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Câncer não é apenas causado por “má sorte”, mas sim resultado de estilo de vida

Se lembra de um estudo que, no início desse ano, sugeriu que dois terços dos cânceres ocorrem por azar, ao invés de fatores como o tabagismo?

Uma nova pesquisa está desafiando essa visão. De acordo com o artigo publicado na revista Nature, o câncer é esmagadoramente um resultado de fatores ambientais, e não à má sorte.

Quatro abordagens foram usadas para concluir que apenas 10 a 30% dos cânceres são resultado da forma como o corpo naturalmente funciona, ou seja, “azar”.

Causas

O câncer ocorre quando uma das células-tronco do corpo passa por uma mutação e fica “ruim”.

Isso pode ser causado tanto por fatores intrínsecos, que são parte da maneira como o corpo opera, como o risco de mutações que ocorrem cada vez que uma célula se divide, ou fatores extrínsecos, como tabagismo, radiação UV e muitos outros.

Em janeiro, um estudo publicado na revista Science tentou explicar por que alguns tecidos eram milhões de vezes mais vulneráveis a desenvolver câncer do que outros.

Os cientistas concluíram que é por causa do número de vezes que uma célula se divide, e que está fora de nosso controle evitar esses tipos de câncer. Assim, nasceu a hipótese da “má sorte”.

Não é nada disso

Na pesquisa mais recente, uma equipe de médicos do Centro de Câncer Stony Brook, em Nova York, EUA, abordou o problema a partir de diferentes ângulos, incluindo modelagem de computador, dados de população e abordagens genéticas.

Eles disseram que os resultados sugerem de forma consistente que 70 a 90% do risco de câncer é devido a fatores extrínsecos.

“Os fatores externos desempenham um papel importante, e as pessoas não podem se esconder atrás de má sorte. Elas não podem fumar e dizer que foi azar ter câncer”, afirmou o Dr. Yusuf Hannun, diretor do Stony Brook, à BBC. “É como um revólver. O risco intrínseco é uma bala. Numa roleta russa, um em cada seis vai ter câncer – essa é a má sorte. Agora, um fumador adiciona mais duas ou três balas ao revólver. Se puxarem o gatilho, terão mais chances de ter câncer”.

O Dr. Hannun concorda que ainda há um elemento de sorte, já que nem todos os fumadores tem câncer, mas o mau hábito de fato aumenta suas probabilidades de desenvolver a condição. “Do ponto de vista da saúde pública, queremos remover tantas balas quanto possível da câmara do revólver”, conclui.

Faça o possível para evitar o câncer

Nem todos os riscos extrínsecos foram identificados, e nem todos podem ser evitáveis (como altura, por exemplo).

Mas o novo estudo é bastante convincente e deve servir para mudar a mentalidade das pessoas a respeito de como cuidam de sua saúde. O acaso sempre estará envolvido, no entanto, saber se proteger do câncer também é importante.

“Enquanto hábitos saudáveis como não fumar, manter um peso saudável, ter uma dieta saudável e cortar o álcool não são uma garantia contra o câncer, eles reduzem drasticamente o risco de desenvolver a doença”, argumentou a Dra. Emma Smith, do Cancer Research UK. [BBC]

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