Túnel de fuga cavado a mão é encontrado em local de massacre do Holocausto

Por , em 29.06.2016

Uma equipe de arqueólogos e cartógrafos descobriram um túnel pelo qual 80 judeus tentaram escapar de um local de extermínio nazista na Lituânia, cerca de 70 anos atrás. Ele foi cavado principalmente à mão.

O local, chamado de Ponar, detém sepulturas em massa onde até 100.000 pessoas foram jogadas ou queimadas durante o Holocausto.

É verdade

Usando ondas de radar e rádio para fazer a varredura sob o solo, os pesquisadores descobriram a passagem de 30 metros a cerca de 1,5 e 3 metros abaixo da superfície.

Uma tentativa anterior feita por uma equipe diferente em 2004 de encontrar a estrutura subterrânea só tinha localizado sua boca, que foi deixada sem marcação.

A nova descoberta segue o túnel da entrada até a saída e fornece evidências que apoiam relatos de sobreviventes que escaparam de Ponar.

Marco zero

Richard Freund, arqueólogo da Universidade de Hartford, nos EUA, e seus colegas encontraram covas contendo as cinzas de até talvez 7.000 pessoas. 12 delas foram identificadas em Ponar.

De 1941 até 1944, dezenas de milhares de judeus da cidade vizinha de Vilnius, conhecida como a Jerusalém da Lituânia, foram trazidos para Ponar para serem queimados e enterrados nestas covas.

“Eu chamo Ponar de ‘marco zero’ do Holocausto”, disse Freund. “Pela primeira vez temos assassinato sistemático sendo feito pelos nazistas e seus assistentes”.

Os eventos que aconteceram ali ocorreram cerca de seis meses antes dos nazistas começarem a usar câmaras de gás em outros lugares para os seus planos de extermínio.

O túnel e a fuga

Estima-se que 100.000 pessoas, incluindo 70.000 judeus, tenham morrido em Ponar. Ao longo de quatro anos, cerca de 150 colaboradores lituanos mataram prisioneiros, geralmente em grupos de cerca de 10.

Em 1943, quando ficou claro que os soviéticos iriam invadir a Lituânia, os nazistas começaram a encobrir a evidência dos assassinatos em massa, forçando um grupo de 80 judeus a exumar os corpos, queimá-los e enterrar as cinzas.

Durante meses, os prisioneiros judeus desenterraram e queimaram os corpos. Existe um relato de um homem que identificou sua esposa e duas irmãs entre os cadáveres.

O grupo sabia que, uma vez que seu trabalho estivesse terminado, eles também seriam executados, por isso desenvolveram um plano de fuga.

Assim, cerca de metade do grupo passou 76 dias cavando um túnel com a mão e com colheres que acharam entre os corpos. Em 15 de abril de 1944, se arrastaram pela entrada da passagem. O barulho alertou os guardas, que perseguiram os prisioneiros com armas e cães. Dos 80, 12 conseguiram escapar, e 11 sobreviveram à guerra para contar esta história ao mundo.

Ferramentas importantes

Dr. Freund e sua equipe usaram a informação de relatos de sobreviventes para tentar localizar o túnel.

Em vez de escavar e perturbar os restos, ele e sua equipe usaram duas ferramentas não invasivas – tomografia de resistividade elétrica e radar de penetração no solo – para pesquisar a região.

A tomografia de resistividade forneceu uma imagem clara do subsolo. Com a ferramenta, eles também encontraram uma cova previamente desconhecida que eles acham que é a maior já descoberta na área – pode ter contido até 10.000 corpos.

Já o radar de penetração no solo digitaliza cerca de 3 metros abaixo da superfície. Essa ferramenta foi usada, entre outras coisas, para encontrar a Grande Sinagoga de Vilnius, que foi destruída pelos nazistas.

Pedaço da história e cultura

Antes da Segunda Guerra Mundial, Vilnius era um centro judaico movimentado. Quando os soviéticos tomaram a Lituânia, erigiram uma escola primária sobre os escombros da Grande Sinagoga da cidade.

Usando o radar, a equipe descobriu artefatos desta antiga sinagoga, incluindo a sua casa de banho ritual. [NYTimes]

1 comentário

  • Alexandre Henrique:

    Poderia conter as imagens da tomografia de resistividade elétrica e radar de penetração no solo. Seria de ótima ajuda.

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