Atividade cerebral de bebês pode ajudar a entender doenças
As células do cortex cerebral de bebês com apenas 20 ou 21 semanas de gestação revelaram um padrão de atividade como as dos adultos quando estão dormindo ou anestesiados. A revelação de pesquisadores da Universidade de Connecticut foi publicada no periódico Journal of Neuroscience. Segundo os cientistas, a pesquisa pode ajudar a entender o que acontece quando algo dá errado no desenvolvimento do cérebro dos bebês.
O córtex é o responsável por lidar com as informações sensoriais, o pensamento, as emoções e a consciência. Mas, mesmo nos bebês, que ainda não são estimulados por informações exteriores, as células deste região do cérebro oscilam entre exercício e descanso.
Os pesquisadores descreveram que a atividade cerebral dos fetos estudados apresentou uma explosão de estímulos elétricos intercalada a períodos de “calmaria”. Quando um adulto dorme ou está sob efeito de anestesia, o padrão de atividade das células cerebrais seria o mesmo. O estudo sugere que esta pode ser uma propriedade intrínseca ao cérebro humano.
“Nos adultos, quando vamos dormir o córtex é desconectado do ambiente exterior. Mas, podemos perceber uma atividade sincronizada silenciosa”, diz o pesquisador da Universidade Laval do Québec, Igor Timofeev. Para ele, atividade similar, acontecendo na cabeça de um bebê que ainda nem nasceu sugere que este é um “traço básico do cérebro que ocorre nos primeiros estágios de desenvolvimento”.
Apesar da importante verificação, os cientistas ainda não têm certeza sobre o porquê deste padrão de atividade que acontece no nosso cérebro desde cedo. O neurocientista responsável pela pesquisa, Srdjan Antic, acredita que é um exercício muscular que nosso cérebro faz para manter suas células vivas. Para ele é um jeito do cérebro avisar: “Ei! Estou aqui, mantenha uma conexão comigo! Como acontece quando dormimos”.
O estudo revelou que todas as células exibiram o mesmo padrão de atividade, mas não se sabe dizer se tudo acontece de maneira sincronizada. Se a resposta for sim, o neurocientista William Moody, da Universidade de Washington, acredita que esta é uma maneira de sinalizar sua localização para outras células do cérebro. Existem distúrbios que resultam da desordem de neurônios. Além disso, Moody explica que diversos tipos de autismo são resultados de padrões atípicos de atividade cerebral. [Wired]