo e se alimentar corretamente. O “comer com a mente” me lembra da Força Vital, o alimento não para o corpo físico, mas para o psíquico.

  • Eduardo:

    Se você “praticar” isso e comer conscientemente sem começar a vacilar muito, um relaxamento profundo nunca conhecido antes começa a surgir… Parece exagero mas “ficar entre 10 a 20 minutos olhando, cheirando, segurando e pacientemente mastigando.” ou simplesmente comer bem devagar e atento a textura e sabor dos alimentos sem ficar viajando muito no pensamento pode MUDAR COMPLETAMENTE SUA VIDA, pouco a pouco trazendo essa consciência para todas as atividades do dia

  • Ricardo:

    “um aluno poderia pegar três pequenas frutas, ou uma tangerina, e ficar entre 10 a 20 minutos olhando, cheirando, segurando e pacientemente mastigando.”

    Até 20 minutos o bife congela! kkkkk

    • Thiago:

      que parte de “pegar três pequenas frutas, ou uma tangerina” você não entendeu?

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