O misterioso povo Pirarrã e o idioma mais estranho do mundo

Por , em 16.07.2013

Eles não sabem contar, não diferenciam cores, não conhecem arte ou mitos, não entendem ficção, não acreditam em nenhum deus. Vivem no agora, sem futuro, sem passado. Esses são os pirarrãs: 150 a 350 índios que vivem na selva amazônica e desafiam nosso entendimento da linguística moderna.

Os pirarrãs ou piraãs, também chamados de pirahãs ou mura-pirahãs, são um povo indígena brasileiro de caçadores-coletores, monolíngues e semi-nômades, que se destacam de outras tribos pela diferença cultural e linguística.

Eles habitam as margens do rio Maici, afluente do rio Marmelos ou Maici, que por sua vez é um afluente do rio Madeira, um afluente do rio Amazonas. Se autodenominam hiaitsiihi, categoria de seres humanos ou corpos que se diferenciam dos brancos e dos outros índios.

Antes mesmo de nascer, ainda no ventre materno, os pirarrãs recebem um primeiro nome, que eles acreditam ser responsável pela criação de seus corpos. Durante a vida, recebem nomes de seres que habitam camadas superiores e inferiores do cosmos, responsáveis pela criação de suas almas e destinos, e também de inimigos de guerra.

Linguagem

A língua pirarrã é um língua da família linguística mura. É a única língua do grupo mura ainda não extinta, sendo que todas as demais desapareceram nos últimos séculos. Essa língua não tem nenhuma relação com qualquer outra língua existente. Havia cerca de trezentos e cinquenta falantes em 2004, distribuídos em oito aldeias ao longo do rio Maici.

Apresenta características peculiares, não encontradas em outras formas de expressão oral. Foi identificada e teve sua gramática elaborada em 1986 pelo linguista estadunidense Daniel Everett em cerca de doze artigos. Everett viveu entre os Pirarrã por sete anos, dos anos 1970 aos 1980.

Entre suas peculiaridades, destacam-se:

  • Uma das menores quantidades de fonemas entre os idiomas existentes. Identificam-se os sons de apenas três vogais (A, I e O) e seis consoantes: G, H, S, T, P e B;
  • A pronúncia de muitos fonemas depende do sexo de quem fala;
  • Apresenta dois ou três tons, quantidade discutida entre estudiosos;
  • O falar pirarrã pode ser expresso por música, assobios ou zumbidos (como “M” com lábios fechados);
  • Apenas alguns dos homens, nunca mulheres, conseguem se expressar em nheengatu ou em português;
  • Sentenças muito limitadas, sendo o único idioma sem orações subordinadas;
  • Não tem numerais, apenas a noção do unitário (significando também “pequeno”) e de muito. Sua cultura e seu modo de vida, como caçadores e coletores, não exige conhecimento de numerais (um trabalho recente de Everett indica que a língua não trata nem mesmo de “um” e “dois”; não usam números, mas quantidades relativas);
  • Não há palavras para definir cores, exceto “claro” e “escuro”, embora isso seja discutido entre diversos autores;
  • Tudo é falado no presente, não há o tempo futuro, nem o passado. Trata-se de um povo, portanto, sem mitos da criação;
  • Não tem termos que identifiquem parentesco, descendência. A palavra para Pai e Mãe é uma única;
  • Os pronomes pessoais parecem ter-se originado na língua nheengatu, uma língua franca de origem tupi.

Daniel Everett: sete anos entre os Pirarrãs

Entre as coisas que separam os homens dos outros animais, estão as sutilezas da linguagem. Os animais até são capazes de transmitir mensagens simples – em geral relacionadas a comida, sexo ou disputa de território –, porém não conseguem encaixar uma mensagem dentro de outra.

Por exemplo, um golfinho treinado pode transmitir a mensagem “A bola está na piscina” ou “Pegue a bola”, mas não é capaz de juntar as duas expressões dizendo “pegue a bola que está na piscina”. Esse é um atributo exclusivamente humano que os linguistas chamam de recursividade – que, salvo casos de deficiência mental, é considerado um denominador comum a todos os indivíduos da nossa espécie.

O que aconteceria se um grupo humano não dominasse isso? Essas pessoas seriam menos humanas que outras?

