Darwin: como os filhos ajudaram-no em suas pesquisas científicas
Inglês da cidade de Shrewsbury, o naturalista Charles Darwin (1809-1882) revolucionou nossa visão de mundo ao propor a teoria evolutiva das espécies por meio da seleção natural. Após décadas de pesquisas e observações, essa teoria foi divulgada há pouco mais de 150 anos em sessão da Royal Society, principal academia de ciências da Inglaterra.
Mas apesar de ser um luminar da ciência do século 19, Darwin ainda é mais famoso que lido e compreendido. Ele frequentou as universidades de Edimburgo (Escócia) e de Cambridge (Inglaterra), dedicando-se ao estudo da medicina e da teologia, respectivamente, mas sua verdadeira paixão era a natureza.
E, no decorrer de sua trajetória, muito se sabe sobre sua antipatia pelo filósofo e biólogo inglês Herbert Spencer (1820-1903), sua forte amizade com o botânico britânico Joseph Hooker (1817-1911) ou sua relação desconfortável com o geólogo e advogado inglês Charles Lyell (1797-1875).
O que poucos sabem é que seus dez filhos tiveram um papel fundamental em suas pesquisas.
Projeto familiar: quantas flores uma abelha pode polinizar em um minuto?
De acordo com a historiadora de ciência Janet Browne, da Universidade de Harvard, Estados Unidos, Darwin transformou sua casa – no vilarejo de Downe, a sudeste de Londres – em um laboratório. E seus filhos, em especial, estavam sempre dispostos a ajudá-lo.
Em recente livro da historiadora Sheila Ann Dean, da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, que passou 14 anos lendo e analisando as correspondências de Darwin, há inúmeros exemplos que provam que os filhos se envolviam com os experimentos do pai, fosse coletando sementes ou tocando instrumentos para conferir se minhocas responderiam a estímulos musicais.
Mas um experimento em especial merece destaque. “Ele pedia para seus filhos ficarem perto de plantas que seriam polinizadas por abelhas. Assim que uma abelha visitava uma flor, a criança mais próxima jogava farinha sobre o animal e gritava, avisando a direção para onde o animal se encaminhava. Portanto, mapear o voo das abelhas acabou se tornou um projeto da família”, conta Dean em seu livro.
E eles queriam responder a uma questão, em especial: quantas flores uma abelha visita em um minuto?
Darwin escreveu para um periódico especializado em 1841: “Eu não conheço nenhuma outra flor que as abelhas polinizem mais rapidamente que a Linária, a qual tem flores bem fechadas e ligeiramente roxas. Em um minuto, uma única abelha suga 24 flores”.
Desenvolvimento das expressões e emoções
Outro experimento – bem maior, diga-se de passagem – que merece lembrança é que Darwin observou atentamente o desenvolvimento de seus filhos.
As más línguas dizem que ele fazia isso por medo, pois era casado com a própria prima, Emma Wedgwood, e temia uma fraqueza hereditária, já que estava ciente dos perigos biológicos que essa relação tinha.
Como afirmam os pesquisadores responsáveis pelos documentos de Darwin, na Biblioteca da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, o naturalista iniciou essa pesquisa com seu primeiro filho, William Erasmus, distinguindo quais expressões eram instintivas e quais eram adquiridas. As observações com William duraram cinco anos, de dezembro de 1839 até setembro de 1844.
Algumas vezes, ele conseguiu superar os sentimentos paternais a tal ponto que se referia a William de ‘isso’ (pronome it, em inglês, que, em geral, se refere a coisas ou animais). Com a chegada de novos filhos, Darwin aumentou seus objetos de pesquisa, mas, com o passar dos anos, foi diminuindo sua precisão analítica com relação ao comportamento deles. Os pesquisadores são uníssonos: Darwin era um homem de família, um pai devotado.
Uma das conclusões finais a que ele chegou com esse estudo era que a expressão fisiológica das emoções em humanos não era diferente daquela mostrada em animais.
E essas observações sobre o desenvolvimento de seus filhos culminaram no livro “A expressão das emoções em homens e animais”, publicado em 1872.
Para conferir fotos da vida de Darwin, clique aqui. [Wonders&Marvels/DarwinProject/PenguinClassics/CiênciaHoje/Foto]
3 comentários
Se foi por isso, Darwin era um imaturo que não conseguiu entender a coisa mais comum na vida: a Morte. Totalmente incapaz de explicar a origem e a evolução da Vida. Era um frustrado revoltado sem causa.
Quem mandou estudar Teologia ao invés de ciências exatas…
Mentiras. Charles Lyell era o melhor amigo e mestre do Darwin. Nem geólogo era, era simplesmente advogado curioso e filho de gente importante na Real Sociedade Inglesa.
Foi o Charles Darwin quem revitalizou a péssima idéia de Lyell de que a Terra nunca passou por grandes transformações geológicas em seus bilhões de anos – A Teoria da Uniformidade -, base fundamental para a sua Evolução das Espécies, teoria que ele bolou em pouco mais de cinco anos de pesquisas em campo. Darwin nunca mais foi a campo para rever ou confirmar sua teoria depois disso.
Aliás, esse seu filho William foi astrônomo e concluiu várias vezes que a Teoria da Uniformidade de Lyell – e base da Evolução das Espécies -, nunca poderia ser comprovada e que estava longe de ser verdadeira. Êh fé cega essa da ciência!!!
Desde que Charles Darwin publicou “A Origem das Espécies”, milhares de biólogos tem feito o trabalho em campo de verificar se Darwin estava errado, se ele esqueceu alguma coisa ou se inventou outras.
Hoje sabemos que Darwin não tinha um conhecimento correto de como funcionava a herança genética, e este empecilho atrapalhou a Evolução até os anos 1930, quando Theodosius Dobhzansky fez a síntese da Teoria da Evolução com a Genética Mendeliana, mostrando como as variações genéticas surgiam e como elas eram transmitidas para a próxima geração.
Você está atrasado uns 100 anos.