Porque ocorreram tantos grandes terremotos ultimamente?

Por , em 25.01.2012

Ultimamente, o que não faltam são notícias sobre desastres naturais, especialmente terremotos.

Estamos ficando loucos, ou realmente estamos experimentando um aumento na taxa de grandes terremotos recentemente?

Especialistas documentaram, por exemplo, que por um período de quase 40 anos (após o terremoto de magnitude 8,7 de fevereiro de 1965 no Alasca), o mundo não viu um único grande terremoto.

Já nos últimos 7 anos desde o final de dezembro de 2004, houve nada mais, nada menos que cinco grandes terremotos – fora os moderados ou pequenos.

Estes incluem três terremotos na Indonésia: um de 2004, em Sumatra (magnitude 9,1), outro em Nias em 2005 (8,7), e um em Bengkulu (8,5) em 2007, além do terremoto no Chile em 2010 (8,8) e o último no Japão em 2011, (9,0).

Bom, pode-se argumentar que isso é uma consequência de melhores instrumentos de medição de terremotos e melhores relatórios desses grandes terremotos.

Sim, isso é verdade. Em 1931, havia cerca de 350 estações sismológicas e, hoje, existem mais de 4.000 estações. Os instrumentos que os sismógrafos usam para medi-los também são muito mais sensíveis.

Graças à internet, agora é possível saber mais sobre terremotos em poucos minutos, ao invés de semanas.

Aliás, os terremotos têm um impacto muito maior hoje do que no passado. Você deve ter notado que o terremoto de 2010 no Haiti, de longe o mais mortal desastre natural na história do hemisfério ocidental, que mataou mais de 200.000 pessoas, não está na lista acima.

Isso aconteceu porque a magnitude do terremoto, 7, não foi tão excepcional. Port-au-Prince foi apenas um infeliz desenvolvimento urbano com uma infraestrutura muito frágil que se agrupou em torno de uma falha geológica.

Os terremotos recentemente se tornaram muito mais proeminentes devido ao seu número de mortos. Podemos acrescentar a isso o efeito do “mundo malvado”, onde as coisas parecem muito pior devido a uma mídia mais voraz.

No entanto, apesar disso tudo “explicar” o aparente aumento recente no número de grandes terremotos, não explica o fato de que este sentimento já foi expresso antes.

Não somos os primeiros a se perguntar: “será que os terremotos aumentaram?”. As pessoas fizeram essa mesma pergunta nos anos 60, depois de um aglomerado de terremotos durante o período de 1950 a 1965.

Ou seja, a questão é: grandes terremotos podem se aglomerar no tempo?

Se sim, isso revolucionaria a nossa compreensão atual da tectônica, porque implicaria que um grande terremoto pode de alguma forma provocar outro a muitos quilômetros de distância, ou coisa parecida.

De certa forma, não é completamente irracional que um terremoto em um lado da Terra possa desencadear outro do outro lado.

Quando um grande terremoto passa, a Terra literalmente vibra como um sino, às vezes por até um mês depois.

Terremotos menores se aglomeram no espaço e no tempo. Eles fazem isso de acordo com a lei de Omori, que diz que a frequência de tremores secundários após um grande terremoto decai inversamente com o tempo.

Isso é devido ao choque do grande terremoto que faz com que todas as outras falhas “escorreguem”. Então, talvez um terremoto no Chile possa realmente fazer com que uma falha no Japão também entre em atrito.

Os cientistas Charles Bufe e David Perkins analisaram as estatísticas e concluíram que na década de 1960, bem como agora, realmente houve aumento da taxa de terremotos.

Eles sugeriram que isso poderia ser provocado por um monte de coisas as quais nós, meros humanos, não entendemos direito, como pressão de poros transitórios induzidos por tensões dinâmicas de ondas sísmicas, ou oscilações livres da terra geradas por grandes terremotos distantes, entre muitas outras coisas.

O ponto é: grandes terremotos parecem se agrupar no tempo. E agora?

Apesar dos dados, das pesquisas, das análises, nós, seres humanos, temos mania de encontrar padrão onde às vezes não há nenhum. Então grandes terremotos se agrupam mesmo ou não?

Parece que, essencialmente, não. Bufe e Perkins analisaram apenas terremotos de magnitude 8,5, que é um limiar, ao invés de um número aleatório.

Se redefinirmos esse número, as estimativas mudam. As chances de haver uma lacuna enorme de grandes terremotos de 1965 a 2000, por exemplo, são muito pequenas. Verifica-se que a probabilidade de que 16 eventos em um intervalo de 111 anos contenham tal lacuna longa é de apenas 1,3%.

A grande questão é: às vezes coisas de baixíssima probabilidade acontecem, e isso não é necessariamente um padrão, é apenas algo muito difícil de acontecer, que aconteceu.

Isso não é o fim da história, no entanto. Apesar de, estatisticamente, grandes terremotos não se aglomerarem, ainda é possível que descobrir que um agrupamento existe, de forma empírica, ou, na falta disso, através de uma explicação mecanicista plausível.

Outra coisa que pode corroborar uma hipótese de agrupamento de terremoto são mais dados. Se tivermos três terremotos de magnitude 8,5 no próximo ano, isso vai desequilibrar a balança para um agrupamento de terremotos. Dado que os últimos três terremotos de magnitude 8,5 mataram mais de 16.000 pessoas, essa seria uma prova bastante agridoce de que eles se aglomeram, não?[Science2.0]

16 comentários

  • Paulo Turossi:

    Ondas gravitacionais contribuem em muito pra sismos em todo o sistema solar!

