Ícone do site HypeScience

10 IMPRESSIONANTES mudanças de idéia de religiões

As principais religiões do mundo remontam a milhares de anos. Com tanta história para contar, é de se esperar que as suas imagens e dogmas tenham mudado ao longo do tempo. Na verdade, algumas religiões mudaram completamente de posicionamento sobre alguns dos temas pelos quais elas são mais conhecidas.

10. O islamismo já aceitou imagens do profeta Maomé


Caricaturas do fundador do Islã já provocaram massacres e motins, e mesmo muitos muçulmanos moderados consideram tais demonstrações grosseiramente ofensivas. O islã do passado, no entanto, não tinha absolutamente nenhum problema com isso.

Quando esta religião ainda era uma das mais novas do mundo, as artes visuais não eram consideradas dignas de discussão. Mais tarde, as passagens do Alcorão foram interpretadas para sugerir uma proibição absoluta de imagens figurativas, porém antes acreditava-se que pinturas de Maomé ajudariam na devoção. No século XII, os artistas islâmicos tinham um comércio forte de miniaturas do profeta, descrevendo cenas que mostravam cada episódio importante de sua vida.

Foi somente no século XV que se tornou amplamente aceito que mostrar Maomé era uma blasfêmia, e mesmo assim a proibição só se aplicava ao seu rosto. Teerã e Cairo têm artes públicas aprovadas pelo governo que mostram o fundador do Islã de costas.

Ainda é possível ver antigas imagens islâmicas que mostram o rosto do profeta. O Metropolitan Museum of Art de Nova York expôs pelo menos duas dessas pinturas por anos.

9. O predecessor do hinduísmo pode ter desculpado o sacrifício humano


Em comparação com o monstro ancestral que é o hinduísmo, as outras grandes religiões do mundo mal saíram das fraldas. Como um conglomerado de diferentes tradições religiosas, aspectos do hinduísmo podem ter sido praticados já em 2000 aC, com os membros da civilização do Vale do Indo possivelmente adorando um protótipo de Shiva. No mínimo, partes do hinduísmo moderno descendem do período védico (1500-500 aC). No entanto, eles diferem do hinduísmo moderno em um aspecto importante: os hindus védicos podem ter praticado sacrifícios humanos.

“Podem ​​ter” porque esse começo é longe de ser claro. Embora o Shatapatha Brahmana descreva o sacrifício ritual de seres humanos detalhadamente, hoje não se sabe se o escritor estava simplesmente usando e abusando de licença poética. Há algumas evidências de restos humanos terem sido descobertos em altares de sacrifício, levando alguns a concluir que os antepassados ​​dos hinduístas de fato sacrificavam uns aos outros. Se for esse o caso, alguns daqueles textos antigos passam a ser perturbadoramente obscuros. O Katyayana Shrauta Sutra afirma que quem realiza o sacrifício humano está acima de qualquer outra pessoa na Terra, enquanto outros textos recomendam especificamente o sacrifício de aleijados, cegos e (curiosamente) flautistas.

Embora os hindus mainstream tenham abandonado o sacrifício humano há muito tempo (se é que alguma vez realmente o praticaram), relatos ocasionais de sacrifício de crianças ligadas a pequenas ramificações da religião continuam a surgir na Índia moderna.

8. O Jesus do começo não parecia nada com a nossa versão moderna


Embora não tenhamos nenhum registro de como ele realmente era, a maioria de nós tem uma imagem firme de Jesus fixada em nossas mentes. A versão do Cristo com cabelos compridos e barba é tão popular que aparece em todos os lugares, do Vaticano até as igrejas mais remotas da Patagônia. No entanto, não foi sempre assim que os cristãos representaram seu Senhor. Nos primeiros 300 anos, Cristo era completamente diferente.

Em outubro de 2014, os arqueólogos desenterraram um retrato de Jesus na Espanha que data do século IV. Gravado em uma placa de vidro, ele mostrava o Filho de Deus como um homem sem barba e cabelo curto, encaracolado, vestido com uma toga de filósofo. Pedro e Paulo foram retratados ao lado dele com uma semelhante falta de pelos faciais. E esta não é nem mesmo a única evidência que temos da imagem de Cristo mudando ao longo do tempo: o Museu Britânico tem fragmentos de um mosaico do século IV que mostra Jesus como um cara barbeado e com um queixo duplo meio estranho.