O pesquisador americano Daniel Everett chegou à tribo na década de 1970 como um missionário cristão com a missão de converter os índios. Nunca conseguiu. Everett fazia parte de uma organização internacional que espalha a palavra de Deus por meio da tradução da Bíblia para línguas sem escrita. Mas foi a falta da tal recursividade que ele identificou nos indígenas que o pôs em conflito com seus colegas linguistas.

Ele diz que os índios não são recursivos pelo que chamou de “Princípio da Experiência Imediata”. O nome é mais complicado do que a coisa em si: os pirarrãs só vivem e falam do aqui-agora. Fazem apenas sentenças relacionadas ao momento em que estão falando, aos fatos vistos por eles. “As sentenças dos pirarrãs contêm somente situações vividas pelo falante ou testemunhadas por alguém vivo durante a vida do falante”, define Everett em um de seus artigos. Por isso eles têm problema com as abstrações e tudo o que resulta delas: cores, números, mitos, ficção e a bendita recursividade. Também é isso que faz com que os pirarrãs, ao contrário de todas as outras comunidades linguísticas já estudadas, não aprendam a contar em outro idioma. “Eles não querem saber de nada que esteja fora do seu mundo”, afirma Everett.

Outros linguistas rebatem: “A contagem ‘1, 2, bastante’, por exemplo, é típica de vários outros indígenas”, afirma Maria Filomena Sândalo, linguista da UNICAMP (Campinas, Brasil) que fez sua dissertação de mestrado sobre a tribo. “Isso não quer dizer que eles não reconheçam quantidades. Eles simplesmente fazem recortes diferentes da realidade, como qualquer outra língua”.

A professora argumenta que, enquanto esteve com os pirarrãs, encontrou uma linguagem tão complexa e recursiva como qualquer outra. Ela interessou-se pela questão pirarrã e, junto com dois outros pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA) e da Universidade Harvard (EUA), analisou os dados colhidos por Everett. Em 2007, o grupo publicou um artigo concluindo que a língua é normal. “Ela não é inexplicável ou especial. É tão interessante quanto uma língua de qualquer outro lugar do mundo. Não tem essa história de experiência imediata ou falta de recursividade”, diz a professora.

O linguista e filósofo estadunidense Avram Noam Chomsky, um dos maiores ícones dessa ciência, argumenta que os pirarrãs não são um “contra-exemplo” à gramática universal (termo usado no último século para a teoria do componente genético que habilita os humanos a se comunicar). Como os pirarrãs não são diferentes geneticamente do resto da humanidade, não há nada de extraordinário aí.

Cultura e crença

Os pirarrãs concebem o tempo como uma alternância entre duas estações bem marcadas, definidas pela quantidade de água que cada uma possui: piaiisi (época da seca) e piaisai (época da chuva). O modo de vida é simples, baseado em caça, coleta e pesca, sem traços de prática agrícola.

Outra questão curiosa dos Pirarrãs é a ausência de uma ideia criacionista, algo literalmente único entre povos de cultura primitiva. Eles não acreditam em nada que não possa ser provado, visto ou sentido. Logo, não possuem quaisquer deidades ou mitos de criação, e para eles o céu e a terra sempre existiram. No entanto, acreditam em espíritos menores na forma de coisas no ambiente, segundo experiência pessoal de alguns, e tem uma ideia de cosmologia baseada em camadas existenciais, sendo eles corpos em uma delas (hiaitsiihi).

Enquanto viveu entre eles, o missionário Daniel Everett tentou evangelizar a tribo. Segundo ele, os indígenas perderam o interesse em Jesus quando descobriram que Everett nunca o viu de fato. Seu constante contacto com este tipo de pensamento acabou o transformando. “Os pirarrãs me modificaram profundamente. Eu era um missionário que evangelizava e hoje sou ateu”, disse. [superinteressante, GoldenMAP, pib.socioambiental]

37 comentários

  • Thiago Liberato Lentini:

    Matéria interessante, mas já na primeiro parágrafo me vem com etnocentrismo e preconceito:
    “Eles não sabem contar, não diferenciam cores…”

    • Cesar Grossmann:

      Por que etnocentrismo e preconceito, Thiago? Eles realmente não sabem contar, e não fazem diferenças entre cores. Estes são fatos e você pode verificar o estudo antropológico que verificou isso.

  • João Carlos Amorim:

    \uma coisa que me intriga neste povo indígena as fotos comprovam, onde arrumaram tecido para suas vestes?

    • Marcelo Ribeiro:

      Contato com a civilização.

