Sobrevivência da espécie: 6 sinais de fraqueza que na verdade foram essenciais para a vida

Por , em 16.06.2014

Normalmente, quando pensamos na “sobrevivência do mais apto”, imaginamos a sobrevivência do maior, mais forte, mais rápido ou mais inteligente. Na verdade, em termos evolutivos, o “mais apto” é apenas o animal ou planta mais adequado para as circunstâncias em que se encontra, seja um lagarto especialmente equipado para sobreviver no deserto ou um golden retriever com um dom incrível para dar a patinha.

Em termos humanos, inteligência e força seriam os traços campeões numa pesquisa sobre os aspectos que nos trouxeram até aqui. Porém, alguns dos comportamentos que aparentemente simbolizam fraqueza hoje foram estratégias de sobrevivência que mantiveram a nossa espécie viva milhares de anos atrás.

Timidez ajudou na sobrevivência da espécie

sobrevivência da espécie timidez
Essa característica não é aquela encontrada naquele sujeito forte e silencioso, que é apenas tímido porque prefere deixar que seus punhos, armas e/ou órgão sexual façam a interação. Estamos falando de pessoas que são tão inseguras e não conseguem sequer olhar outras nos olhos. Eles foram chamados de “perdedores”, “fracotes” e basicamente “nerds”, dependendo do contexto histórico e social, durante toda a vida.

Mas alguma vez você já olhou um gorila no olho? Se sim, você ou tem sorte de estar vivo, ou está sendo desmembrado por um primata neste momento. Gorilas odeiam isso. O contato visual e os sorrisos são como formas sutis de dizer para um gorila que você gostaria de brigar com ele. E não é apenas aquele nervosismo animal normal. Gorilas tem um problema sério, e é com a sua cara feia encarando eles.

Como a humanidade fez a sua transição evolutiva junto com os símios, os cientistas acreditam que houve uma época em que uma bochecha vermelha e um olhar cabisbaixo eram um instinto de sobrevivência chave. Ficar com a bochecha vermelha teria sido especialmente útil, já que é uma reação involuntária. Não importa o quão firmemente você tente manter contato visual, seu rubor na cara transmite o quão perto você está de pedir socorro.

Corar, afinal de contas, sinaliza remorso. Uma vez que não pode ser falsificada ou disfarçada, os investigadores supõem que os nossos ancestrais evoluíram esta função natural como uma ferramenta de apaziguamento para com aqueles que nós injustiçamos. Ou aqueles que poderiam chutar nosso traseiro. A caminhada de volta para a caverna poderia ser vergonhosa, mas era realizada com os órgãos sexuais totalmente intactos – a única vitória que importa quando se trata da continuidade genética.

A parte da espécie que desviava os olhos e ficava vermelha, não importa o quanto quisesse enfrentar o cara grande e agressivo roubando seu almoço, viveu para ver outro dia e cruzar com as fêmeas (talvez desapontadas, mas realistas). O grandalhão que comia o almoço poderia vencer esta batalha, mas a crença inabalável em si mesmo era o que o levava a enfrentar qualquer inimigo, até encontrar um mais forte. Os mansos acabaram herdando a Terra por tabela.

Bebês desamparados

sobrevivência da espécie bebês
Ser chamado de bebê é um dos insultos mais pungentes que a maioria de nós encontra quando é criança. O bebezinho vai chorar? Mas no grande mundo selvagem que vivemos, tínhamos boas razões para ser inseguros. A maioria dos animais é capaz de cuidar de si mesma dias depois que nasce. Bebês humanos, por outro lado, são apenas pequenos sacos de pele, cabelo e fofura durante alguns anos.

Nós levamos mais tempo do que qualquer outro primata para atingir a maturidade sexual e a idade adulta. Enquanto potros estão em pé dentro de sua primeira hora de vida e os leões atingem sua sexualidade aos quatro anos de idade, os seres humanos ocupam sua doce infância aprendendo a parar de chorar, se limpar sozinhos e dizer “mamãe”.

Só que aquele bebê irritante que não parou de chorar durante toda a sua viagem de ônibus de Porto Alegre a Fortaleza pode ser a principal razão pela qual você está sentado no topo da cadeia alimentar.