No século XII, artistas bizantinos ainda mostravam Jesus em sua forma de cabelos encaracolados e sem barba. Não foi até a Idade Média que a imagem padrão de Cristo tornou-se o modelo em todo o mundo, com direito a uma barba invejável.

7. O budismo proibia que o Buda fosse retratado


O budismo é amplamente associado com estátuas do fundador Siddhartha Gautama, e muitas das mais famosas “estátuas de Buda” estão entre as maiores do mundo. Mas esta imagem icônica só existe graças a uma oportuna mudança no estilo artístico. Nos primórdios do budismo, os artistas nunca mostravam o Buda.

Em vez disso, sua presença era indicada por sinais e símbolos. Um dos mais populares era um par de pegadas, indicando um grande homem que tinha morrido e deixou sua marca no mundo. Também foi utilizada a imagem de um guarda-sol, um lugar vazio e (mais familiar para a tradição religiosa ocidental) um pilar de fogo.

Esta proibição de representar o Buda durou durante séculos. Então, em algum momento entre o primeiro e terceiro séculos, a arte religiosa na região passou por uma transformação completa. De repente, as imagens de Buda começaram a aparecer em todos os lugares, levando à versão que todos nós conhecemos hoje.

6. Padres católicos tinham esposas e amantes


Um dos princípios centrais do sacerdócio na fé católica é o celibato. Embora as notícias sugiram que tal princípio não é sempre respeitado, até mesmo no Vaticano a orientação oficial é que os homens da fé católica nunca devem sucumbir aos desejos carnais. Pelo menos, é assim hoje. Basta retroceder algumas centenas de anos e poderemos encontrar uma abundância de sacerdotes católicos não só bem casados, mas também mantendo amantes.

Visto que a Bíblia está longe de ser esclarecedora a respeito do celibato (São Paulo tanto o defendia quanto aconselhava as pessoas com fortes impulsos sexuais a casarem de qualquer maneira), a Igreja precisou de uns bons 300 anos para decidir torná-lo uma política oficial no Concílio de Elvira. Mesmo assim, a proibição não foi cumprida até a Idade Média e há um sem fim de histórias de padres casados ​​e papas safadinhos neste ínterim. Tomás de Aquino chegou a declarar que o celibato era uma lei terrena, ao invés de divina. “A Igreja pode se preocupar com a sua vida amorosa”, teria dito São Tomás, “mas Deus certamente não o faz”.

5. As mulheres muçulmanas andavam descobertas


O Alcorão jamais menciona a burqa pela boa razão de que as primeiras mulheres muçulmanas teriam pensado que era loucura se esconderem. Nos primeiros dias do Islã, as mulheres eram consideradas uma parte vital da comunidade religiosa – de tal importância que o próprio Maomé confiava a elas segredos vitais. Quando o profeta morreu, os seguidores que ele deixou consultaram mulheres importantes na comunidade a respeito de quem deveria sucedê-lo.

Não foi até perto do final do século VII que a ideia de excluir as mulheres e vesti-las com roupas escuras e volumosas pegou e, mesmo assim, era simplesmente uma importação cultural. Quando os exércitos de Maomé entraram na Pérsia, conquistaram uma comunidade cujas mulheres usavam véus há anos. Ao invés de cortar a prática, os novos califas simplesmente a integraram em sua própria cultura, até que o hijab tornou-se basicamente um sinônimo do Islã.

4. O cristianismo baniu imagens de Cristo


Como dá para ver, representação de deidades foi uma questão polêmica em diversas crenças. O cristianismo começou com uma visão intolerante do imaginário figurativo. Como o judaísmo na época proibiu que fossem criadas imagens de Deus, o seu novo ramo cristão se sentiu obrigado a seguir o exemplo. De acordo com o diretor do Museu Britânico, olhar para uma imagem de Cristo nos dois ou três primeiros séculos da maior religião do mundo teria sido algo “inconcebível”.

Em vez disso, os fiéis teriam que concentrar em se aproximar de Deus em espírito e em verdade. O problema era que esse método austero de adoração não caía muito bem com romanos acostumados a ver os seus deuses como magníficas estátuas ocupando praças da cidade. Embora o motivo real ainda seja debatido, tem sido teorizado que as primeiras imagens do Cristo foram criadas como um atrativo aos romanos recentemente cristianizados – que tinham sido pagãos apenas algumas décadas antes. Seja qual for o motivo, tal decisão provocou uma grande mudança na arte religiosa ocidental.

