Como o maior conjunto de fósseis de mamíferos marinhos apareceu na beira de uma estrada?
A Rodovia Panamericana atravessa o continente americano de norte a sul. São 48 mil quilômetros de estrada que ligam o estado do Alasca, nos Estados Unidos, ao extremo sul da Argentina. Em 2010, as obras para o alargamento da rodovia pararam após uma descoberta inusitada no Chile.
Trabalhadores encontraram um gigantesco cemitério de animais marinhos na beira da estrada. Centenas de fósseis de baleia foram encontradas, em pleno deserto do Atacama. Os pesquisadores logo se perguntaram como o maior conjunto de fósseis de mamíferos marinhos já observado foi parar lá.
Como as obras não podiam parar por muito tempo, pesquisadores fizeram escavações em ritmo acelerado. Foram encontrados fósseis de mais de 40 baleias e outros predadores marinhos, que estão expostos agora em museus das cidades Santiago e Caldera, no Chile.
Em um estudo recente, pesquisadores revelaram que muitos dos fósseis pertencem a animais extintos, como a baleia-morsa, enquanto outras espécies ainda precisam ser identificadas.
Os esqueletos das baleias foram encontrados empilhados em quatro camadas diferentes, ou seja, elas foram parar lá em diferentes momentos históricos. Mas como é que todos esses mamíferos foram parar no árido deserto chileno?
Há milhões de anos, Cerro Ballena – região em que foram encontrados os fósseis – era uma planície de maré, ambiente úmido costeiro que une lama e água do mar, onde as baleias podem ter encalhado. Como foram encontradas baleias de várias espécies, pesquisadores acham pouco provável que uma única doença possa ter dizimado todas elas.
Um grupo de baleias foi encontrado na mesma posição, todas de barriga para cima, o que indica que elas podem ter chegado à costa já mortas. A melhor explicação para as mortes são a propagação de algas tóxicas, que causam a morte de baleias até hoje. No entanto, ainda não foram encontrados fragmentos de algas nos sedimentos, o que seriam provas definitivas.
Pesquisadores da Universidade do Chile planejam abrir uma estação de pesquisa na área, que pode abrigar centenas de outros fósseis e esconder tesouros para a paleontologia marinha. [Gizmodo/BBC]
3 comentários
Parabéns! Boa matéria1
Beleza. Onde hoje é deserto, mar um dia se fez.
E vice versa.