Inge Lehmann: geodesista que desvendou o núcleo da Terra é homenageada com Google Doodle

Por , em 13.05.2015

Inge Lehmann é a mais nova homenageada do Google. A geodesista e sismologista dinamarquesa é conhecida por ter descoberto a consistência do núcleo do planeta Terra – daí o formato do Doodle de hoje. Em 13 de maio de 2015, se estivesse viva, Inge faria 127 anos.

A principal contribuição de Inge Lehmann

A cientista revolucionou o estudo da sismologia. Através da análise de dados sísmicos, ela afirmou que o centro da Terra não era constituído apenas de material fundido, como se acreditava até então. Ela também disse que um núcleo interior existia, e possuía propriedades físicas diferentes das do núcleo externo.

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Esta afirmação foi bem aceita na época, já que não havia outra hipótese para explicar as ondas P criadas por terremotos, que diminuíam sua aceleração quando alcançavam determinadas áreas do centro da Terra.

Vida e obra

Inge Lehmann nasceu e cresceu em Østerbro, uma área de Copenhague, e frequentou uma escola pedagógico-progressiva liderada por Hanna Adler, uma tia de Niels Bohr. Essa escola tratava meninos e meninas do mesmo modo, fato inédito no início do século 20. Adler e seu pai, um psicólogo experimental, foram as duas influências mais significativas na vida de Inge.

Mais tarde, a cientista passou pelas Universidades de Copenhague e Cambridge e tornou-se assistente do geodésico Niels Erik Nørlund. Por fim, atuou como geodésica e chefe do departamento de sismologia do Instituto Geodésico da Dinamarca, dirigido por Nørlund.
Foi em 1936 que publicou o trabalho científico que a destacaria, sugerindo a existência de uma descontinuidade na estrutura sísmica da Terra, correspondente a uma região que dividiria o núcleo terrestre uma parte interna e outra externa.

Em 1953, Inge Lehmann foi para o Estados Unidos, onde passou vários anos trabalhando com Maurice Ewing e Frank Press em investigações na crosta e no manto superior da Terra. Durante este tempo, ela descobriu outra descontinuidade sísmica a uma profundidade que varia entre cerca de 190 a 250 km, normalmente referida como “descontinuidade Lehmann” em homenagem à cientista.

inge lehmann ()

“Mestra de uma arte negra”

Inge tinha uma personalidade forte e era muito conhecida e respeitada em seu meio. Ao receber um prêmio da American Geophysical Union em 1971, o professor Francis Birch, em seu discurso, disse: “A descontinuidade Lehmann foi descoberta através de exigente escrutínio dos registros sísmicos por uma mestra de uma arte negra para a qual nenhuma quantidade de informatização deverá ser um substituto completo”.

Inteligente e progressista, Inge não tinha muita paciência com colegas de menos talento. Costumava “protestar” contra os homens incompetentes com quem tinha que lidar por toda a sua carreira (ela chegou a reclamar disso em voz alta quando era chefe do instituto dinamarquês, no que ficou conhecida como uma de suas explosões feministas mais notáveis). [Heavy]

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