Físicos criam o “buraco negro da urina”

Por , em 27.11.2015respingos mictório

Boa notícia para os homens vestidos de caqui que são atormentados pelas gotas de xixi que respingam do mictório (especialmente quando estão inspirados/apertados). Os físicos podem ter encontrado o melhor projeto de supressão para os mictórios, o que faz com que a urina entre em uma espécie de buraco negro. A grosso modo: a urina que entra, não sai de jeito nenhum. Nem se quer uma gota.

Nem um chorinho?

Não, nada.
O interessante é que este problema existe desde que o mundo é mundo. Quando não eram as calças cáqui, que ficaram muito na moda no século 19, eram, hã, os sapatos. E antes disso, os pés descalços.

Brincadeiras à parte, não posso (por motivos de: sou mulher) falar com a maior propriedade do mundo, mas imagino de verdade que as manchas de xixi devam ser motivo de constrangimento entre os homens. Especialmente aquelas causadas por respingos de mictório. Tanto que este é justamente o começo do artigo sobre a “dinâmica do respingo”, escrito por Tadd Truscott, diretor do Laboratório Splash da Universidade do Estado de Utah, nos Estados Unidos, e seu aluno de pós-graduação, Randy Hurd.

Hurd apresentou seus resultados no início desta semana em uma reunião da divisão da sociedade física americana de Dinâmica de Fluidos, em Boston – nos Estados Unidos.

Tá, mas como evitar os pentelhos respingos?

Vamos ao que interessa. Em 2013, quando o Laboratório Splash ficava alocado em outra universidade, os pesquisadores fizeram uma espécie de “cartilha de boas práticas”, com dicas que, bem, quem tem um punhado de bom senso sabe bem do que se trata.
Por via das dúvidas, vamos repassar.

Dica 01: sentar no vaso

mictório respingo

Esta é apontada como a melhor técnica, uma vez que há menos distância para o xixi para cobrir em sua jornada até a água. Uma pesquisa informal entre conhecidos homens revelou um número surpreendente que têm utilizado este método – que inclusive não exige o uso das mãos – como preferido. Alguns dizem que legal inclusive porque dá para mexer no celular ao mesmo tempo. Então, antes de sair gritando por aí que fazer xixi sentado é uma heresia, pense que, sim, pode haver benefícios interessantes.

Dica 02: Fique o mais perto possível do mictório

Se você optar pela técnica clássica de ficar em pé, os cientistas recomendam que você fique o mais perto possível do mictório, e tente direcionar o fluxo do xixi em um ângulo para baixo e em direção a parte de trás do mictório. Isso vai produzir menos respingo de volta.
Fato é que nem todo homem tem boas técnicas para evitar respingos. Aliás, alguns inclusive parecem aceitar o desafio exatamente contrário: fazer a maior quantidade possível de respingo. Quem aí do outro lado da tela é mulher e frequenta banheiros unissex sabe bem do que estou falando.

E agora, quem poderá nos ajudar? Truscott e Hurd

A dupla de pesquisadores voltou para o mesmo Laboratório Splash e resolveu focar em soluções não mais humanas – mas sim em algo que pudesse resolver o problema do respingo a partir do mictório.

Então, Truscott e Hurd voltaram sua atenção para identificar o design ideal que iria acabar com o respingo de xixi até mesmo para os homens com a pior mira de todas.

Qual foi a solução?

Hurd olhou para lotes de projetos diferentes e descobriu que eles se encaixavam em três grandes categorias. A primeira se baseia em um pano absorvente para manter um mínimo de respingos. No entanto, esses tecidos não podem absorver o líquido rapidamente, e em pouco tempo, se forma uma grande poça de urina – o que só agrava o problema.

A segunda categoria que ele identificou adota um tipo de estrutura semelhante a um de favo de mel: uma camada levantada (sustentado por pequenos pilares) com furos, para que as gotas passem, mas o respingo não volte para o cara. Estes mictórios funcionam bem, de acordo com Hurd e Truscott, mas eles geralmente não são suficientemente elevados e crian piscinas de urina. Eca. Mil vezes eca.

E a terceira categoria que ele identificou é caracterizada por uma série de pilares que parece funcionar melhor, mas tem o mesmo problema que a segunda: os pilares não são altos o suficiente para evitar os respingos.

Mijo para tudo quanto é lado

Truscott e Hurd, então, ponderaram como melhorar o design destes pilares e encontraram inspiração parcial em um certo tipo de musgo superabsorvente (Syntrichia caninervis) que prospera em climas muito secos, e, portanto, é muito bom em coletar e armazenar água.

Eles tinham acabado um artigo sobre as minúsculas estruturas únicas deste musgo que o tornam tão eficiente no que diz respeito à capacidade de absorver gotas preciosas de névoa e nevoeiro para se manter vivo.

Este musgo também é suficientemente esponjoso para absorver a água com muito pouco respingo. De acordo com os cientistas, sua estrutura permite que as gotículas afundem profundamente ao redor da gota para reduzir a quantidade de espirro e aumentar a capacidade de absorção.

Que tipo de material pode imitar as propriedades superabsorventes do musgo?

Eles ficaram intrigados com o potencial, foram atrás de respostas e encontraram algo intrigante chamado “vantablack”.

A substância consiste em uma (relativamente) alta floresta de nanotubos de carbono em que a luz pode entrar, mas não sai. Olhando fotos deste material ele parece muito estranho, pois não refletem a luz de forma alguma. Então, os cientistas pensaram que se ele funciona com a luz, talvez pudessem encontrar condições que o fizessem funcionar com gotas de xixi.

É um análogo do buraco negro, em outras palavras.

Assim, a estrutura de mictório criada por Hurd e Truscott emprega uma estrutura semelhante.
Eles simularam o xixi com gotas de água indo a diversas direções (para ser bem realista, não é mesmo?) e em diversas matrizes de amostra, variando a altura do pilar e o espaçamento, entre outras variáveis, a fim de encontrar a combinação perfeita para evitar 100% de respingos.

Em última análise, explorando a física do impacto das gotas sobre o mictório, eles conseguiram eliminar o respingo. Estamos aqui torcendo (e muito) para que esta solução chegue de uma vez por todas ao mercado e seja mais uma daquelas invenções que a gente olhe e diga: “minha nossa, como é que ninguém tinha pensado nisso antes?!”. [gizmodo]

1 comentário

  • Renato Rodrigues:

    Vantáblack? Caríssimo. Proibitivo para roupas, sendo usado em mictórios? Difícil, não? 3 km de notícia pra isso… -___-

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