Como o núcleo da Terra se formou?

Por , em 15.10.2013

Embora não seja fantástico como nas descrições feitas por Júlio Verne em seu livro “Viagem ao Centro da Terra”, o núcleo do nosso planeta não deixa de ser surpreendente – e teorias sobre suas origens dividem cientistas há décadas.

Recentemente, contudo, pesquisadores da Universidade de Stanford (EUA) recriaram (em pequena escala, claro) as condições de pressão e temperatura da Terra antiga, e os resultados deram força a um lado do debate.

“Nós sabemos que a Terra tem hoje um núcleo e um manto diferenciados. Com tecnologias em desenvolvimento, podemos olhar sob uma nova ótica os diferentes mecanismos por trás desse fenômeno”, destaca a pesquisadora Wendy Mao, principal autora do estudo.

Teorias em choque

Sabe-se que o interior do planeta é dividido em camadas com diferentes tipos de densidade, temperaturas e composições. O debate surge a respeito de como aconteceu essa diferenciação, e existem pelo menos duas grandes teorias.

A primeira diz que a colisão e o decaimento de certos materiais radioativos aqueceu a Terra a tal ponto que suas rochas e metais começaram a derreter, resultando em uma espécie de “oceano de magma” que se resfriou camada por camada, por conta das diferentes densidades de seus componentes. Nisso, o ferro teria “afundado”, enquanto os silicatos teriam se deslocado à superfície.

Já a segunda defende que o ferro teria derretido e atravessado gradualmente a camada sólida de silicatos graças a um fenômeno chamado percolação (parecido com o que acontece com um café que passa pelo filtro da cafeteira), através de túneis.

Por muito tempo, a primeira hipótese foi mais aceita. A da percolação não tinha tanta força porque análises mostravam que o ferro fundido tende a se aglomerar em grandes “gotas” que não interagem entre si, diminuindo as chances de atravessar a camada de silicatos.

O estudo feito na Universidade de Stanford mudou o jogo.

A Terra primitiva… no laboratório

Mao e sua equipe colocaram pequenas quantidades de ferro e silicato entre duas pontas de diamante e, além de aplicar uma forte pressão, aqueceram a mistura com laser, reproduzindo o “magma” que supostamente existia na Terra.

Depois que o material resfriou, eles o analisaram com microscópios e equipamentos de tomografia. Resultado: o ferro de fato tendia a se acumular em “bolhas”, mas, por outro lado, a pressão modificava a camada de silicato também, formando canais que poderiam permitir a percolação.

Ainda é cedo para afirmar com segurança como a parte interna da Terra se formou, mas as evidências mais recentes apontam que, talvez, as duas principais teorias estejam corretas. [ScienceDaily]

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