Agora podemos ouvir a voz de múmia, graças à ciência
Com uso de tomografia computadorizada, impressão 3D e laringe eletrônica, pesquisadores do Reino Unido reconstruíram o trato vocal de uma múmia egípcia. Para a realização do projeto que teve início em 2013, foi preciso combinar medicina, arqueologia, egiptologia, curadoria de museu e engenharia elétrica.
Durante esse período a equipe trabalhou para, com a ciência, recriar a voz da múmia Nesyamun, que morreu há três mil anos. Até agora o sistema consegue produzir um único som.
De acordo com o artigo publicado pelos pesquisadores na Scientific Reports, as dimensões precisas do trato vocal de um indivíduo produzem um som único, sem que outro seja igual. Isso tem destaque, uma vez que o processo só foi possível porque essa múmia tinha o tecido mole relevante do trato vocal razoavelmente intacto.
O trato vocal da múmia pôde ser reconstruído a partir da tomografia computadorizada, e com o uso de impressora 3D os cientistas puderam recria-lo.
Por enquanto, só uma vogal
O som obtido foi o de uma vogal, mas para recriar uma fala seria necessário mais trabalho. Para isso, os pesquisadores precisariam levar em consideração características da fala do indivíduo como articulações do trato vocal, fonética e padrões de tempo da sua linguagem.
Cientistas já haviam tentado criar sons aproximados do som de vozes de indivíduos antigos, com uso de softwares de reconhecimentos facial. Essa pesquisa foi a primeira a usar o novo método.
A múmia Nesyamun é uma das mais estudadas na Grã-Bretanha. O egípcio viveu quando a região estava sob o domínio do faraó Ramsés XI e trabalhava como sacerdote e escriba no templo de Karnak. Portanto, a voz era essencial no cumprimento de seus deveres que envolviam tanto fala quanto canto. Hoje, os restos mortais do sacerdote estão em seu sarcófago, que pertence ao Museu da Cidade de Leeds, na Inglaterra. [Scientific Reports, IFLScience]