Cientistas descobriram porque algumas pessoas têm muita acne
A acne é uma daquelas condições que não tem tratamento perfeito. A maioria dos cremes, pomadas e comprimidos são caros e proporcionam algum benefício, mas não a resolução completa do problema.
Agora, um grande estudo levanta a possibilidade de que negligenciamos um fator importante no desenvolvimento da acne: genética.
Genoma e acne
O estudo analisou 26.722 indivíduos, dos quais 5.602 tinham acne grave. A equipe identificou 15 regiões do genoma ligadas ao seu desenvolvimento, sendo que 12 ainda não haviam sido relacionadas com a condição anteriormente.
Descobriu-se que muitas dessas variantes influenciam a formação de folículos capilares – um fator de risco até então desconhecido para a acne.
“Foi surpreendente que muitas das variantes parecem influenciar a estrutura e função do folículo piloso”, disse Michael Simpson, do King’s College de Londres (Reino Unido). “Pode ser que a variação genética influencie a forma desses folículos pilosos e os torne mais propensos a bactérias e inflamação, que são uma característica da acne”.
Uma das variantes genéticas, chamada WNT10A, está ligada à displasia ectodérmica, uma condição que causa cabelos finos e esparsos, assim como outras anormalidades físicas das unhas, dentes, pele e glândulas.
Meio caminho andado
Cerca de 22% da variância fenotípica (características observáveis) em pacientes com acne foi explicada pelas variantes genéticas examinadas no estudo, com as 15 regiões significativas representando cerca de 3% disso.
Isso sugere que provavelmente outras regiões ainda não descobertas também contribuem para a condição.
“Diversas variantes genéticas apontam para mecanismos interessantes que poderiam ser realmente bons alvos para novos medicamentos ou tratamentos”, acrescentou Simpson.
Tratamento
Cerca de 85% das pessoas experimentam acne em algum momento de suas vidas. Esta pode surgir por décadas e deixar cicatrizes em até 20% dos pacientes.
Embora a condição possa parecer trivial, às vezes, para quem sofre de pápulas, pústulas e nódulos inflamatórios, os resultados recentes fornecem esperança para novas possibilidades de tratamento.
A equipe espera que a descoberta leve a terapias com menos efeitos colaterais do que os medicamentos atuais. Uma das principais drogas no mercado hoje é a isotretinoína (também conhecida como Roacutan), mas ela pode vir acompanhada de sintomas indesejáveis, e mulheres grávidas não podem tomá-la.
O estudo foi publicado na revista científica Nature Communications. [IFLS]