Já falamos sobre a poluição no ar – e seus males para o planeta e para a população humana – várias vezes aqui no Hype.
No mundo todo, a China parece ser a que lida com o pior caso. Cidades chinesas, especialmente as do norte, têm níveis absurdos de poluição no ar. A maior parte vem da queima de carvão industrial, seguida de veículos a motor.
A coisa é tão feia que Pequim só vê céus claros quando obriga suas fábricas a fechar, coisa que só faz raramente, durante reuniões de cúpula internacionais ou eventos comemorativos. Lembra das fotos do desfile militar de setembro, que homenagearam a vitória sobre o Japão na Segunda Guerra Mundial?
A mudança climática tem fornecido um bom argumento para forçar a China a diminuir sua poluição. Ao lado dos EUA, a dupla – que são dois dos maiores emissores de carbono do mundo – começou a negociar recentemente ações para que ambos os países se tornem mais “amigos do meio ambiente”.
No entanto, parece que um motivo melhor acabou de surgiu: a vida de seus próprios moradores. Enquanto um levantamento realizado pelo grupo de pesquisa Berkeley Earth descobriu que até 4 mil pessoas morrem POR DIA no país por conta da poluição, ontem a China emitiu pela primeira vez um “alerta vermelho”, o mais alto nível de um sistema de resposta de emergência para a poluição anunciado em 2013.
PERIGO!
Autoridades de Pequim declararam na segunda-feira (7) que a poluição atmosférica grossa cobrindo a cidade exigia um alerta vermelho. O que isso significa? Que o ar do país está tóxico. Por isso, restrições temporárias afetarão muitos dos mais de 20 milhões de habitantes da capital chinesa.
A partir da manhã de hoje até o meio-dia de quinta-feira, as escolas serão obrigadas a fechar, carros só serão autorizados a conduzir em dias alternados, dependendo de suas placas, e fogos de artifício e churrascos ao ar livre estão banidos (isso é ruim porque comida grelhada de rua é muito popular na cidade). Além disso, agências do governo terão que manter 30% de seus automóveis fora das ruas.
O anúncio oficial saiu em torno das 18:30h de segunda-feira, o que levou muitas pessoas a questionarem se a população iria de fato cumprir rigorosamente os regulamentos, dado o aviso tardio. Afinal, os moradores tiveram pouco tempo para planejar o que fazer com as crianças que precisarão ficar em casa, como chegar a seus empregos se não podem dirigir etc.
Poluição no ar: chegamos no vermelho
Já em 28 de novembro, uma extensão de ar tóxica sufocou o norte da China. A poluição em Pequim atingiu níveis perigosos no dia seguinte e continuou subindo em 30 de novembro, quando o ar em algumas partes da cidade continha partículas chamadas PM 2,5 numa quantidade mais de 40 vezes o limite recomendado pela Organização Mundial de Saúde. Foi a pior poluição do ano, que só começou a dissipar no dia 1 de dezembro, quando fortes ventos sopraram em toda a cidade.
Apesar disso, o governo não emitiu nenhum alerta vermelho. Anunciou somente um alerta laranja, o segundo mais elevado, que significa que a construção ao ar livre deveria ser interrompida, bem como as operações das empresas que emitem poluição pesada.
Sob o sistema imposto em 2013, Pequim deve emitir um alerta pelo menos 24 horas antes do início da má poluição atmosférica. Funcionários podem prever os níveis de poluição com base no vento e no clima. O alerta vermelho deve entrar em vigor se houver uma previsão de que o índice de qualidade do ar vai ficar acima de 200 por mais de 72 horas.
O governo dos Estados Unidos considera acima de 200 como “muito insalubre”, e de 301 a 500 como “perigoso”. Na segunda-feira às 19h, a leitura em Pequim era de 253. [NYTimes]