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As florestas antigas riam na cara do aquecimento global

A ciência parece estar confirmando a realidade expressada em uma piada famosa do comediante estadunidense George Carlin: “O planeta irá nos chacolhar para fora como um se fôssemos uma infestação de pulgas”, pois a equipe do cientista Howard Falcon-Lang, do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Londres, chegou a uma descoberta nada surpreendente: a Mãe-Natureza é resiliente. Essa capacidade de se regenerar foi notada mais uma vez após se analisarem fósseis de florestas tropicais encontrados em minas de carvão do estado de Illinois (EUA).

As constantes mudanças climáticas que assolaram a Terra ao longo de sua história causaram sérios estragos a essas florestas primitivas, mas elas rapidamente se reergueram, segundo o que diz o estudo, publicado na revista Geology.

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A pesquisa pode dar pistas de como a mudança climática afetará a Amazônia no futuro. “Se nós pudermos compreender como o clima deu forma às florestas em um passado distante, podemos inferir como elas vão reagir no futuro”, comentou Falcon-Lang.

Essas florestas fossilizadas de Illinois são a maior do gênero no mundo e datam do Período Carbonífero (300 milhões de anos atrás), quando a maior parte dos recursos de carvão do mundo foi formada. As rochas nesse local contêm evidências de oscilações do clima, e fósseis mostram que, durante as “eras glaciais”, os trópicos secaram, e as florestas chegaram à beira da extinção, mas conseguiram se recuperar. As camadas de carvão que se formaram em seguida, conforme o clima ia se aquecendo, contêm sinais de abundantes espécies da floresta.

“Estas descobertas mudam radicalmente a nossa compreensão das primeiras florestas tropicais da Terra. Costumávamos pensar que esses eram ecossistemas estáveis e inalterados por dezenas de milhões de anos. Agora nós sabemos que eles eram incrivelmente dinâmicos, constantemente fustigados pelas alterações climáticas”, explica o cientista. “Nós mostramos que, dentro de certos limites, as florestas são resistentes a mudanças climáticas”, completou, lembrando que, se as oscilações forem extremas, as florestas tropicais podem passar de um ponto que, se ultrapassado, não permite retorno.

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O trabalho, realizado em conjunto com pesquisadores da Smithsonian Institution e da Illinois Geological Survey, é parte de um projeto de cinco anos financiado pelo Natural Environment Research Council do Reino Unido, e visa estudar como as alterações climáticas afetaram as primeiras florestas da Terra. [Scientific Blogging]

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