3. A idade de ouro islâmica não condenava o ateísmo


Muitos países islâmicos modernos têm um problema sério com o ateísmo. Apenas no ano passado, a Arábia Saudita referiu-se aos ateus como “terroristas” e deu aos juízes novos poderes para reprimi-los. Irã, Sudão e Paquistão têm leis que podem ser usadas ​​para executar as pessoas que professam publicamente o seu ateísmo, e na Indonésia já foram previamente utilizadas leis de “incitação religiosa” para aprisionar os ateus. No entanto, voltando no tempo até a época dourada do islã, você encontrará uma religião que se orgulhava da liberdade de pensamento.

Desde os primeiros momentos do islã, o mundo muçulmano tinha uma tradição saudável de zombar de seu próprio profeta. No século IX, o estudioso Ibn Al-Rawandi declarou abertamente que religiões eram coisas irracionais e acusou os milagres do Alcorão de serem forjados. Apesar de viver no centro do mundo islâmico, ele passou toda a sua vida livre de qualquer assédio em função de suas crenças – e não foi o único. Avançando 60 anos, Abu Al-Ala ‘Al-Maarri começou uma campanha pró-ateísmo tão virulenta que chegou a ser chamado de o “Richard Dawkins da Era Abássida”. De acordo com Al-Maarri, era possível ter cérebro ou religião, mas não ambos. Ele insultou abertamente os califas e não apenas evitou uma sentença de morte – ele se tornou um estudioso respeitado e uma celebridade.

Foi apenas recentemente, na década de 1970, que muçulmanos tradicionais finalmente começaram a reprimir duramente crenças dissidentes. Porém, nós já estamos vendo sinais de que esta atitude linha dura está começando a perder fama, potencialmente levando a uma maior abertura no futuro próximo.

2. O judaísmo levava a poligamia numa boa


Hoje, a maioria de nós associa a poligamia com religiões menores, como o mormonismo. Mas, em 1300, grupos judeus da Espanha foram autorizados a aderir à prática em troca do pagamento de uma taxa especial para a coroa. Tal atitude era comum o suficiente para que o Estado espanhol escrevesse leis específicas para isso. Voltando ainda mais no tempo, o conceito de morar com várias esposas se torna mais comum ainda. Materiais de estudos rabínicos ancestrais recomendavam que um homem não tivesse mais de quatro esposas, e a lei judaica permitia especificamente múltiplos casamentos até bem depois da ascensão do cristianismo.

Foi só no século XI que Rabbeinu Gershom finalmente proibiu a prática, convertendo o judaísmo em uma religião oficialmente monogâmica. Como algumas regras demoram a conquistar os que as seguem, casamentos múltiplos continuaram a ser o padrão em certas comunidades judaicas nos cem anos seguintes.

1. A postura do cristianismo em relação ao aborto é totalmente ambivalente


O aborto pode muito bem ser o tema mais polêmico no Ocidente moderno. Pelo menos nos últimos 50 anos, grupos de direitos das mulheres têm travado batalhas pesadas com cristãos conservadores sobre quando e se a interrupção da gravidez deve ser legal. No entanto, este choque cultural não é o resultado de valores modernos indo de encontro a séculos de tradição religiosa. No próprio cristianismo, a moralidade do aborto sempre foi um ponto de discordância.

Lá na Grécia clássica, Aristóteles escreveu que os fetos têm diferentes almas em diferentes estágios de desenvolvimento. Começando com as almas dos vegetais, eles, em seguida, avançam para as almas dos animais e, finalmente, para as almas dos seres humanos. A Igreja primitiva havia emprestado essas ideias, levando a uma batalha de longa duração sobre quando o feto passa verdadeiramente a “ter alma”.

Foi uma batalha com tantos altos e baixos que é quase impossível não se perder no meio do caminho. Em vários momentos, pensava-se simultaneamente que abortar um feto sem alma não era um problema e que era uma coisa absolutamente imoral para se fazer. Pesos pesados da Igreja, de Santo Agostinho a Tomás de Aquino, estavam entre aqueles que apoiavam a restrição dos direitos de finalizar uma gravidez, apenas para mudarem completamente seu posicionamento algumas décadas mais tarde e, em seguida, novamente voltarem a sua ideia primitiva algumas décadas depois.

Não foi até 1917 que a Igreja Católica codificou firmemente sua posição sobre o aborto. Até esse momento, o debate já vinha sendo travado há séculos. Longe de ter uma visão tradicionalmente conservadora ou liberal a respeito do aborto, o cristianismo nunca foi nada além de ambivalente. [Listverse]

Sair da versão mobile