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Cadê os aliens? Será que é hora de aceitar que estamos sozinhos no universo?

Ainda não captamos nenhum sinal de aliens no Universo e essa é uma observação preocupante que leva a muita especulação. Só que talvez, só talvez, uma possível solução para esse Grande Silêncio seja a de que não tem ninguém lá fora. Se você é desses que sonha com esse contato, essa é uma conclusão que parece impossível de acreditar, mas pode ter algo de verdadeiro aí.

Por que podemos estar sozinhos no universo

Desde que o físico Enrico Fermi fez a pergunta “onde está todo mundo?”, se espalhou uma epidemia de dúvidas sobre por que não vimos quaisquer sinais de civilizações extraterrestres ainda. Como Fermi apontou, a conta simplesmente não fecha. Nossa galáxia, em 13 BILHÕES de anos, tem tempo mais do que suficiente para ser encontrada e explorada por aliens. Segundo estimativas científicas, esse processo todo, de descobrimento e colonização, levaria menos de 1 bilhão de anos ou até menos. OU SEJA: claramente, nós já deveríamos ter encontrado alguém.

Essa observação surpreendente levou astrônomo Michael Hart a concluir que a vida fora da Via Láctea deve ser inexistente. Mas a presença exclusiva de “não-aliens” também pode ser atribuída a um grande número de coisas, incluindo uma relutância em explorar o espaço, ou devido a nossa “incapacidade” tecnológica de extrapolar certas fronteiras. Mas também poderia implicar que os aliens simplesmente não existem. Na verdade, apesar de todas as recentes descobertas de exoplanetas potencialmente habitáveis, junto com o sentimento geral de que nosso universo está preparado para a vida, há muitas razões para suspeitar que somos um evento realmente único e exclusivo em todo o universo.

O lugar certo, na hora certa

Como astrônomo Paul Davies disse: se um planeta tem vida, dois requisitos básicos habitáveis devem ser atendidos: o planeta deve primeiro ser adequado e, em seguida, a vida deve surgir sobre ele em algum momento.

Na verdade, a vida é dependente da presença de cinco elementos críticos: enxofre, fósforo, oxigênio, nitrogênio e carbono. Estes elementos mais pesados foram gerados em reações nucleares no interior das estrelas e se tornou parte do meio interestelar somente quando estrelas chegaram ao fim da sua vida de produção energética. Assim, como o passar do tempo, a concentração de metais no universo foi aumentando gradualmente.

Mas tem um detalhe.

Esses elementos mais pesados só recentemente se tornaram suficientemente concentrados no meio interestelar para permitir a formação de vida. Por isso que os planetas que estão em torno estrelas mais velhas são susceptíveis a ter baixa concentração de carbono. Somente ao redor de estrelas relativamente jovens, como o nosso planeta, a vida pode surgir. Então, a humanidade estaria, portanto, entre as primeiras civilizações a surgir. Ou talvez seria a primeira.

Você pode estar pensando que isso não explica tudo.

De fato. Essa sugestão de que o enriquecimento químico explica nossa solidão é exagerada e com certeza insuficiente para explicar completamente o Grande Silêncio. Nós não sabemos o suficiente sobre essa variável para fazer uma conclusão definitiva sobre o assunto.

Explosões de raios gama: o botão reset da evolução

Outra possibilidade intrigante é que a nossa galáxia está sujeita a frequentes explosões de raios gama. Antes de você de empolgar com esse “frequentes”, vamos esclarecer que essa escala está em nível cósmico. E aqui estamos falando de um a cada tantos bilhões de anos ou mais. Só que essas explosões são um dos fenômenos mais energéticos já descobertos em todo o Universo. Estas explosões são provavelmente causados por um hipernova – colapso repentino de estrela maciça para formar um buraco negro – ou são produto da colisão entre duas estrelas de nêutrons, aqueles restos ultradensos de supernovas. Do outro lado do universo observável, as explosões de raios gama acontecem a uma taxa de cerca de uma por dia. =O

A explosão de radiação proporcionada por um hipernova tem a capacidade de destruir a biosfera de um planeta parecido com a Terra, matando instantaneamente a maioria dos organismos vivos que estão sobre ou ou perto da superfície (ecossistemas subaquáticos, por exemplo, sobreviveriam).

