Crianças rebeldes tendem a ter salários mais altos mais tarde

Por , em 24.02.2016

Crianças pequenas escutam várias vezes ao dia que elas devem aprender a seguir regras e obedecer aos pais e professores para terem sucesso na vida quando crescerem. Mas será que esses conselhos são realmente corretos?

De acordo com uma pesquisa recente, não. A conclusão do estudo é que crianças teimosas e rebeldes se adaptam muito bem às condições do mercado de trabalho quando crescem. Depois que fatores não cognitivos relacionados ao sucesso profissional eram excluídos do estudo (como status econômico dos pais), a tendência em quebrar regras foi o que mais influenciou na conquista de altos salários.

1968 x 2016

Para examinar a conexão entre características dos alunos há quase 40 anos e sucesso ocupacional atual, os pesquisadores analisaram informações de três mil alunos da sexta série de Luxemburgo em 1968. Os dados incluíam inteligência da criança, informações sobre a família e status econômico, além de um questionário sobre o comportamento no dia a dia, tanto na escola quanto em casa. Os professores também deram feedbacks sobre a vontade de aprender dos alunos.

Os pesquisadores então entraram em contato com esses alunos, hoje adultos de 50 anos, para acompanhar as conquistas acadêmicas e profissionais deles. Claro que muitas crianças da década de 1960 não foram encontradas hoje, então a nova análise incluiu apenas 754 participantes. Mesmo assim, foi possível observar a evolução nesses quase 40 anos.

Competitividade pode estar por trás do sucesso

O resultado, publicado na revista Developmental Psychology, sugere que a tendência em quebrar regras aliada à vontade em estudar são diretamente proporcionais a um salário maior na vida adulta.

Os próprios pesquisadores ficaram surpresos com a conclusão do estudo, mas eles acreditam saber o que causou esse resultado. “Podemos entender que estudantes mais teimosos são aqueles que hoje em dia estão mais dispostos à negociar salários ou promoções”, dizem os autores.

É possível que quem quebre regras valorize mais a competição do que relações interpessoais, e por isso não hesite em avançar na carreira por ter medo de desagradar alguém.

“Outra explicação é que indivíduos que enfrentavam a autoridade podem ter maiores níveis de vontade para lutar pelo próprio interesse”, dizem eles.

Claro que ser rebelde na década de 1960 é muito diferente de ser rebelde hoje em dia, mas é possível tirar boas conclusões do estudo.

Então, papai e mamãe que ficam frustrados com a teimosia dos filhos, pense que isso pode ajudá-los mais tarde. O único problema, porém, é que o estudo não conseguiu avaliar que tipo de sucesso profissional esses adultos conquistaram – se foi eticamente ou cometendo ações antiéticas. [Science Alert, Developmental Psychology]

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