  • Tiago Cavalcante:

    Muito bom o texto e é realmente muito interessante o povo pirarrã.

  • Vando Juvenal:

    Quero saber se posso ser preconceituoso contra o Everett e sua mudança, e também gostaria de limitar o debate ao aspecto opiáceo popular.

  • Gustavo:

    Eu penso exatamente como esse povo pensa em relação à religião.

  • Talita da Silva:

    Eu achei interessante pois sou agnóstica e entendo o seu texto.

  • Pedro Jardim:

    Eu não vejo problema algum na matéria. O único problema para esta matéria são as pessoas que a analizam sob a ótica do dogmatismo religioso. Na realidade fiquei muito interessado em conhecer sobre estes povos, e é o que os críticos deveriam fazer, procurar conhecer os Pirarrãs para depois disso criticas. Não é possível criticar sem embasamento.

  • jab:

    O que mais me chamou a atenção nessa matéria foi o fato do missionário ter desistido de sua fé por causa desses aborígenes. Analisando só esse fato em si …que fé pequena esse cara tinha! Acho que a falta de convicção dele é que não ajudou a convencer os nativos. E eles perceberam isso em 7 anos.

    • Priscila Bezerra:

      Concordo plenamente com Jab…. Que fé era essa? Ele foi evangelizar e acabou “evangelizado”. Acredito que ele tem muito a descrever pelo tempo que viveu com os índios mas em relação a fé ele não é o mais indicado a descrever, pois ele atravessou o abismo entre a pesquisa e o próprio eu.

    • Waltenydsam Câmara:

      Fé pela fé é só um modo de ignorancia seletiva.

    • Alexandre Monteiro Gonzaga:

      Você subestima os índios, visão preconceituosa!!

    • Carlos Humberto Pereira:

      Você está tomando por base o que todos os religiosos pensam que é que sua fé está certa e a dos outros estão erradas.

    • Henrique Vaz:

      Na minha opinião, ele caiu na real.

  • edinardo neves:

    a melhor matéria que eu já li.

  • Gustavo Moraes:

    Um povo tão primitivo, mas que ainda sim não está contaminado de forma tão forte pelo comodismo da crença cega e que dá valor para provas concretas. É um processo que deveria ser simples, mas ainda hoje ameaça a comodidade de muitos letrados por aí.

    • Maria Da Gloria Glorinha:

      Concordo com sua leitura desse povo, não precisam de uma “crença cega” e sim de “fatos concretos” . Precisamos despir-nos de bengalas.

  • Jonatas Almeida da Silva:

    Caros leitores

    Quando pesquisei esses índios, também notei nas referências certas incoerências entre “não crer o que ão pode ser provado”, e o “ter uma cosmologia existencial e uma espiritualidade”.
    Mas era meu compromisso fazer a reportagem com todos as referências encontradas, referências essas que vocês mesmos podem verificar ao final do artigo.

    Em minha opinião
    “lembre que opinião, como fazemos no comentário, eu não posso pôr no artigo e me manifestar em primeira pessoa”
    A espiritualidade piranrrã lembra a budista, encarando o mundo espiritual mais com uma visão abstratista do que literal, por isso é tão difícil evangelizar-los, pois o cristianismo é excessivamente literal sobre algo abstrato, uma crença.

    Eu nunca tive a intensão de fazer uma crítica religiosa, tudo que está apresentado aí são fatos, as citações do próprio Everett.
    Eu até considero que as religiões antigas ajudaram a humanidade a se desenvolver, através do princípio da cultura, desenvolvimento da arte, da escrita, da filosofia e posteriormente a própria ciência.

  • Jeann Farias:

    Texto bastante tendencioso, “Ateismo messianico”? O titulo nao condiz nada com o texto! cade a comparacao, cade a gramatica? O que tem de diferente no idioma? Meus parabens ao autor, falou, falou e falou, e no fim, nao disse nada.
    E uma culher de cha para os ateus “No entanto, acreditam em espíritos menores na forma de coisas no ambiente, segundo experiência pessoal de alguns, e tem uma ideia de cosmologia baseada em camadas existenciais, sendo eles corpos em uma delas (hiaitsiihi).” eles acreditam em atomos e em alma ao mesmo tempo, por que nao acreditar, somos tao inferiores assim ou so burros mesmo?

