Cientistas “ressuscitam” gene de mais de 500 milhões de anos

Por , em 12.07.2012

Em 1993, o filme Jurassic Park mostrou como “reviver” criaturas que habitavam a Terra há milhões de anos poderia ser um negócio arriscado. Bom, recentemente um grupo de pesquisadores fez um experimento similar (usando bactérias ao invés de dinossauros como fonte de genes, vale dizer de antemão).

Por meio de um processo chamado evolução paleo-experimental, a equipe do Instituto de Tecnologia de Georgia (EUA) “ressuscitou” um gene bacteriano de mais de 500 milhões de anos, e o inseriu em bactérias E. coli. Ao observar um gene antigo em um organismo moderno, é possível ver se a trajetória evolutiva se repete ou se, ao invés disso, os organismos vão se adaptar de outra forma, explica o cientista Betül Kaçar.

Evolução vista de camarote

Em 2008, seu orientador de pós-doutorado, o professor de biologia Eric Gaucher, descobriu a sequência genética antiga capaz de sintetizar a EF-Tu, uma proteína essencial para a E. coli e presente em todas as formas de vida celulares que conhecemos.

Com o gene em mãos, Kaçar e sua equipe o inseriram nos cromossomos de bactérias, criando oito linhagens idênticas de E. coli híbridas (portando o gene antigo em meio a sequências genéticas modernas). De início, esses organismos não eram tão saudáveis como os atuais. “Isso criou um cenário perfeito para observarmos como os organismos alterados iriam se adaptar e acumular mutações a cada dia [conforme se reproduziam]”, diz Gaucher.

Com o passar do tempo, as gerações de híbridos foram se tornando cada vez mais saudáveis, a ponto de superar as E. coli atuais em alguns aspectos. Ao analisar seu genoma, os pesquisadores perceberam que o gene antigo não se modificou: as proteínas que interagem com ele é que mudaram. Assim, a evolução tomou um rumo diferente do esperado.

A equipe deverá continuar estudando o organismo híbrido para ver como o processo evolutivo vai se desenrolar. “Queremos saber se a evolução sempre vai para um único ponto, ou se encontra múltiplas soluções para um mesmo problema”, explica Kaçar.[Science Daily]

14 comentários

  • Marcelo II:

    Venho fazer um apelo para que leiam mais atentamente a matéria. Fiquei profundamente triste ao ler os comentários…

    Queridos, vamos por etapas, analisando os fatos e não as manchetes:

    1. Foi descoberta sequência genética (fossilizada ou organicamente viável?) capaz de sintetizar a proteína EF-Tu;

    2. Esta proteína está presente em todas as formas de vida celulares (de todas as épocas);

    3. O gene com a sequência foi inserido na E. Coli;

    4. Foram criadas 8 linhagens idênticas (se é idêntico é Escherichia coli, ou seja, um gene que produz EF-Tu substituiu outro que faz a mesma coisa);

    5. No início houve algum período de ajuste já que não eram tão saudáveis como os atuais (precisavam se adaptar ao novo provedor de EF-Tu);

    6. Os organismos “alterados” (mas idênticos) iriam se “adaptar” (adaptação não é evolução) e “acumular mutações” (o que não ocorreu, como a própria matéria dirá a seguir);

    7. As gerações se ajustaram ao novo provedor de EF-Tu e ficaram mais saudáveis (se adaptaram);

    8. Esta é importante, preste atenção:
    “Os seres híbridos superaram as E. coli atuais em alguns aspectos”! (mais à frente explico)

    9. “Ao analisar seu genoma, os pesquisadores perceberam que o gene antigo ‘NÃO’ se modificou”!!!! (não evoluiu!)

    10. As “proteínas” por ele produzidas que mudaram! (gene antigo melhor que o atual?)

    Faça um exercício mental e não queira acreditar facilmente em tudo que lê.

    Para crer que o narrado na matéria é evidência de evolução temos que, antes, pressupor a própria evolução e seus milhões de anos o que contraria todo o texto da matéria, como está claro acima.

    O que te leva a crer que possa haver alguma expectativa de evolução é a forma em que a matéria foi escrita, fazendo seu pensamento vaguear por remotos tempos de seres primitivos enquanto lê o restante da matéria (é uma técnica de comunicação apenas: veja a manchete com os “500 milhões de anos” e a introdução com “Jurassic Park”).

    A reportagem, logicamente (as mentes matemáticas me entenderão), prova a involução e não a evolução!

    Se eu tenho um elemento, no caso um gene, mais antigo, coloco em um ser atual e este ser MELHORA, significa que o antigo era geneticamente melhor! Não há outra explicação lógica possível. O atual é uma versão piorada do antigo, simples assim.

