Mito ou realidade: check-ups médicos são bons para você?

Por , em 22.10.2012

Um estudo dinamarquês descobriu que check-ups médicos anuais não ajudam a prevenir doenças ou identificá-las precocemente para melhorar as chances de tratamento. Na verdade, podem simplesmente causar estresse extra.

O estudo do Centro Nórdico Cochrane, em Copenhague, na Dinamarca, se baseou na análise de 14 pesquisas de longo prazo (com acompanhamento médio de nove anos) envolvendo 182.880 pessoas (incluindo 11.940 mortes), dentre as quais algumas fizeram exames de saúde gerais regularmente e outras não.

Conclusão: nove dos estudos não encontrou diferenças no número de mortes durante o período de estudo entre os grupos, incluindo mortes por doenças cardíacas ou câncer, duas das condições mais comumente avaliadas durante esses exames gerais.

No geral, a análise não encontrou nenhuma diferença em internações hospitalares, encaminhamentos especializados, visitas adicionais ao médico, licenças de saúde, etc, entre os grupos. Isso sugere que as pessoas que fizeram exames médicos anuais não tiveram uma melhor taxa de diagnóstico de doenças, que é o que se esperaria.

No máximo, um dos estudos encontrou um aumento de 20% nos diagnósticos entre aqueles que fizeram exames de saúde mais frequentes.

Alguns outros estudos registraram um aumento no número de participantes que tomavam medicamentos para hipertensão, por exemplo (que é um fator que influencia doenças cardíacas), mas o uso desses medicamentos não se traduziu em melhores resultados de saúde.

“A partir dessas evidências, concluímos que convidar os pacientes a fazer exames de saúde gerais é provavelmente pouco benéfico”, disse o pesquisador Lasse Krogsbøll.

Os resultados não significam que a prevenção é inútil, só que a oferta de exames para a população geral de adultos não parece acrescentar benefícios. Além disso, potenciais malefícios são o sobrediagnóstico (diagnóstico e tratamento sem benefício de sobrevivência) e a transformação de pessoas saudáveis em pacientes, o que pode afetar a forma como eles se veem.

Paradoxo

Historicamente, exames gerais incluem exame físico, exame de sangue e às vezes cardiogramas. Fazer check-ups regulares deveria ajudar as pessoas a descobrir doenças em seu estágio inicial, melhorando sua expectativa de vida.
Aparentemente, isso não acontece. Por quê?

Em um exemplo clássico, muitos estudos já mostraram que mamografias regulares podem não ser benéficas. Muitas vezes os números de falsos positivos são significativos e, no final, ao invés de detectar câncer de mama, os exames só causam tensão física e emocional. Tanto que médicos e grupos de saúde chegam a recomendar que as mulheres esperem até a idade de 50 (não 40) para fazer mamografias anuais.

Essa recomendação não serve para aconselhar médicos a interromperem exames se eles acreditam que um paciente tem um problema de saúde, mas sim que check-ups sistemáticos podem não fazer sentido.

Exames específicos, não gerais

Segundo cientistas, é muito melhor que o médico passe mais tempo com o paciente, descobrindo seu estilo de vida, histórico familiar, condições de saúde, para pedir exames específicos para doenças que os pacientes podem estar em verdadeiro risco.

Inicialmente, isso pode exigir um investimento maior de recursos, mas, no futuro, pode significar menos gastos (já que exames regulares também custam muito aos bolsos de órgãos públicos e privados de saúde, e muitas vezes se mostram desnecessários).

Outro problema é que as pessoas com tendência a se submeter a exames regulares de saúde já são mais propensas a cuidarem da sua saúde, então não são as que se beneficiariam mais de exames anuais.

Especialistas sugerem que os profissionais de saúde devem se concentrar em ver o paciente mais vezes e pedir testes direcionados para fatores de risco específicos de acordo com sua idade, sexo, histórico, etc. [CBC, BBC, CNN]

1 comentário

  • Dinho01:

    Ahmtá!Só se for na Dinamarca.Aqui você já se dá por agradecido se conseguir marcar um exame pelo SUS e os planos de saúde cada vez mais lotados.

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