Bebês gerados a partir de “três pais” estariam livres de doenças hereditárias
No último dia 4 de setembro, o inglês James Hunt deixou a pasta de cultura e se tornou o novo Secretário de Saúde do governo britânico. Com menos de um mês no cargo, Hunt já tem uma importante questão para resolver. Uma consulta pública no país, que vai até o dia 7 de dezembro, pode legalizar a manipulação genética de um bebê cujos pais têm problema hereditário, a fim de eliminar o problema nas gerações seguintes.
Esse mecanismo serve para “eliminar” as características genéticas negativas que causam doenças ainda hoje incuráveis para pais, filhos e netos. O mecanismo é apelidado de “três pais” porque uma “mãe externa” doa parte de seu DNA para substituir os genes doentes da mãe.
Questão de mitocôndrias
O que está em discussão é uma técnica recente, que ainda nem tem um nome especificado nos meios científicos. O procedimento é parecido com a já antiga inseminação artificial (a primeira data de 1978): o espermatozoide do pai fertiliza o óvulo materno em laboratório, fora do útero da mulher, para depois ser reinjetado no corpo da mãe. A diferença está no material genético.
Primeiramente, retira-se o óvulo da mãe que tem um defeito congênito que desencadeia, por exemplo, a temida distrofia muscular. A medicina moderna ainda não encontrou forças para vencer a batalha contra este terrível mal: a musculatura vai se degenerando de maneira rápida e crescente, e o paciente quase sempre acaba em uma cadeira de rodas, com membros gelatinosos.
O gene da distrofia muscular se manifesta principalmente em homens, mas está no cromossomo X (da mulher). Isso significa que as mulheres, embora não manifestem a doença no fenótipo (ou seja, no exterior), carregam o gene “contaminado” consigo.
O que os cientistas fazem neste novo sistema é coletar o óvulo da mãe, retirar apenas o núcleo e injetá-lo em uma célula de outra mulher, criando um novo óvulo. Lá dentro, haverá os genes do núcleo da mãe biológica, mas as mitocôndrias serão as da mãe doadora.
Depois, cientistas fertilizam este óvulo com um espermatozoide do pai e recolocam o óvulo no útero da mãe original. Nove meses depois, nasce uma criança com um pai e duas mães.
Futuro otimista
Esse mecanismo pode ser a cura para todas as doenças congênitas. O bebê nascido desta maneira tem 99% de material genético dos pais biológicos e apenas 1% da mãe improvisada, mas está totalmente livre do risco da doença, bem como todos os seus descendentes.
É claro que a aprovação de uma medida como essa por parte do governo britânico levanta discussões. Há quem se pergunte como fica a identidade de uma criança ao saber que possui, até biologicamente, três genitores.
Outros argumentam que isso é um preço muito pequeno a se pagar para que possamos, no futuro, erradicar todas as doenças genéticas da face da Terra. Os ingleses, pioneiros no assunto, terão dois meses e meio para pensar sobre isso. O que você acha? [Telegraph/Hoje em Dia/Feminismo.org]
17 comentários
Bem, sou leigo no assunto, mas… E nos casos em que o pai é o transmissor do gene defeituoso? Isto não inviabilizaria a técnica como possível “cura para todas as doenças congênitas”?!
Só complementando a informação: Pelo que eu li do artigo no Telegraph a técnica só funciona para doenças genéticas situadas no DNA mitocondrial, que só é passado pela mãe. Assim, a distrofia muscular que pode ser eliminada por essa técnica não é a relacionada ao cromossomo X, mas sim a ligada ao mal funcionamento da mitocôndria.
Humanidade: rumando para espectativa de vida de 150 anos. hehe
Marco Alencar não é bem assim, nosssa expactativa de vida é de 70,80 anos.Se nós chegássemos aos 150 anos possívelmente nós desenvolveríamos um câncer por causa das mutações adquieidas ao longo de todo esse tempo!!!
Meus avos paternos morreram de cancer, e todos da familia da minha mae tem pressao alta, gostaria de ser filho de chocadeira para nao ter esse DNA!!!
Não tem nada de complexo, é até muito simples, aliás.
Espero que aprovem!
Questão muito complexa.E se depois quiserem usar essa técnica para criar uma raça “superior” geneticamente?
Concordo com muitas coisas sobre o Projeto Genoma Humano,graças a ele é possível saber que doênças as crianças poderão desenvolver ao longo da vida através das sequências do DNA podendo então trata-las,mas também tem o lado ruim nisso por exemplo,uma pessoa poderá desenvolver uma determinada doênça que á levará a morte em poucos anos,será que a pessoa vai querer ter a informação dessa doênça,como ela vai viver sabendo que vai morrer em pouco tempo.Há também a possibilidade futuramente das empresas começarem a contratar os funcionários de acordo com sua saúde,tendo acesso ao código genético dos pretendentes é possível selecionar os mais saudáveis porque através do código é possivel saber que doênças prtendente tem ou poderá desenvolver ao longo do tempo,portanto quem nsse quesito for melhor sai na frente!!!
Exatamente como no enredo do filme “Gattaca-experiência genética”.
Quem disse que eu me importaria de ter três pais em troca de não ter minha enxaqueca?
Queria que tivessem feito isso comigo. 🙁
Sou totalmente a favor da pesquisa e de sua implementação. E não consigo imaginar uma única razão lógica que mereça crédito pra alguém ser contra.
Acho completamente valido 1% de alguém é quase como afirmar que sou filho do meu bisavô afinal compartilho muito mais de 1% de genes com ele ?!?!
Assunto bem polêmico…
Tá aí mais uma coisa pra se discutir além do aborto…
falando-se em eliminar doenças hereditária, valeu tudo.
Creio que isso será ruim para os pesquisadores dessas doenças hereditárias. Tem o lado positivo em não transmiti-la para seu herdeiro, mas o negativo é, como os médicos poderão descobrir os mecanismos dessas doenças, e assim curar outras doenças, mesmo essas não sendo hereditárias, se elas estarão extintas?
Ideia interessante, vamos deixar algumas pessoas doentes para nos servir de “cobaia” a serviço da ciência descobrir outras coisas. Existem vários caminhos para se obter o mesmo fim, não sejamos tão deterministas em poucas causas para algumas soluções.
Demais!