    Há certo grupo de filósofos das origens que defendem a ideia de que as mutações são degenerativas, deletérias, com perda de informação e não ganho, o que me parece mais lógico. Basta analisar as dimensões dos animais antigos e seus correlatos atuais e, agora, com mais esta descoberta, mais uma evidência genética, ao lado de todo um universo de mutações prejudiciais e de – quantas mutações benéficas?
    Ainda não percebi nenhuma que não possa ser enquadrada como adaptação, exibindo a fantástica capacidade original dos organismos.
    Propositadamente, não mencionei os termos “antiga”, “antigo” ou “500 milhões de anos”. Por certo, a sequência genética encontrada é mais antiga que a da E. coli atual, mas há boas razões para não crermos de olhos fechados nos métodos de datações atualmente aceitos, por mais precisos que sejam, por três motivos que são intransponíveis, a não ser pela suposição e pela livre vontade de acreditar neles:

    1. A quantidade inicial de cada elemento (de urânio, o isótopo-pai e chumbo, o isótopo-filho, no caso deste ser o método). Tenho que “pressupor” a proporção inicial entre um e outro para compararmos com os níveis atuais. Não havia ninguém lá para medi-los. As rochas vulcânicas recém-formadas demonstram índices variáveis desta proporção inicial, não podendo se estabelecer um parâmetro. Ainda que sim, seriam apenas os parâmetros atuais e não, necessariamente, iguais aos antigos;

    2. Mesmo sabendo as taxas de decaimento (meias-vidas) dos elementos com precisão, não há como saber se elas sempre foram as mesmas. Hoje sabe-se que a radiação solar interfere nas taxas do carbono 14 (que, em tese, pode medir idades até 70.000 de compostos orgânicos, apenas).

    3. Não há como garantir que a amostra testada não tenha sido “contaminada” por elementos de outros materiais como o de camadas superiores do solo, que teriam sido transportados pela água, por exemplo. As rochas são materiais porosos e a poluição por metais pesados é justamente esses elementos sendo transportados pelas águas dos rios e lagos (o chumbo, por exemplo).

    Assim, me dou ao direito de não acreditar, nestes métodos de datação.
    Ademais, qual o método usado, pois se foi datação absoluta não é possível, já que o carbono 14, utilizado em amostras orgânicas, só retrocede 70.000 anos no máximo. Os demais métodos absolutos são para rochas e rochas, sejam apenas pedras ou organismos fossilizados não têm estruturas genéticas aproveitáveis (ou estaria no âmbar? A reportagem sensacionalista mencionaria). Portanto, a estimativa foi relativa, ou seja, pela idade estimada da camada estratigráfica em que foi encontrada. Ou não, pois não é incomum as estimativas serem feitas por pura observação comparativa visual com outros seres semelhantes (achismo, se preferir). Veja que estas reportagens normalmente não dizem nada a respeito do método empregado para se estimar a idade, mesmo as das mais renomadas revistas científicas. Também não é incomum o uso do termo “estima-se” ter tal idade (mas a esta altura, o leitor já não se dá conta), o que, ao final, é mais honesto.

    O único método de datação verdadeiramente científico que já me deparei, foi no caso da datação das Cataratas do Niágara, este método sim, absoluto. Há cerca de 200 anos, um estudioso percebeu que havia uma grande erosão que provocava o recuo das cataratas, a uma taxa estimada por ele em 30 cm ao ano. Ele, então, colocou uma placa em um marco que erigiu e inscreveu que naquele ano (fim do século XVIII) as cataratas estavam naquele ponto (fantasticamente simples! Isto é ciência). Hoje, graças à sua placa, sabemos que a taxa de erosão é de pouco mais de 90 cm por ano. Considerando a distância das cataratas para o oceano, podemos estimar sua idade (e dos Grandes Lagos entre os EUA e o Canadá) em, pasmem, apenas 12.000 anos. Caso as taxas tenham sido maiores inicialmente, como no caso de uma grande inundação provocada pelo derretimento de uma geleira, por exemplo, teríamos uma idade menor ainda, podendo estar em torno de 6.000 anos.

    Conheço um livro, muito antigo, que conta uma história em que todo este cenário, das mutações deletérias, grandes inundações e idades geológicas recentes, se encaixam perfeitamente.

    Forte abraço,
    fiquem com Deus.

    Marcelo II.

  • claudemir da silva:

    q isso seje utíl para pesquisa médica

  • Sandra Fernandes:

    Fantástico!
    Mas RESSUSCITAR é com “SC”!
    O nosso idioma é assim mesmo: bem mais difícil que o inglês, que todos precisamos saber para ter uma vidinha razoável…

    • John Sant’Anna:

      Desculpe-me senhora por me intrometer em sua perfeição gramatical, mas “vidinha” não se escreve entre aspas?

