Nova droga pode remover memórias ruins durante o sono

Por , em 18.10.2012

Segundo um estudo da Universidade Stanford (EUA), memórias traumáticas podem ser manipuladas durante o sono para remover ou diminuir respostas de medo causadas por elas.

Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) é uma doença psicológica bem conhecida que ainda não tem tratamento eficiente.

Quando uma pessoa passa por um evento traumático (digamos, uma explosão), ela pode desenvolver a condição e começar a ser atormentada pela lembrança do acontecimento; pior: qualquer visão ou barulho que lembre o evento (como o estouro do escapamento de um carro) pode causar uma resposta de medo.

Atualmente, um dos tratamentos mais usados para TEPT é terapia em consultório psiquiátrico, em que a pessoa precisa relembrar do trauma original para superá-lo. Ao falar sobre ele e ser exposto repetidamente à memória, os especialistas esperam que as pessoas percam o medo. Isso geralmente funciona, mas a maioria dos pacientes relapsa, ou seja, volta a ter respostas de medo eventualmente.

Os pesquisadores acreditam que isso ocorra porque as técnicas estão muito ligadas ao consultório médico e não são aplicadas ou generalizadas no mundo exterior. Por isso, diversos estudos têm procurado uma forma mais “permanente” de apagar a memória ruim ou remover a resposta de medo diretamente do cérebro das pessoas.

Dormiu, esqueceu

Essa não é a primeira vez que pesquisadores procuram um jeito de apagar memórias. O novo estudo se baseou na pesquisa emergente que sugere que o sono tem uma configuração única interessante para manipular lembranças.

Os cientistas treinaram ratos para temerem o cheiro de jasmim, fazendo com que eles cheirassem baforadas de acetato de amilo ao mesmo tempo em que levavam fracos choques elétricos nos pés.

Após 24 horas, os ratos congelavam (uma resposta clássica ao medo) quando sentiam o mesmo cheiro, mesmo que não levassem choque.

Em seguida, os pesquisadores separaram os ratos em dois grupos. Um grupo recebeu o tratamento convencional, chamado de “terapia de extinção”: foi exposto repetidamente ao aroma, sem o choque. O medo se dissipou, mas retornou quando esses ratos foram colocados em ambientes diferentes da onde tinham feito a terapia.

O outro grupo recebeu um tratamento medicamentoso durante o sono, para bloquear a síntese de proteínas da amígdala basolateral, a parte do cérebro que supostamente armazena memórias ruins, enquanto cheiravam o perfume de jasmim. Quando acordaram, o medo tinha diminuído, mesmo quando eles foram colocados em outro ambiente.

Os resultados mostram que, com a administração da droga, as memórias de medo são menos propensas a ressurgir após a terapia.

“Eu acho que o remédio causa uma reativação dos mesmos neurônios que codificam as informações durante o período que estamos acordados”, diz Gina Poe, pesquisadora do sono na Universidade de Michigan (EUA). Ela suspeita que a droga não permite que a memória volte a ser armazenada da mesma maneira como foi antes.

Por enquanto, essa exata droga de síntese de proteínas não seria segura para uso em humanos. Porém, medicamentos antiansiedade existentes no mercado poderiam ter efeitos similares, se tomados durante o sono e baseados em terapia de exposição.

Embora o conceito de “apagar memórias durante o sono” tenha sido comprovado, futuras pesquisas serão necessárias para desvendar os mecanismos celulares de tratamento e aprovar um remédio para comercialização.[POPSCI, Nature]

1 comentário

  • Evelyn Luz:

    Semprei pensei num modo de apagar coisas ruins da mente. Finalmente surgiu. Pena que não poderei usar nem tão cedo.

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