Cientistas conseguem criar novas memórias alterando diretamente o cérebro

Por , em 16.09.2013

Ao estudarem como as memórias são feitas, neurobiologistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, criaram novas memórias específicas por meio de manipulação direta no cérebro. O experimento pode se revelar fundamental para a compreensão e a potencial solução de distúrbios de aprendizagem e de memória.

A pesquisa, conduzida por Norman Weinberger, professor de neurobiologia da universidade, e colegas, mostrou que as memórias específicas podem ser produzidas por pessoas de fora diretamente alterando as células do córtex cerebral, responsáveis por tal memória. Os pesquisadores dizem que esta é a primeira evidência de que as memórias podem ser criadas por cientistas, por meio de manipulação cortical direta. Os resultados do estudo apareceram na edição do final de agosto da revista Neuroscience.

Durante a pesquisa, Weinberger e seus colegas colocaram um som específico para tocar a fim de testar roedores cobaias. Em seguida, eles estimularam os núcleos basais profundos dos cérebros dos animais, que liberaram a acetilcolina (ACh), um produto químico envolvido na formação da memória. Este procedimento aumentou o número de neurônios que respondiam ao sinal sonoro específico.

No dia seguinte, os cientistas tocaram diversos sons aleatórios para os animais ouvirem e descobriram que a respiração dos bichos disparou ao reconhecer o tom particular, mostrando que o conteúdo da memória específica foi criado por alterações cerebrais induzidas diretamente durante o experimento. De acordo com os cientistas envolvidos, as memórias criadas possuem as mesmas características das lembranças naturais, incluindo a retenção a longo prazo.

“Os distúrbios de aprendizagem e memória são um grande problema que muitas pessoas enfrentam diariamente. Uma vez que descobrimos não só a maneira como o cérebro produz as memórias, mas também como criar novas memórias com conteúdo específico, a nossa esperança é de que a pesquisa abra o caminho para a prevenção ou a solução deste problema global”, afirma Weinberger, que também é membro do Centro de Neurobiologia de Aprendizado e Memória e do Centro de Investigação Fonoaudiológica da Universidade da Califórnia.

A criação de novas memórias ao alterar diretamente o córtex foi o resultado de vários anos de pesquisa no laboratório de Weinberger, com muito estudo da estimulação do núcleo basal e da Ach e o papel que eles desempenham na plasticidade cerebral e na formação de memória específica. Anteriormente, os autores já haviam demonstrado como a força de memória é controlada pelo número de células no córtex auditivo, que processa os estímulos sonoros. [Science Daily]

5 comentários

  • Cesar Grossmann:

    Para quem usa informações enciclopédicas, sim, vai ser realmente útil. Mas eu duvido que um cérebro consiga manter todo o conteúdo de uma enciclopédia. Muito provavelmente o “mecanismo de esquecimento automático” do cérebro vai começar a apagar informações assim que o sujeito sair do consultório.

    Faz mais sentido colocar estas informações à disposição do cérebro do que tentar enfiar no cérebro à força. Se o sujeito precisar da informação, ela está ali, ao alcance dos neurônios, e vai fazer parte do cérebro. Se não precisar, ainda assim ela estará acessível.

    Eu prefiro um smartphone com acesso à internet. Música, arte, ciência, opinião, notícia, tudo na ponta dos dedos. E o cérebro trata de dar importância e sentido a toda a informação.

  • Evandro Oliveira:

    Uma coisa é uma pessoa memorizar melhor um livro que lera.
    Outra coisa (totalmente diferente) é uma pessoa memorizar um livro que nunca lera.

    Ainda nao se inseriu.

  • aguiarubra:

    Mais um passo para que a ficção de “The Matrix” vá se tornando realidade.

    • Brelians:

      “The Matrix” Já é real mesmo que não seja

    • Gabriel Carvalho:

      Como assim cara? Isso prova justamente o contrário, por que ? O teste foi feito com animais (roedores), logo o mecanismo de ação para armazenar memória desses roedores são iguais aos nossos (seres humanos).Com isso, acaba-se a ideia de que a percepção de realidade seja somente humana já que roedores também são capazes de fazer o que fazemos, só não com tanta capacidade. Sendo assim, a percepção de realidade também partiria de roedores, logo eles também teriam que estar conectados a Matrix.

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