A andropausa deve ser tratada?

Por , em 10.08.2010

Suor, noites sem dormir, ganho de peso, dores de cabeça, e nenhum desejo sexual. Muitas mulheres se aproximando da menopausa podem se identificar com esses sintomas – e os homens também.

No ano passado, uma seqüência de noites agitadas levou um homem de 46 anos a procurar seu médico. Depois de um hemograma, ele foi informado de que seus níveis de testosterona estavam abaixo do normal, sendo essa a provável explicação para os sintomas que ele estava experimentando.

A condição não é tão rara. Alguns homens – até 25% – observam uma queda da testosterona abaixo do normal na meia-idade e, em alguns casos, esta transição desencadeia um conjunto de sintomas que vieram a ser conhecidos como “menopausa masculina” (ou andropausa).

Os sintomas assemelham-se a mudanças nas mulheres na menopausa, como diminuição da libido, ondas de calor, fadiga, fraqueza, insônia, mau humor e ganho de peso. Mas a comparação só vai até aí: ao contrário das mudanças relativamente rápidas que ocorrem durante a menopausa, a testosterona em homens tende a declinar lentamente ao longo de muitos anos e nem sempre é perceptível. Apenas uma fração dos homens com baixos níveis de testosterona desenvolvem sintomas problemáticos, ao passo que a maioria das mulheres na menopausa experiencia pelo menos ondas de calor.

Segundo especialistas, os níveis de testosterona diminuem gradualmente com o envelhecimento, geralmente em torno dos 40 anos. Embora a queda seja natural, isso não significa que não tem conseqüências fisiológicas ou clínicas, e que não deve ser tratada.

Entre 1999 e 2008, o número de prescrições preenchidas nos EUA para géis, injeções e adesivos de testosterona aumentou mais de 400%. Os tratamentos de testosterona em homens de meia idade e idosos são em grande parte desconhecidos, no entanto, eles carregam um risco de efeitos secundários graves. O forte aumento na sua utilização levou alguns especialistas a pensar se a chamada menopausa masculina deveria mesmo ser tratada.

Enquanto cerca de 25% dos homens acima dos 30 anos têm níveis baixos de testosterona, apenas cerca de 5% apresentaram sintomas suficientemente graves para justificar uma terapia. E não é sempre claro que a baixa testosterona é a culpa pelos sintomas que afligem os homens em tratamento, porque os sintomas podem ser facilmente confundidos com aqueles decorrentes de outros problemas de saúde, como estresse, depressão ou doença cardíaca. Médicos recomendam um teste de testosterona como parte de um exame físico anual.

No início deste ano, pesquisadores na Grã-Bretanha tentaram pela primeira vez identificar os sintomas que são mais estreitamente ligados à baixa testosterona. Só três – disfunção erétil, menor número de ereções matinais, e menos pensamentos sexuais – eram seguramente ligados aos níveis de testosterona. Outros seis, incluindo baixa energia, fadiga e dificuldade de realização de atividade física, tinham menos ou nenhuma relação com o nível de testosterona.

O estudo concluiu que muito menos homens do que se pensava – apenas aproximadamente 2%, entre as idades de 40 e 80 – estão realmente experimentando algo que pode ser chamado de menopausa masculina.

Ou seja, não se deve tratar de todos os homens com baixa testosterona, ou usar esse tratamento em homens com sintomas parecidos. Apenas os homens que experimentam as duas condições (os sintomas e a baixa testosterona) devem ser tratados.

Estudos ao longo dos anos concluíram que a terapia de testosterona é eficaz para homens geralmente mais jovens, mas o valor do tratamento em homens de idade é ainda incerto. Os poucos estudos que foram realizados em homens mais velhos tiveram resultados contraditórios sobre os benefícios e riscos.

Isso não os impediu de quererem ser tratados – ou médicos de tratá-los. Um homem com testosterona muito baixa e vários sintomas – perda da libido, não poder ter relações sexuais, se cansar o tempo todo, e não ter força – pode fazer o tratamento, independentemente da idade, segundo especialistas. Para os mais velhos não há certeza de melhoras, mas os mais jovens que foram tratados dessa forma tiveram benefícios.

Mas há o lado negativo do tratamento. Correção diária de testosterona, com adesivos, pode ser chata e injeções mensais desconfortáveis. Desconforto de lado, o tratamento pode ajudar o homem a dormir melhor, ser menos ranzinza, e também aumentar um pouco sua libido – pelo menos no início. Mas após cerca de quatro a seis meses, os homens podem ter dores de cabeça leves e observarem um aumento de seu peso após cada injeção.

Essas reações não são incomuns e podem ser um incômodo, mas há efeitos colaterais ainda mais graves. A terapia da testosterona pode aumentar o risco de doença cardíaca e derrame e, apesar da ligação não ter sido provada, pode até aumentar o risco de câncer de próstata. Mesmo na ausência de qualquer prova, é obrigação do médico informar o paciente dos riscos.

É mais comum que os homens parem a terapia porque ela não está funcionando. Nem todos conseguem aumentar seus níveis de testosterona até a média, ou seja, pouco benefício em relação a tudo que se tem que de aguentar. [CNN]

1 comentário

  • Evaldo de oliveira alves:

    tenho dores de cabeça, sou ruim para dormir e muito calor na cabeça queria saber que sintomas são estes. grato evaldo

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