Em 1999, James Annis do Fermilab, de Illinois – nos Estados Unidos, propôs que explosões de raios gama poderiam causar extinção em massa em qualquer planeta habitável dentro de uma distância de 10 mil anos-luz da fonte. Para colocar isso em perspectiva: a Via Láctea tem 100.000 anos-luz de diâmetro e cerca de mil anos-luz de espessura. Assim, uma única explosão gama iria extinguir a vida através de uma parte considerável da nossa galáxia. O negócio não é brincadeira.

Aqui essa histórica fica ainda mais interessante

A frequência das explosões de raios gama foram maiores no passado devido a níveis mais baixos de metais na galáxia. Galáxias ricas em metais (ou seja, aqueles com acumulações significativas de outros elementos além de hidrogênio e hélio) apresentam menos explosões de raios gama. Assim, como nossa galáxia foi ficando cada vez mais rica em metais, a frequência dessas explosões diminui.

Mas o que isso significa exatamente?

Bom, o que isso significa é que, antes dos últimos tempos (e por “últimos tempos” estamos falando dos últimos 5 bilhões de anos), eventos de extinção por meio dessas explosões foram bastante comuns. E, de fato, alguns cientistas suspeitam que a Terra foi atingida por uma explosão de raios gama bastante agressiva muitos bilhões de anos atrás. Para os estudiosos Piran e Jimenez, esses eventos foram frequentes o suficiente para acionar botões de reset evolutivos, enviando planetas habitáveis de volta à Idade das Trevas microbianas antes de a vida complexa e inteligente ter a chance de se desenvolver um pouco mais.

Fascinante, não é? Antes de cerca de 5 bilhões de anos atrás, as explosões gama eram tão comuns que a vida teria lutado para manter uma presença em qualquer lugar no cosmos (sim, todo o cosmos).

Isto sugere, que a galáxia está atualmente passando por uma fase de transição entre um estado de equilíbrio desprovido de vida inteligente a um estado de equilíbrio diferente, onde ela é cheia de vida inteligente.

A humanidade, portanto, pode não estar sozinha e ser uma das muitas civilizações inteligentes emergentes mais ou menos ao mesmo tempo.

É uma teoria interessante, mas que ainda é pouco convincente.

O astrônomo e astrobiólogo Milan M. Ćirković era um grande defensor desta teoria, mas recentemente perdeu a confiança nela.

Por que ele mudou de ideia?

Apesar da frequência das explosões de raios gama galácticas estar diminuindo isto não é suficiente para explicar o Grande Silêncio. A diferença entre a escala de tempo típico para as esterilizações de planetas habitáveis e o tempo que uma civilização tecnologicamente avançada (CTA) leva para colonizar a galáxia ainda é absurdamente grande. Além disso, podemos estar exagerando a extensão dessas extinções em massa; é uma questão em aberto como a quantidade de dano que estas explosões de raios gama desencadeiam, e quão rapidamente a vida pode retroceder em seu processo evolutivo.

Ćirković, então, nos deixa com duas opções para explicar por que podemos estar sozinhos na galáxia: Uma é que as explosões gama, junto com algum outro processo, ou processos, catastrófico (seja natural ou artificial), estão juntos asfixiando o surgimento de civilizações avançadas. Ele diz que, juntos, eles podem ocorrer com frequência suficiente para fazer isso, já que os riscos são cumulativos. Em alternativa, temos que buscar hipóteses completamente diferentes para explicar o Grande Silêncio.

Nosso planeta é raro mesmo

Uma dessas resoluções é a chamada Hipótese da Terra Rara, e consiste na sugestão de que os parâmetros necessários para gerar uma espécie com ambições espaciais é terrivelmente pequena. É uma ideia que foi apresentada em 1999 pelo paleontólogo Peter Ward e pelo astrônomo Donald Brownlee. Ao sintetizar as mais recentes descobertas na astronomia, biologia e paleontologia, os dois juntaram uma lista de variáveis que, na opinião deles, fazer do nosso planeta um evento extremamente raro no cosmos. Tão raro que de fato pode explicar por que nós podemos ser os únicos no universo.

