Físicos geraram ondas sonoras que viajam em apenas uma direção

Por , em 11.10.2024
As oscilações autônomas (nas cores vermelha e azul) orientam as ondas sonoras (verde, laranja e roxo) exclusivamente em uma direção ao passar pelo circulador. (Xin Zou)

Cientistas da ETH Zurich e do Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne desenvolveram um dispositivo inovador que transforma a forma como as ondas sonoras se propagam. Este equipamento, que se assemelha a uma rosquinha com três saídas, direciona as ondas sonoras em uma única direção, como se estivesse comandando um exército sonoro. Imagine um grupo de amigos conversando em um círculo: quando um deles fala, apenas um outro consegue ouvir. É exatamente isso que acontece com as ondas sonoras nesse novo sistema.

O Dispositivo que Muda as Regras do Jogo

A invenção é uma cavidade em forma de disco com três portas, cada uma capaz de enviar ou receber som. Em uma situação normal, o som que sai da porta 1 é ouvido igualmente nas portas 2 e 3. Se não bastasse isso, as ondas sonoras ainda retornam como ecos, fazendo a festa da reverberação. Mas quando o sistema está ativo, apenas a porta 2 consegue captar os sons da porta 1. Isso é como ter uma festa silenciosa em que apenas alguns convidados podem ouvir a música.

O truque para essa proeza tecnológica está na injeção de ar em espiral na cavidade, que precisa ser feita a uma velocidade e intensidade específicas. Esse movimento cria um padrão repetitivo de ondas sonoras que não apenas se deslocam em uma única direção, mas também ganham energia, impedindo que se dissipem como a energia de um balão que se esvazia. É quase como transformar um som tímido em um verdadeiro rockstar, que brilha no palco!

Um Passo Além na Tecnologia de Comunicação

Os pesquisadores, que publicaram seu trabalho na Nature Communications acreditam que essa técnica pode abrir novas fronteiras para as tecnologias de comunicação. Além de manipular ondas sonoras, novos metamateriais podem ser desenvolvidos para controlar também ondas eletromagnéticas. Essa possibilidade amplia o horizonte, transformando a comunicação em um espetáculo ainda mais impressionante.

Um dos maiores desafios na propagação de ondas sonoras é que, em um meio típico, elas se movem em ambas as direções, permitindo que o emissor e o receptor troquem de papéis facilmente. Isso é semelhante a uma conversa em que duas pessoas falam e ouvem simultaneamente, sem barreiras. No entanto, em algumas situações, pode ser vantajoso tornar o som não recíproco. Por exemplo, imagine uma situação em que o barulho precisa ser abafado, e somente uma pessoa deve ouvir a conversa.

A Arte de Preservar a Energia Sonora

Em 2014, a equipe da Universidade do Texas em Austin já havia criado um circulador acústico, utilizando pequenos ventiladores para mover ar por um anel ressonante. Esse sistema permitia que, ao entrar por uma das três portas, as ondas sonoras se tornassem não recíprocas, mas havia um problema: o som se dissipava ao longo do caminho, tornando-se mais fraco a cada passo. Assim, a equipe da ETH Zurich se desafiou a encontrar uma maneira de manter a energia das ondas sonoras durante sua jornada unidirecional.

Acima: A disposição experimental. Abaixo: Um esquema do circulador, com flechas indicando a direção única das ondas sonoras. (Nicolas Noiray/ETH Zurich)

O novo circulador funciona fazendo com que o ar, ao entrar na cavidade, gire em espiral e crie um som semelhante a um assobio. Essa técnica gera oscilações auto-sustentáveis na pressão acústica dentro do dispositivo. Ao sintonizar essas oscilações na frequência das ondas sonoras que entram, as ondas conseguem até mesmo ganhar energia. Isso significa que, em vez de ficarem mais fracas, as ondas saem do circulador mais fortes do que quando entraram — uma verdadeira reviravolta!

Resultados Impressionantes e Futuras Possibilidades

Após desenvolver e testar o circulador acústico, a equipe conseguiu enviar ondas sonoras com frequência de cerca de 800 Hz de um guia de ondas. O resultado foi surpreendente: ao chegarem ao segundo guia, as ondas não só mantiveram sua força, mas ficaram ainda mais intensas. Por outro lado, nenhuma onda foi detectada no terceiro guia, comprovando que ambos os objetivos foram alcançados com sucesso. É como se, em vez de perder energia, a onda tivesse tomado um energético antes de seguir viagem!

A ideia de usar oscilações para reforçar as ondas sonoras surgiu de um esforço para minimizá-las em sistemas que poderiam ser prejudicados, como motores de aeronaves. No entanto, o pesquisador Noiray percebeu que essas oscilações poderiam ser uma ferramenta poderosa em vez de um vilão, levando a novas possibilidades para a manipulação das ondas sonoras.

Este avanço tecnológico não apenas abre caminho para a exploração de novas formas de comunicação, mas também pode revolucionar o estudo da propagação e controle de ondas sonoras. O conceito pode ser aplicado até mesmo na orientação de ondas eletromagnéticas, prometendo melhorias significativas em sistemas de radar e comunicação.

Com essas inovações, o futuro das ondas sonoras parece tão promissor quanto uma sinfonia bem afinada — e estamos ansiosos para ver o que mais a ciência nos reserva!

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