2018 foi o quarto ano mais quente já registrado, de acordo com dois relatórios independentes divulgados pela NASA e pela Administração Nacional Oceanográfica e Atmosférica dos EUA (NOAA).
O ano passado foi tão quente que as temperaturas globais da superfície terrestre e oceânica estavam 0,79 graus Celsius acima da média do século XX.
Desde 1880, quando os registros se iniciaram, apenas três anos – 2016 (em parte devido ao El Niño), 2015 e 2017 foram mais quentes.
Tendência sombria
A tendência não é nova. Nove dos dez invernos mais quentes ocorreram desde 2005, e cinco dos anos mais quentes registrados ocorreram nos últimos cinco anos, de 2014 a 2018.
Além dos resultados da NASA e da NOAA, estes foram verificados contra as descobertas de outros grupos, incluindo o Met Office do Reino Unido e a Organização Meteorológica Mundial, que também classificou 2018 como o quarto ano mais quente já registrado.
“A principal mensagem é que o planeta está aquecendo”, disse Gavin Schmidt, diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA, em uma entrevista coletiva. “E nossa compreensão de por que essas tendências estão ocorrendo também é muito robusta. É por causa dos gases de efeito estufa que colocamos na atmosfera nos últimos 100 anos”.
Situação mundial
Houve um recorde de calor, em temperaturas terrestres e oceânicas, em grande parte da Europa, Mediterrâneo, Oriente Médio, Nova Zelândia e Rússia, bem como em partes dos oceanos Atlântico e Pacífico Ocidental.
Por outro lado, o norte da América do Norte está no lado mais frio da história recente, particularmente as províncias de pradaria do Canadá. Isso explica, em parte, por que 2018 está “apenas” entre os 20 anos mais quentes da América do Norte.
No geral, em todo o mundo, tanto a terra como os mares estavam mais quentes que a média: temperaturas terrestres foram cerca de 1,12 graus Celsius maiores, e oceânicas 0,66 grau Celsius maior do que a média do século XX.
A área mais afetada pela mudança climática é sem dúvida o Ártico, que está se aquecendo entre duas e três vezes mais rápido que a média global.
Metodologia
Os cientistas tomaram muitas precauções para eliminar as incertezas de seus dados. Por exemplo, consideraram se metodologias de medição haviam mudado ao longo dos anos.
Além disso, para evitar o viés devido ao chamado efeito “ilha de calor urbana”, em que as cidades cheias de prédios são mais quentes do que as áreas vizinhas, as agências climáticas coletaram a maior parte de seus dados das áreas rurais.
Por fim, os pesquisadores levaram em conta se uma estação se moveu ou o ambiente ao redor mudou, também.
Além do mais, os satélites da NASA têm monitorado dados climáticos desde 1979, o que também serve como uma verificação externa dos dados coletados em terra. Esses satélites mostram uma indicação de que “o Ártico está aquecendo mais, de acordo com as tendências dos satélites, do que estamos capturando na análise baseada em estações”, esclareceu Schmidt.
Desastres naturais
O ano passado também foi o terceiro ano mais chuvoso nos EUA. O Havaí chegou a estabelecer um recorde para o período mais chuvoso de 24 horas na história dos EUA, quando choveu 126 centímetros em Kauai de 14 a 15 de abril de 2018.
Enquanto isso, a região do sudoeste americano sofreu com uma seca severa. Embora essa área tenha passado por secas no passado, as mudanças climáticas as tornaram mais intensas, em grande parte devido ao aumento das temperaturas.
Eventos climáticos extremos também afetaram a economia americana. Houve 14 eventos relacionados ao clima que custaram mais de US$ 1 bilhão em 2018, tornando-se o quarto maior total registrado desde 1980.
Esses valores foram ajustados para a inflação. Os fenômenos, incluindo furacões e incêndios no oeste, custaram US$ 91 bilhões em perdas diretas aos EUA. [LiveScience]