Um novo estudo internacional descobriu que a gralha-cinzenta, ave da família Corvidae, dos corvos, é capaz de raciocínio analógico. O animal pode resolver tarefas de correspondência relacional de ordem superior, como os seres humanos e outros primatas fazem.
Antes, pensávamos que só nós podíamos fazer raciocínio analógico, a base da categorização, da resolução criativa de problemas e da descoberta científica.
Mais tarde, quando descobrimos como testar essa capacidade, também descobrimos que outros animais eram capazes de dominá-la.
A “correspondência a amostra relacional” (RMT, na sigla em inglês) basicamente capta a essência da analogia, visualmente. Nesse tipo de teste, se um par de amostra é, digamos, AA, em seguida, escolher BB seria correto. Se, por outro lado, o par da amostra é CD, em seguida, EF seria o par teste correto a se escolher. Símios e macacos aprenderam com sucesso RMT.
Uma equipe liderada por Edward Wasserman, da Universidade de Iowa (EUA), resolveu ver se não primatas podiam entender RMT (ou seja, entender analogias) também. Corvos, gaios e gralhas são amplamente considerados inteligentes. Assim, a equipe treinou duas gralhas-cinzentas para identificar itens por cor, forma e número no que é chamado de “identidade de correspondência a amostra” (IMTS, na sigla em inglês).
As aves foram colocadas em uma gaiola de arame com um tabuleiro de plástico com três cartões e dois copos. O cartão no meio servia como amostra. Os copos de ambos os lados eram cobertos com outros dois cartões: um relacionado à amostra (na cor, forma ou número), enquanto o outro não era relacionado. O copo com o cartão que se relacionava com o da amostra continha duas larvas como recompensa.
Na segunda parte do experimento, as aves foram testadas com pares relacionais. Um cartão de amostra com dois círculos de mesmo tamanho, por exemplo, significava que as gralhas deviam pegar o cartão de teste com dois quadrados do mesmo tamanho – e não dois círculos de tamanhos diferentes.
Na foto abaixo, é possível ver um corvo fazendo a seleção correta durante um teste de correspondência. As aves escolheram o cartão correto mais de três quartos do tempo.
Além disso, os corvos exibiram esta resposta de forma instintiva, sem nunca terem sido treinados em RMT. Eles só tinham sido treinados em IMTS, que não envolve a compreensão das relações entre os itens.
“Esse é o ponto crucial da descoberta”, Wasserman disse. “Honestamente, se fosse só pela força bruta que os corvos mostrassem esse aprendizado, já teria sido um resultado impressionante. Mas essa façanha foi espontânea”. [IFLS]