Em algum ponto do caminho da cadeia evolutiva, nossos bebês provavelmente tinham que se virar por conta própria logo que nasciam também. Mas, conforme evoluímos nossos supercérebros, nós também tivemos que evoluir crânios maiores, que exigiam um canal de nascimento maior. Isso levou a uma espécie de corrida armamentista anatômica entre a vagina das mães humans e a cabeça do Júnior. Se as cabeças ficassem muito grandes, a mãe perderia a capacidade de correr, e isso não é muito bom quando se vive em um mundo onde, além de caçadores, humanos também eram caça. Para não prejudicar a anatomia feminina, sem perder a capacidade cerebral das crianças, a espécie começou a selecionar naturalmente as mulheres que davam à luz mais cedo. Tivemos que manter nossos cérebros grandes e operacionais, sem fazer com que os quadris das mulheres ficassem presos em um bambolê.

O resultado é que nossos bebês nascem estúpidos e indefesos, tendo que ser cuidados por anos. Embora esta fase de chupar os dedos possa parecer inútil, a mistura de grandes cérebros e mais tempo à toa nos fez ainda mais inteligentes.

Os cientistas acreditam que esse atraso realmente nos permite alcançar níveis cognitivos mais elevados, porque prolonga os tipos de aprendizagem que apenas as crianças são capazes. Você não pode ensinar um cachorro velho novos truques, então você mantem o cão um filhote por mais tempo, permitindo assim que ele aprenda mais truques. E considerando esses “truques” como a linguagem, a cultura e a capacidade de resolver problemas, nascer indefeso não é tão ruim assim.

Cócegas e a sobrevivência da espécie

sobrevivência da espécie cócegas
Parece um pouco patético que alguns de nós não pode sequer lidar com um leve toque em certas partes do nosso corpo sem fazer um pouco de xixi nas calças. Enquanto não dá para dizer que sentir cócegas faz de você um covarde, é difícil imaginar Hitler cancelando a invasão a Paris ao ser acometido pelo monstro das cócegas.

Na maior parte do reino animal, as brincadeiras se parecem muito com dois animais que tentam matar um ao outro. Agora imagine o que as cócegas devem parecer para eles. Uma pessoa tem as suas mãos sobre a garganta ou costelas de outra, que está gritando e implorando para que ela pare. Bom, sob certas circunstâncias, isso seria parecido com um assassinato a qualquer pessoa.

Uma boa notícia para todos aqueles tios espertões que acham a maior graça tirar o ar de alguém fazendo cócegas é que isso é uma forma de aprimorar nossos reflexos de autodefesa. As partes mais delicadas do nosso corpo, como nossas costelas e pescoço, também tendem a ser mais abertas ao ataque. Assim, quando os primatas evoluíram o comportamento de fazer cócegas, eles realmente estavam treinando seus bebês para protegerem suas partes do corpo mais vulneráveis ​​de forma segura (e hilariante!).

A sensibilidade também é uma característica dos sobreviventes. Os seres humanos antigos que eram altamente sensíveis eram mais rápidos em detectar predadores e parasitas e, portanto, viviam mais tempo. Indivíduos com baixa sensibilidade eram comidos ou infectados.

Frescura alimentar nos manteve vivos

sobrevivência da espécie frescura pra comer
Sabe aquele seu amigo que não come nada a não ser saladas bem selecionadas, bolos sem glúten e queijo branco, enquanto seu prato do almoço parece a escolha alimentar semanal de um avestruz? Bom, tirar sarro dele é, no mínimo, uma atitude insensata.

Comedores seletivos de hoje tiveram a má sorte de herdar um gene que manteve a espécie viva milhares de anos atrás. Há até um nome oficial para eles: superprovadores.

E, embora esse nome possa soar como se até mesmo a ciência estivese zombando deles, verifica-se que eles realmente têm um paladar bastante desenvolvido e são, portanto, extrassensíveis a algo chamado feniltiocarbamida (PTC). PTC deixa tudo mais amargo para eles.

Antes de termos a ciência nos dizendo o que era bom ou não para nossa alimentação, os superprovadores foram a nossa primeira e única linha de defesa. Como as toxinas são amargas, os superprovadores podiam detectar o material venenoso e tirá-los do nosso caminho. Com literalmente nenhum outro mecanismo para detectar venenos, nossos amigos exigentes teriam sido como super-heróis para as suas comunidades.

