Implante de circuito genético poderá ser solução para obesidade

Por , em 27.11.2013

Biotecnólogos suíços inventaram um circuito regulador genético que monitora níveis de gordura no sangue. O sistema produz uma substância mensageira que sinaliza saciedade ao corpo em resposta a níveis excessivos. Testes em ratos obesos revelam que isso os ajuda a perder peso.

Atualmente, a humanidade tem um problema de peso: de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o mundo terá 2,3 bilhões de pessoas com excesso de peso e 700 milhões de obesos em 2015. O Ministério da Saúde brasileiro afirmou que a incidência de obesidade na nossa população aumentou 54% entre 2006 e 2012. Esse mal atinge, hoje, 17,1% do país.

O modo de vida moderno significa que comemos muito mal. Esse alto teor calórico ingerido não vai parar só nos nossos quadris e barriga, mas também deixa vestígios no nosso sangue. Muita gordura no sangue é considerado um fator de risco para ataques cardíacos e derrames.

A pesquisa suíça, liderada por Martin Fussenegger do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, desenvolveu um sistema de alerta e tratamento precoce: um circuito genético implantável, composto principalmente de genes humanos.

O sistema monitora constantemente os níveis de gordura que circulam no sangue. Ele possui a função de sinalizar para o corpo, em resposta a níveis de gordura elevados, que ele já está satisfeito.

Para construir este circuito regulador de alta complexidade, os biotecnólogos combinaram diferentes genes que produzem proteínas específicas e implantaram sua criação em células humanas, que, em seguida, foram inseridas em minúsculas cápsulas.

Os pesquisadores estudaram ratos obesos que tinham sido alimentados com comida gordurosa. Depois de receber as cápsulas com o circuito de regulação, os ratos obesos pararam de comer tanto e seu peso corporal diminuiu visivelmente. Conforme os níveis de gordura no sangue voltavam ao normal, o circuito de regulação deixou de produzir o sinal de saciedade.

“Os ratos perderam peso embora continuassem comendo alimentos de alto teor calórico”, enfatiza Fussenegger. “Os animais comeram menos porque o implante sinalizava uma sensação de saciedade. Os ratos que receberam ração animal normal com um teor de gordura de 5% não perderam peso ou reduziram a sua ingestão de alimentos”.

Uma grande vantagem do novo circuito é que ele pode medir vários tipos de gorduras animais e vegetais saturadas e insaturadas, ingeridas de uma só vez.

A má notícia é que o desenvolvimento não pode simplesmente ser usado em seres humanos. Levará muitos anos para se criar um sistema adequado a nós. No entanto, Fussenegger certamente pode imaginar um futuro próximo no qual pessoas obesas com índice de massa corporal maior do que 30 implantam um circuito para ajudá-las a perder peso.

Fussenegger vê o sistema como uma possível alternativa para intervenções cirúrgicas como lipoaspiração ou bandas gástricas. “A vantagem do nosso implante é que não precisa de intervenção invasiva. Outro mérito é que, em vez de interferir na progressão de uma doença, tem um efeito preventivo e explora o mecanismo de saciedade humana natural”, explica. [MedicalXpress, GazetadoPovo, Globo]

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