Veja fotos de incríveis lagos cor-de-rosa que você não vai acreditar que não foram alteradas

Por , em 14.04.2015
Lago rosa perto de Dimboola, Austrália

Lago rosa perto de Dimboola, Austrália

O nosso mundo natural apresenta alguns dos pontos turísticos mais improváveis que o universo tem para oferecer – tão improváveis, na verdade, que os mais céticos podem não acreditar que as fotografias não foram manipuladas em um computador. Algo do gênero se encaixa perfeitamente no caso destes deslumbrantes lagos cor-de-rosa.

As águas excepcionalmente coloridas parecem totalmente surreais, como se alguém tivesse derramado um enorme balde de corante alimentício nelas.

No entanto, esse é um fenômeno completamente natural. Como o que surpreendeu o explorador britânico do século XIX Matthew Flinders, que também era um navegador de renome e um hidrógrafo. Flinders parou o navio Investigator no arquipélago Recherche, na Middle Island, oeste australiano, no início de 1802. Depois de escalar o pico mais alto da ilha – que agora leva o seu nome -, Flinders olhou para baixo e viu um “pequeno lago de uma cor rosa”. Isso era algo tão incrível que Flinders escreveu a respeito no primeiro volume de seu livro “Uma Viagem à Terra Australis”. O pesquisador batizou aquelas águas de Lago Hillier, em memória a um membro da tripulação do Investigator que havia sucumbido à disenteria.

Lago Hillier

Lago Hiller

Hoje em dia, viajantes podem comprar passagens de avião para sobrevoar a área e apreciar a vista deslumbrante sobre o lago de mais de 600 metros de comprimento. O colorido fica ainda mais impressionante em função do contraste entre as árvores verdes abundantes que rodeiam a água inconfundivelmente rosa.

Mistério das algas

Ao contrário do que acontece com outros lagos cor-de-rosa, a razão exata para matiz rosada do Lago Hillier ainda não foi determinada. No entanto, acredita-se que – como acontece com muitos de seus primos em todo o mundo – as águas devem sua coloração brilhante a uma coisa em particular: algas.

Mais especificamente, a teoria é que uma alga conhecida como Dunaliella salina proporciona muitas vezes esta coloração anormal. Este micro-organismo se sente em casa em um ambiente salino. Seu inconfundível pigmento avermelhado absorve os raios do sol para gerar energia e, neste processo, torna a água ao redor rosa.

Outra possibilidade para explicar o fenômeno aponta para uma arqueia chamada Halobacteria. Muito semelhante à Dunaliella salina, estes micróbios prosperam em ambientes salgados e quando florescem dão uma cor rosada aos seus ambientes líquidos.

Outros lagos coloridos

Curiosamente, porém, nenhuma dessas teorias se aplicam ao Dusty Rose Lake em Colúmbia Britânica, no Canadá, uma vez que não é particularmente salino e nem está cheio de Halobacteria ou Dunaliella salina. Em vez disso, o lago recebe o seu tom de morango das características das rochas que o circundam.

Lago Dusty Rose, no Canadá

Lago Dusty Rose, no Canadá

Enquanto estas maravilhas que ocorrem naturalmente são paradas peculiares para turistas curiosos, elas também podem fornecer um meio de vida para muitos dos habitantes da área imediatamente ao redor. No Senegal, por exemplo, o Lago Retba tem ajudado os moradores a ganhar a vida por décadas.

O Lago Retba está certamente entre as atrações mais incomuns da África Ocidental. De fato, até recentemente, era a última parada no famoso Rally Dakar – a capital do Senegal fica apenas a cerca de 20 km ao sudoeste do lago rosa. Além de ser um local de interesse, no entanto, o Retba é também um local que abriga trabalho árduo: cerca de 3 mil pessoas escavam sal no lago antes que o mineral seja enviado para longe.

Lago Retba

Lago Retba

Fonte de renda e trabaho pesado

Estes “pescadores” de sal esfregam manteiga de karité em sua pele para se proteger contra os efeitos potencialmente nocivos da exposição prolongada à água salgada. O teor de sal de até 40% do lago também é um bônus para os turistas que visitam, já que isso possibilita uma rara oportunidade de flutuar sem esforço sobre a água.

Com glorioso céu azul em cima e pilhas de sal branco ao longo da costa de um mar de rosa, a cena no lago Retba se assemelha a algo de “Alice no País das Maravilhas”. Ainda assim, longe de fantasia, o trabalho que os mineiros de sal realizam é difícil.

Muitos mineiros passam até 12 horas, dia sim, dia não, empurrando a base do lago com bastões para extrair o mineral. Depois de soltar o sal, os trabalhadores pulam na água, recolhendo os frutos do seu trabalho até seus barcos. Em seguida, uma vez que a “pesca do dia” está em terra, ela é examinada antes de ser vendida por aproximadamente US$ 50 (cerca de R$ 150 atualmente) por tonelada. O sal também é usado para manter frutos do mar frescos e sem estragar – da mesma forma que fazemos com carne seca.

Um tanto perversamente, foi dito que a mineração do lago na realidade ajuda a protegê-lo. Devido à sua alta salinidade, a água tem tendência a evaporar mais rapidamente. A retirada regular do sal, então, torna o lago menos propenso a desaparecer. Na verdade, os nativos acreditam que o Lago Retba teria desaparecido há muito tempo se as operações de mineração não tivessem começado.

Lagoa Hutt, Austrália

Lagoa Hutt, Austrália

Não tão inacessíveis

A natureza quase sobrenatural dos lagos cor-de-rosa pode levar à suposição de que eles são raras maravilhas que só os mais intrépidos exploradores conseguem acessar. Até certo ponto isso é verdade, já que o Lago Masazir, no Azerbaijão, e o Lago Dusty Rose, no Canadá, por exemplo, estão entre os menos acessíveis destes lugares inacreditáveis.

Lago Masazir

Lago Masazir

Contudo, em um ambiente surpreendentemente mais urbano estão as Las Salinas de Torrevieja – os maiores lagos de sal da Europa, que encontram-se ao lado da cidade costeira espanhola de Torrevieja. Curiosamente, estes lagos cor-de-rosa também são resultado da área ter um microclima extraordinariamente saudável – a abundância relativa de sal combinada com temperaturas amenas e condições meteorológicas particularmente agradáveis.

Além disso, embora o teor de sal nos lagos espanhóis seja muito alto para a maioria da vida marinha, as massas de água contêm camarões de água salgada, além de micro-organismos que amam o sal. Isso não tem impacto sobre o potencial lucrativo dos lagos; a extração de sal vem ocorrendo em Las Salinas de Torrevieja desde os anos 1300 e continua até hoje.

Las Salinas de Torrevieja

Las Salinas de Torrevieja

Além do mais, há uma abundância de vida selvagem para ser apreciada ao redor da área das salinas de Torrevieja. Cerca de 2 mil flamingos foram avistados na reserva natural que as rodeia e inúmeras outras espécies de aves e animais também estão presentes.

Como regra geral, estas maravilhas coloridas do mundo natural são relativamente raras, com apenas algumas conhecidas em todo o globo. E aqueles sortudos o suficiente para se deparar com elas devem se lembrar que, por mais que pareçam um delicioso milk shake de morango, são mais salgadas do que o mar. [Scribol]

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