    • Jonatas Almeida da Silva:

      Meu amigo, conclusões existem em dissertações e teses, não em reportagens – o objetivo é apenas informar, foi isso que o texto fez – informou, de forma resumida as peculiaridades de um povo – sendo a maior delas a linguagem, o centro do conteúdo do texto está direcionado a isto, e se não informou o suficiente vai ali nas referências e pega mais informação.
      E não sei o que você esperava que eu dissesse, o objetivo do artigo é informar… não “falar”.
      Existe um texto central inteiro e uma listagem falando das peculiaridades da língua deles, ta ali, só seguir o título. Tem toda a informação sobre o assunto? NÃO, não cabe em um artigo – quer mais dados, siga as referências, leia a obra do Everett.
      Texto tendencioso? Acha mesmo que apresentar um único povo ateísta desde a origem contra todos os milhões de povos teístas e criacionistas é tender ao quê?
      Vou dar um exemplo simples: esse assunto serviria pra assunto mais tendencioso ao teísmo do que ao ateísmo, uma vez que esse povo tem uma cultura e um modo de vida simples, uma linguagem simples, não desenvolveram escrita e nada mais complexo como inúmeras culturas teístas fizeram.

  • Levi Basilio:

    – NÃO ESTÃO DISTANTES DA REALIDADE, NOSSA CIVILIZAÇÃO DEMOROU PARA ESTAR NESTA EVOLUÇÃO DO COMPUTADOR QUE SE NÃO ME ENGANO USA O MESMO DA COMUNICAÇÃO DOS ÍNDIOS!!
    – SE O PREGADOR MUDOU DE CRENÇA ELES ESTÃO ALÉM DO ACREDITAR, É SÓ ANALISAR O TESTO, REFERENTE AOS ÍNDIOS PIRARRÃS.

  • sebastiaosoares:

    É perdoável algum possível exagero de Everett, talvez causado pelo deslumbramento q esse inusitado povo foi lhe causando ao longo de sua convivência entre eles.
    Uma coisa só nos basta entender. É o fato observado por Everett de que: “os indígenas perderam o interesse em Jesus quando descobriram que Everett nunca o viu de fato.”
    Pensem bem: Que enrascada comprobativa se meteu o cara, hein?
    No mínimo devem ter imaginado: Ora, esse cara é louco ! tá nos querendo fazer crer em algo q ele não vivenciou?
    Como pode ele querer afirmar algo q não presenciou?
    Esses indios nos dão uma lição, fazem nos refletir o quanto somos inocentes.
    Cremos a vida inteira em qualquer histórinha bonitinha, maquiada aqui e ali ao longo do tempo, e se muito nos pressionar, até matamos por ela.

  • Iva Santiago:

    Isso que eu chamo de uma boa troca:
    “Os pirarrãs me modificaram profundamente. Eu era um missionário que evangelizava e hoje sou ateu”.

  • neutrino:

    “Os pirarrãs me modificaram profundamente. Eu era um missionário que evangelizava e hoje sou ateu”, disse.

    Estou partindo da pressuposição que missionário Daniel Everett foi um exemplo típico dos evangélicos fundamentalistas que interpretam a bíblia no sentido literal.

    Quando confrontado com cultura pirarrãs percebeu que é muito fácil fazer um discurso no interior dos templos para as pessoas que entendem o significado do que significa aceitar jesus no coração.

    Mas fazer isso na selva amazônica e ainda para uma cultura que não consegue entender as coisas no sentido figurado…

    Os fundamentalistas costumam ser assim mesmo.
    Poderia ter aproveitado o momento para rever suas crenças, mas passar de cistão para ateu, não sei se foi uma boa idéia…

    Mas considero o assunto bem interessante…. que quise continuar o comentário…

  • Leandro de Oliveira:

    Ta na hora de separar (pré)conceitos sobre religião e espiritualidade, rapaz!!!

  • Leandro Pereira:

    o Chomsky na verdade ficou putinho quando saiu o artigo do Everett, por que ia contra as teorias dele. O cara bateu o pé e tudo. Ele pode ser O linguista, e é, mas é uma pessoinha bem egocêntrica.

  • Bruno Angelucci:

    Não entendeu pq vc é ignorante!! tem que evoluir muito ainda para entender certas coisas dessa vida.