De acordo com Ward e Brownlee, as condições de pré-requisito para a formação da vida complexa incluem:

Tudo bem, essa lista parece assustadora. Mas estamos descobrindo, por exemplo, que os planetas semelhantes à Terra são abundantes na Via Láctea (e que poderia haver até 40 bilhões de planetas habitáveis na nossa galáxia), que a vida complexa é capaz sim de surgir em ambientes extremos, e que os vários parâmetros apresentados por Ward e Brownlee (como o papel de Júpiter e as placas tectônicas), pode ser exagerada como exigências potenciais.

Nossa civilização rara

Também é possível que a vida seja extremamente prolífica no universo, mas só as civilizações sejam raras. Como o desenvolvimento de uma linguagem, organização e consequente evolução tecnológica.

Como testemunhamos aqui na Terra, a vida complexa surgiu dois bilhões de anos atrás, com invertebrados terrestres sendo a “massa” por cerca de 500 milhões de anos. Durante este imenso espaço de tempo, nem uma única dessas espécies desenvolveu qualquer dessas características. Talvez a mesma coisa esteja acontecendo em outras partes do nossa galáxia. Ou talvez isso seja uma explicação para a humanidade parecer realmente única.

É tudo nosso

Há mais uma coisa que poderia explicar a nossa presença singular no universo, ainda que mais filosófica. É o chamado Princípio Antrópico Forte (PAF), que postula que a noção de que o cosmos não é apenas feito para a vida em geral – é feito para os seres humanos e os seres humanos são únicos. O PAF sugere que as condições e os parâmetros do universo são tão primorosamente bem ajustados para a nossa existência que excluem a existência de quaisquer outras civilizações tecnologicamente avançadas.

Sim, é uma teoria altamente controversa que cheira a criacionismo temperado com geocentrismo, para não mencionar a completa ausência de evidências. Tanto que para provar isso, os cientistas teriam que mostrar que fatores e mecanismos, em especial, são responsáveis por isso, e o grau extremo a que esse tal ajuste estaria definido.

Agora, isso não quer dizer que o universo foi criado por alguma divindade ou força sobrenatural.

Ou que estamos sujeitos em algum tipo de civilização elaborada por computador que está sendo executado por nossos descendentes pós-humanos, também conhecida como Matrix.

Só significa que nós observamos um universo em que as condições para a formação de uma vida como a nossa são TÃO únicas, que não seria nada impossível que fôssemos os únicos por aqui. Tenho que concordar que vejo esse mérito nessa hipótese!

O tal do Paradoxo de Fermi

Tudo isso que falamos até aqui tem um nome: Paradoxo de Fermi. Ele justamente sugere que estamos sozinhos no vazio do universo, ou que somos parte de uma nova população de civilizações que só agora estão fazendo uma aparência devido a uma mudança na fase cosmológica. Mas como a vida não é fácil, não se anime. Porque isso não quer dizer que há outras soluções mais viáveis para o problema de Fermi.

Apesar de intrigante, eu diria que a maioria dessas soluções são bastante insatisfatórias. Mas na melhor das hipóteses, elas apontam para os desafios enfrentados pela vida em todas as etapas do seu desenvolvimento. Esta abordagem para responder às forças do Grande silêncio faz a gente se perguntar se estamos realmente sozinhos no universo, ou se somos apenas uma civilização entre milhares, se não bilhões, das existentes.

Não existe resposta certa

Se realmente somos a primeira e única civilização no universo, na verdade isso é uma notícia muito boa. Isso significa que o futuro está completamente aberto e é nosso para criarmos. E, se você achava que as mensagens de autoajuda era uma balela sem limites… Bom, melhor começar a olhar elas com outros. Porque a chance de você ser único, e especial, é verdadeiramente grande. [io9]

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