    • Cesar Grossmann:

      Paulo, isso daí é achismo teu ou tem estudos comprovando a ligação entre ondas gravitacionais e sismos?

  • Peter:

    Ufa! Pensei que iam dar créditos as historinhas da gi-biblia ou das profecias maias.

    Que bom que a matéria falou a verdade.

  • fernando dahm:

    pois é fernando ,temos um grande dilema ,o terremoto dos nomes ,ou quem sabe o acomodamento dos descrentes.(digo) da crosta terrestre.vou ser mais claro porque vem um abalo sismico de cientistas dizendo que o fator não é humano.É consequencia do deslocamento do eixo da terra.Vejamos varios fatores somaram-se e fizeram acontecer os fenomenos em todo o nosso planeta.OU o fim dos tempos tá iniciando.?

  • César:

    Tenho um professor de Geografia que um dia revelou a classe a (sua teoria) a respeito disso. Ele acredita no seguinte:

    Com o rápido derretimento de tanto gelo dos pólos norte e sul essa água toda tem de escoar para algum lugar, obviamente segundo a lei da gravidade a água vai para baixo…para os oceanos. No fundo do oceano existe uma grande pressão exercida contra a terra devido ao peso dessa grande quantidade de água. Ou seja com maior quantidade de água no oceano aumenta também a pressão contra a terra.

    Esse grande peso e pressão (a mais) pode ocasionar um falha geológica, e essa falha um terremoto.

    Segundo sua teoria esse processo é cíclico (acontece sempre a cada x tempo) e sempre ocorreu no planeta terra, dai a alteração do mapa e afastamento dos continentes como vemos hoje e antigamente (pangéia).

    Eu concordo com a teoria embora existam outros fatores, e vocês? Acreditam que numa era glacial exista tanto terremoto quanto no momento em que vivemos?

    abraço

    • Billy:

      César, gostei dessa teoria e certamente o equilíbrio e a pressão resultante entre a água e a terra, produzem acomodações e deslocamentos. Portanto, respondendo à sua questão, entendo que numa era glacial o aumento da calota polar, irá alterar o equilíbrio e a pressão sobre a área de terra, incluindo o fundo. Dessa maneira, haveria expansão da matéria terra, devido à redução da pressão, bem como, uma redução no volume de água devido à petrificação nos polos.
      Dentro desse raciocínio, os terremotos e erupções estariam propensos na mesma proporção, talvez. Forte abraço.

    • Cesar:

      Acho que a água não se concentra em alguns lugares do oceano, mas se distribui por todo ele. Não te parece? Quer dizer, existe algum lugar no oceano onde você pode dizer “aqui fica a água que vem das geleiras”? O aumento da pressão acontece em toda a extensão do oceano, não só de um oceano, mas de todos eles. Em outras palavras, a fina película de oceanos que cobre a Terra fica um pouco mais densa e pesada.

      Uma outra pergunta, o que é mais denso, a água ou a rocha? O que contribui mais para a pressão sobre o fundo, a massa dos continentes ou o fino lençol de águas dos ocenanos (a média de profundidade dos oceanos parece que é de 4.000 m).

  • Claudio:

    O petróleo retirado por várias décadas , causam um enorme vão na crosta da terra. Um dia isso vai desabar em algum lugar, ou já está desabando.Será que estou errado?Tomara !!!

  • Ju:

    Site interessante para quem quiser acompanhar esses e outros assuntos:
    http://www.painelglobal.com.br/#WIN

  • Evandro:

    Não é possível fazer afirmações metafisicas deste tipo.

    1. A geologia e o entendimento sobre a Teoria das Placas, os terremotos, são pouco compreendidos;
    2. A quantidade de informação e dados é muito pequena para fazer tais afirmações;
    3. Só poderá saber se estes eventos nos últimos anos são coincidencias, padrões, ou meramente aleatórios, com o tempo, no futuro, quando tivermos mais dados, e poderemos então ver os tempos de hoje como passado.

    Aquela velha história metafisica de considerarem a ciencia, o universo, os milhares de padrões, a vida, o ser humano, o planeta terra, como apenas uma probabilidade aleatória de no limite = 0, ou seja, algo do tipo 0,00000000000000000000000000000000000000000000000…1% de ter ocorrido.

    Sempre duvidem deste tipo de ciencia. A resposta de um geologo mais sensato seria “Não sei. Vamos ver. Estamos aqui para pesquisar. Quem sabe futuramente não podemos saber se há um padrão ou não, ou se realmente estamos tendo um periodo crescente…”

    Pois diga-se de passagem, estrelas, e mesmo outros planetas, o observados, possuem fenomenos caóticos mais crescentes, conforme alguns processos internos começam a se tornar mais caóticos.

  • leiane rodrigues:

    de fato nos últimos anos varios terremotos vem ocorrendo e não da pra prever quando um vai acontecer por isso os paisis onde costumam ocorrer mais terremotos tem que ter uma infraestrutura preparada para aguentar esses tipos de abalos sismicos um exemplo é o japão.

    • Evandro:

      Certa vez vi um documentário mostrando que simplesmente uma pela mudança na construção civil, tornariam as os imóveis incrivelmente mais resistente a terremotos. que seria ao invés de fazer as vigas apenas na forma quadrilátera. Fazer algumas em diagonal para cada cruzamento das vigas. E aumentaria apenas uns 5 a 7% o valor das obras.

      O que não fazem no Brasil.

  • Jhon Dragin:

    E os crentes alegres exaltando o fim do mundo.

    • True:

      Quem viver vera!!!

    • Fernando:

      E os ateus despreocupado com receio!

    • Bruno L. Rocha:

      Correndo com o Diabo.

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