Descoberta surpreendente: Tatuagem antiga com referências a Jesus Cristo no Sudão

Por , em 23.10.2023
Fotos e uma ilustração digital das tatuagens do Chi-Rho e das letras gregas alfa e ômega encontradas no corpo em Ghazali. (Crédito da imagem: Kari A. Guilbault)

Na região do Sudão, cientistas fizeram uma descoberta intrigante – uma tatuagem que faz referência a Jesus Cristo no corpo de um indivíduo que viveu há cerca de 1.300 anos atrás. Esse corpo antigo foi desenterrado em um cemitério próximo a um mosteiro medieval, marcando apenas a segunda vez que uma tatuagem medieval núbia foi encontrada. A pesquisa está sendo conduzida pelo Centro Polonês de Arqueologia do Mediterrâneo (PCMA) da Universidade de Varsóvia, especificamente no local de escavação conhecido como Ghazali. A Núbia abrange áreas no Egito e no Sudão modernos.

Essa tatuagem, localizada no pé direito de um indivíduo provavelmente masculino, apresenta o símbolo “Chi-Rho” junto com as letras gregas alfa e ômega. O símbolo Chi-Rho combina as letras gregas “chi” e “rho” para simbolizar Cristo, uma representação que surgiu por volta de 324 d.C., durante o reinado de Constantino como Imperador Romano. As letras gregas alfa e ômega, que denotam o início e o fim do alfabeto, simbolizam a crença cristã de que Deus é a origem e o culminar de todas as coisas.

A localização dessa tatuagem no pé direito possui uma importância especial, já que se alinha com a noção de que a crucificação de Cristo pode ter envolvido a fixação de um prego nessa área específica. Os pesquisadores Robert Stark, um bioarqueólogo do PCMA, e Kari Guilbault, uma bioarqueóloga que estuda práticas de tatuagem na Universidade de Purdue em Indiana, explicaram esse aspecto.

Embora a tatuagem sugira a afiliação cristã do indivíduo, permanece incerto se ele era um monge. Curiosamente, o indivíduo não foi enterrado no mesmo cemitério dos monges do mosteiro, mas sim em um terreno de sepultamento que pode ter atendido às comunidades vizinhas. A datação por radiocarbono coloca a existência da pessoa entre os anos 667 e 774, um período em que o cristianismo era predominante na região. Estima-se que o indivíduo tinha entre 35 e 50 anos na época de seu falecimento.

O corpo foi descoberto durante escavações realizadas em 2016, com a tatuagem só agora vindo à luz devido a análises adicionais pós-escavação e fotografia de espectro completo.

As escavações em Ghazali foram realizadas entre 2012 e 2018 por uma equipe polonesa-sudanesa liderada por Artur Obłuski, professor de arqueologia na Universidade de Varsóvia. As análises em curso das descobertas continuam a lançar luz sobre essa fascinante descoberta histórica.

A descoberta dessa tatuagem com referências a Jesus Cristo em um contexto tão antigo é um lembrete do impacto duradouro da religião e da cultura em nossa história. A Núbia, uma região que abrange partes do Egito e do Sudão modernos, desempenhou um papel significativo na disseminação do cristianismo, como evidenciado por essa descoberta. Ela nos oferece uma visão rara da vida e das crenças de um indivíduo que viveu há mais de um milênio.

O símbolo Chi-Rho e as letras gregas alfa e ômega têm profundos significados religiosos, representando a fé e a devoção do indivíduo que ostentava essa tatuagem. A escolha de colocá-la no pé direito, associado à crucificação de Cristo, acrescenta uma camada adicional de significado e mistério a essa descoberta. Isso levanta questões sobre quem era essa pessoa, qual era sua relação com a comunidade e como ela expressava sua fé cristã em uma época em que o cristianismo estava firmemente enraizado na Núbia.

À medida que os pesquisadores continuam a estudar essa descoberta e a realizar análises mais aprofundadas, podemos esperar que novas informações sobre essa pessoa e seu contexto histórico venham à tona. Esta tatuagem é uma janela fascinante para o passado e nos lembra da riqueza da história e da diversidade de culturas que moldaram nosso mundo. [Live Science]

Deixe seu comentário!