  • JOTAGAR:

    Deixa ver se eu entendi:
    1.”… não acreditam em nenhum deus…”
    e ainda:
    2. “… Eles não acreditam em nada que não possa ser provado..”
    Porém:
    3. “…Antes mesmo de nascer, ainda no ventre materno, os pirarrãs recebem um primeiro nome, que eles acreditam ser responsável pela criação de seus corpos…”.
    4. “…Durante a vida, recebem nomes de seres que habitam camadas superiores e inferiores do cosmos, responsáveis pela criação de suas almas e destinos, e também de inimigos de guerra..”
    5. “..No entanto, acreditam em espíritos menores na forma de coisas no ambiente…”

    É, realmente não entendi…

    • Diego Cunha:

      eles tem uma experiência mística diferente, eles acreditam em forças sobrenaturais, mas não em historias entende? Eles acreditam em deuses, mas não conhecem nenhum e não cultuam, acreditam em destino e alma tbm, mas não acreditariam na bíblia, pq elas contém historias, e a historia não é reconhecida por eles. Eles vivem uma cultura muito mais simples do que a nossa,que é mais complexa, eles tem medo de um mundo complexo demais, querem viver algo simples, enfim, uma vida feliz de verdade, sem tem que se preocupar com passados, legados culturais, guerra por vingança, ou qualquer coisa que até mesmo os outros indígenas tem em suas culturas.

    • Carlos Henrique Barros:

      Parece que o autor está tentando fazer uma crítica religiosa, mas seu próprio texto o contradiz.

    • Gizele Lian:

      Mas, não acreditar na existência de um deus não quer dizer que não se possa acreditar em “ligações espirituais”. Embora essas coisas andem lado a nado, uma não depende da outra:x

    • Israel Filósofo:

      1 – Para se acreditar em alma, espírito e supor camadas inferiores ou superiores do cosmos não necessariamente é preciso acreditar em uma divindade criadora.

      2 – Isso quer dizer que não creem no que não lhes é apresentado na forma de experiência pessoal. Foi por isso que quando lhes contaram sobre Cristo, ao lhes informarem que não o viram, que não experimentaram sua presença em vida, eles não acreditaram.

      3 – É um crença, mas não é teísta e é baseada no empirismo. Afinal, é verdade que a mulher está grávida e sabe disso, e também é verdade que o bebê vai se desenvolver. Daí a crença ser “provada”.

      4 – A transcendência é uma impressão que parte também da experiência. Antes de crer em divindades, em criação ou em qualquer outra coisa, os seres humanos sabem que são. Este ser, que sabe que é, não imagina em si mesmo o não ser. Novamente é aceitável dizer que tal crença parte de algo “provado”, de alguma forma.

      5 – Os seres, a água, o vento, os astros e tudo quanto há se movimenta. É sabido que as palavras espírito e alma, em nossa cultura, são derivadas de palavras mais antigas que significam sopro, ar e “o que anima” (o corpo). Ora, ao escrever sobre tais conceitos, é fatal que nos enrosquemos no mundo sobrenatural, é coisa da nossa cultura. No entanto, lá na Grécia antiga, a função desses termos era apenas explicar o que dá vida e movimento aos corpos. Não sei porque pensaríamos que os piraãs iriam usar palavras equivalente a espírito justamente como a entendemos em nossa cultura e não de outra forma, por exemplo, como entendiam os primeiros filósofos.

    • Brian Carvalho:

      Começando com o argumento de puta barata:

      E se (é disso que eu to falando) eles nunca terem visto um “deus” e todas as outras coisas terem sido provadas?

    • Olga Pissetti:

      Jotagar, concordo com você. O texto tem muitas incoerências.Maria filomena SÂndalo, pesquisadora da Unicamp me parece mais equilibrada.

    • IRINALDO SOARES DOS SANTOS:

      Pois é. Se eles acreditam em seres espirituais que estão presentes numa pedra, árvore, ou seja lá o que for, e nunca viram os tais espíritos porque não acreditaram também no Jesus a que o missionário se referiu?

    • Arthur SCosta:

      IRINALDO SOARES DOS SANTOS, sou ateu, mas digo isso: Poderia, se tivesse nascido em uma cultura primitiva, acreditar no deus Sol, afinal ele está ali. Agora digamos que venha uma pessoa da minha tribo e me fale que eu deva prestar reverência a uma pessoa que morreu e é um deus e eu devo louvá-lo e aceita-lo para ser salva. Acho que em um primeiro momento eu ficaria estranhado e curioso e perguntaria, “Você conheceu onde esse sujeito?” e ele respondesse, “ah, nunca vi não”. Ficaria com o sol…

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