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Camarão transparente tem 12 retinas em cada olho

Você sabia que a luz solar só é visível até uma profundidade de mil metros sobre o mar? Com isso, alguns animais que vivem na escuridão profunda são vítimas de algumas adaptações bizarras para conseguirem enxergar alguma coisa.

É o caso, por exemplo, desse camarão esquisitão.

Chamado de Paraphronima gracilis, ele vive em uma parte intermediária do oceano, chamada zona mesopelágica, um habitat profundo o suficiente para ser totalmente escuro para nossos olhos. Para se virar no meio dessas águas negras, cada um dos olhos gigantes desse camarão contém nada menos que 12 retinas diferentes. Essa quantidade de retinas se torna uma grande vantagem evolutiva, justamente por essa região do globo ocular ser a mais sensível à luz.

A importância de ter olhos sendo um habitante da zona mesopelágica

Criaturas que vivem em ambientes da zona mesopelágica enfrentam uma luta constante quando o assunto é sensibilidade à luz. Mas, ao mesmo tempo em que precisam ser capazes de perceber a luz e fontes bioluminescentes difusas, também é interessante que permaneçam imperceptíveis aos predadores.

Estas necessidades acabam fazendo a seleção natural agir nos olhos destes animais. Por exemplo, Hyperiidea, uma família de pequenos crustáceos, conta com pelo menos 10 configurações diferentes de olho, variando desde espécies sem olhos que vivem em grandes profundidades até espécies mesopelágicas que contam com quatro olhos dilatados.

Uma equipe liderada por Jamie Baldwin Fergus, do Instituto Smithsonian, recolheu um dos membros dessa família, o P. gracilis, em redes de pesca na Baía Monterey, entre 200 e 500 metros de profundidade. Estes crustáceos transparentes têm um par de grandes olhos compostos, que correspondem a cerca de 45% de todo o seu corpo. Eles nadam com esses olhões para cima até capturarem as suas presas que estão nadando sob suas cabeças.

Cada olho composto têm uma grande porção que “olha para cima”, e uma pequena que “olha para baixo”. E a parte de cima possui uma fileira de omatídeos (unidades formadoras dos olhos compostos) que termina em 12 retinas descontínuas. Na imagem acima, aquela coloração laranja-avermelhada é de pigmentos localizados dentro e em torno das “células de retina” que contribuem para cada um dos omatídeos.

De acordo com Baldwin Fergus, os pesquisadores nunca tinham visto a retina dividida desta maneira. Na maioria dos casos de olhos compostos, a retina costuma ser uma coisa só, contínua.

Um olho desse jeito não havia sido descrito em nenhum trabalho e, consequentemente, sua função permanece desconhecida. O que os pesquisadores acreditam é que cada retina capta uma imagem que, em seguida, é transferida para o cérebro do animal, que integra as 12 imagens para aumentar o brilho e sensibilidade ao contraste. Isso provavelmente confere uma vantagem ao animal quando se trata de mudanças nas condições de luz das profundidades.[iflscience]

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