  • João Da Cruz Cruz:

    Bombastíco, muito bom galéra estamos avançando muito no tempo.
    Em todo nosso tempó passado sempre fomos beligerantes só ver a História passadas, mais de 5 mil guerras mudiais estabelecidadas nos ultimos 10 mil anos, que atraso *NÈÈÈ??????
    *Fomos nacauteado pelo vaticano em quase 2 mil anos e agora em aprocimadamente 50 anos avançamos bastante, estamos conhecendo mais nosso *Planeta unindo mais a *Sociologia dentro do campo da cociência universal em prol da evolução permanente em nosso Habitate, isto é bommmmmmmmmmm *Cara?????????????????????????
    *Se não tivecemos este atrso imbécil do vaticano, Hoje!! estariamos preparados até para ir de encontro a todas deficiencias no combate as profecias e a todas manifestações de nosso meio ambiente que demostra bastante *Nervoso conosco.
    *Vamos esperar o fim do *Ano 2012 pra ver o que podemos fazer, poringuanto eu tambem estou bastante nervoso com estas progecionias, porque quem escreveu não *Foi Alberto Einsten mas sim sere com mlhares de veses com mais gabaritos do conhecimento do univerço que os mais nobres sábios em nosso habitate.
    *Precisamos urgentimente suplantar estas divergencias na velocidade da luz, do contrários seremos mais uma civilização extintas como os *Dinosauros *NNNNEEEE???????????????????????

  • Grazzy Rick:

    É desta forma que surgem doenças novas de uma hora para a outra, sem ninguém saber como foram aparecer. Como se já não tivéssemos bactérias o suficiente, precisa-se ressuscitar mais algumas para dar o ar de sua graça.
    Poderiam investir estes recursos na Saúde Pública que anda tão defasada que por vezes nem um analgésico conseguimos.

    • Jean P. Carvalho:

      Grazzy, este tipo de experiência é feita em ambiente controlado, justamente p/ impedir q. estes micro-organismos modificados saiam fazendo a festa por aí…
      Depois, Grazzy, se vc ler a notícia c/ + atenção, vai reparar q. a pesquisa tem tudo a ver c/ a saúde pública, já q. ela pode ajudar aos cientistas entenderem como esta (e talvez outras) bactéria evolui (“(…)é possível ver se a trajetória evolutiva se repete ou se, ao invés disso, os organismos vão se adaptar de outra forma”), auxiliando assim seja na fabricação de vacinas, seja na tomada de medidas profiláticas…

  • Jonatas:

    Se for possível achar um ambiente da Terra que tenha permanecido intacto desde as eras antigas acho que ali estariam vivendo seres da mesma forma que viviam nos primórdios da biosfera, uma aventura e tanto, creio. Mas, como esse Planeta é muito dinâmico e se renova o tempo todo (ciclos atmosféricos, biológicos e químicos, atividades geológicas e sísmicas, vulcões), achar esse limbo primitivo seria bem difícil.
    Não entendo muito bem dessa área mas alguém mais entendido se puder, me informe: é possível achar um lugar assim?

    • Heitor Giacomini:

      “Terra oca”

    • João Barcellos:

      Uma possibilidade seria debaixo das calotas polares, algo como os russos estão fazendo ao explorar por perfuração o lago Vostok na Antártida. Coberto por milhares de metros de gelo (3,5 quilômetros), acredita-se que ele preserva um ambiente entre 15/20 milhões de anos!

    • Guilherme:

      Lago Vostok na Antártica isolado a 15 milhões de anos.
      Cientistas russos perfuraram 3.769 metros de gelo até atingirem o lago no dia 05 de fevereiro de 2012.
      Foram 20 anos de tentativas. No próximo verão antártico começarão a coletar material.

      http://veja.abril.com.br/multimidia/infograficos/o-segredo-do-abismo

    • Danilo Moço:

      Há bactérias podem ser encontradas no gelo ártico,debaixo da terra no fundo do mar,e são antiquíssimas, existem aquelas também que são encontradas em cristais de sal.Foi encontrado nos EUA no estado do Novo México um desses cristais com certas bactérias com cerca de 250 milhões de anos,mas para surpresa dos pesquisadores elas estavam vivas,pareceu que elas estavam “hibernando´´.Acho que nesses casos ,as mudanças de climáticas,atividades geológicas não afetaram de forma que significativa esses lugares até porque eram locais profundos e isolados!!

  • bengf:

    Muito interessante, ver a evolução na platéia não é uma experiência que se tem todo dia, espero resultados.

  • judson werneck:

    Os cientistas ficam fussando e metendo o nariz onde não devem ! Por isso, vão acabar encontrando o que não querem !

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