Eles eram tão úteis que, enquanto todos os caras que ouviam sons 20 vezes mais alto do que todo mundo morreram anos atrás, o gene dos superprovadores foi útil o suficiente para permanecer em torno na boca de certos membros infelizes da espécie. Espinafre e couve de Bruxelas têm apenas um gosto ruim para a maioria de nós, mas superprovadores experimentam cada nota da sensação horrível em suas bocas.

Alergias

sobrevivência da espécie alergias

Se você é uma das milhões de pessoas infelizes ao redor do mundo que sofrem com alergias, você não precisa de ninguém para lhe dizer o quanto elas enchem o saco.

As pessoas tendem a pensar em alergias como uma fraqueza, mas a grande ironia é que elas são exatamente o oposto. As alergias são causadas ​​por um sistema imunológico adicional ativo. Normalmente, as substâncias estranhas perigosas que ficam dentro do nosso corpo são reconhecidas por anticorpos, que então se ligam a células brancas do sangue para dizer que é hora de dar uma resposta imune. Pense em glóbulos brancos e anticorpos como o Batman e Robin da luta contra a doença. Tosse, espirros, febre – estas são apenas as táticas da nossa dupla dinâmica para começar a tirar o lixo do nosso corpo. Uma de suas técnicas de combate ao crime favoritas é afogar os bandidos com catarro e, em seguida, literalmente, explodi-los para fora de seu corpo através de espirros.

Às vezes, porém, a dupla dinâmica decide atacar a poeira e o pólen. E o corpo ataca com a mesma ferocidade que atacaria um resfriado. Recentemente, a descoberta de um antigo anticorpo lançou alguma luz sobre por que nosso sistema imunológico é propenso a reações exageradas. De acordo com este estudo, quando os seres humanos eram pouco mais que tribos nômades de pastores, houve um patógeno particularmente desagradável flutuando. A fim de sobreviver, os seres humanos primitivos começaram a produzir um anticorpo que se ligava mais firmemente às células brancas do sangue, iniciando-se assim uma resposta imune invulgarmente feroz.

Essa tática funcionou bem para esses seres humanos primitivos que estavam realmente infectados, e sobreviveu até hoje. Infelizmente, o anticorpo ficou preso dentro de nós muito tempo depois que o patógeno mortal foi erradicado. Ninguém avisou este bastardo obsoleto que seu trabalho estava feito, então ele passa seu tempo travando batalhas imaginárias, revivendo seus dias de glória, fingindo que ele está salvando vidas.

Choro

sobrevivência da espécie
Apesar dos melhores esforços de filmes como À Espera de um Milagre e das cebolas picadas em todo o mundo, ainda se espera que homens adultos mantenham a distribuição de água em seus rostos a uma taxa mínima.

Lágrimas não são apenas um mecanismo de lubrificação dos olhos. Os cientistas supõem que, na verdade, elas surgiram como um sistema de sinalização que contribuiu com a sobrevivência da espécie. Mais especificamente, um sofisticado e sorrateiro sistema de sinalização que dava ao chorador uma vantagem estratégica na feroz guerra Neandertal.

Imagine que você é um homem primitivo e que está de alguma forma comprometido. Talvez você tenha empalado-se sobre uma presa de mamute ou tenha uma cãibra muito forte no pé. Você precisa de ajuda, mas você quer manter seu comprometimento, para que seus inimigos não ataquem. Você precisa de um sinal que diz a seus aliados que algo está errado, que não envolva começar a gritar como uma menininha. Você poderia ficar calado e aguentar como um homem, só que ninguém vai te ouvir. Mas as lágrimas – dramáticas e brilhantes lágrimas que discretamente escorrem pelo seu rosto – vão dizer às pessoas próximas o suficiente para ver o brilho de seu rosto que algo está errado e você precisa de uma mão.

Em outras palavras, a capacidade do homem primitivo de sobreviver, na verdade, dependia de sua capacidade de chorar como um bebê.

Ah, e também deve-se mencionar que o cara que chorava sem medo também seria o cara mais propenso a fazer sexo mais tarde. Até hoje, os cientistas apontam que as lágrimas são uma arma estratégica na obtenção de empatia do sexo oposto. Quando os primeiros seres humanos estavam se tornando o que somos hoje, as lágrimas emocionais eram um avanço evolutivo. Nenhum outro animal chora na tristeza, o que teria tornado este um dos primeiros comportamentos que nos separaram dos animais. [Cracked]

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