Dados preliminares indicam que quase todos os pacientes de Covid-19 colocados em respiradores morrem

Por , em 29.04.2020

Um estudo preliminar com 5.700 pacientes hospitalizados com Covid-19 na região de Nova York, nos EUA, descobriu que 88,1% dos que são colocados em respiradores artificiais morrem.

Isso não significa, necessariamente, que respiradores não ajudam a salvar vidas. Pode ser que ele de fato tenha um papel limitado no tratamento de Covid-19, ou pode ser que as instalações médicas já estejam tão sobrecarregadas que a qualidade dos cuidados é inevitavelmente comprometida.

A falta desse material é uma das maiores preocupações médicas durante a pandemia – a quarentena, entre outros motivos, serve para diminuir o número de casos simultâneos da doença, pois os hospitais não possuem respiradores para tratar muitas pessoas ao mesmo tempo. Escolher qual paciente é colocado em um respirador é um desafio que ninguém quer enfrentar, e um que também influenciar na taxa de sobrevivência dos pacientes.

Uma vez que esses dados são iniciais e refletem apenas os resultados médicos de uma rede de saúde, precisamos de mais estatísticas para tentar entender o papel do respirador na doença.

Metodologia

O estudo analisou pacientes hospitalizados na rede da Northwell Health, o maior sistema de saúde dessa região americana, que atende cerca de 11 milhões de pessoas em Long Island, Westchester e Nova York.

12 unidades de terapia intensiva da rede forneceram dados sobre 5.700 pacientes hospitalizados com infecção confirmada por coronavírus (SARS-CoV-2) através de resultado positivo em testes de reação em cadeia da polimerase.

Em um período que foi de 1 de março a 4 de abril de 2020, os cientistas analisaram informações sobre a saúde de todos esses pacientes, incluindo demografia, comorbidades, diagnóstico inicial, medicamentos utilizados em casa e no hospital, testes laboratoriais iniciais e subsequentes, medições de eletrocardiograma, tipo de tratamento (incluindo ventilação e substituição renal) e resultados de saúde (altas, curas e mortes).

Resultados

A idade média dos pacientes hospitalizados era de 63 anos. 60,3% se identificam como homens e 39,7% como mulheres. As comorbidades mais comuns eram hipertensão (56,6%), obesidade (41,7%) e diabetes (33,8%).

14,2% dos pacientes internados foram tratados em unidades de cuidado intensivo. 12,2% receberam ventilação mecânica invasiva. 81% receberam terapia de substituição renal (um termo usado para abranger diversos tratamentos para a insuficiência renal, como hemodiálise, diálise peritoneal, hemofiltração e transplante renal). 21% morreram.

Mais pacientes na faixa dos 18 aos 65 anos foram tratados na UTI ou receberam ventilação em comparação com o grupo dos 65 anos ou mais. A mortalidade geral para pacientes que foram colocados em respiradores foi de 88,1%, sendo que a taxa de mortalidade para o grupo de 18 a 65 anos foi de 76,4% e para o grupo de 65 anos ou mais de 97,2%. Nenhum paciente com menos de 18 anos colocado em respirador morreu.

Um artigo sobre o estudo foi publicado na revista científica JAMA. [BigThink]

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