Descoberto buraco negro gigante que gira na metade da velocidade da luz

Por , em 11.03.2014

Astrônomos encontraram duas coisas notáveis a respeito de um buraco negro gigante chamado RX J1131, que se encontra no centro de uma galáxia cerca de 6 bilhões de anos-luz de distância de nós. Um: trata-se do buraco negro mais distante a ter sua velocidade de giro medida. Dois: sua velocidade é incrível! De acordo com um relatório da revista científica Nature, ele está girando à metade da velocidade da luz.

O curioso buraco negro gigante

Esta foi a primeira vez que cientistas conseguiram medir diretamente quão rápido um buraco negro gira. Um buraco negro supermassivo tão distante normalmente seria muito fraco para ter sua velocidade de giro medida, mas uma formação rara com uma galáxia elíptica maciça criou um telescópio natural conhecido como lente gravitacional, que permitiu aos astrônomos estudar o objeto distante.

“A lente gravitacional é crucial”, explica um dos autores da pesquisa, Mark Reynolds, da Universidade de Michigan, Estados Unidos. “Sem isso, não seríamos capazes de coletar fótons de raios-X para medir a rotação de um buraco negro tão longe de nós”.

Os astrônomos há muito tempo se perguntam se estes grandes buracos negros crescem gradualmente via ingestão constante de material ou, por outro lado, rapidamente, como, por exemplo, em uma fusão com outro buraco negro durante uma colisão galática. O giro recém-descoberto oferece pistas neste sentido.

Se a ideia da fusão está correta, uma grande quantidade de material novo que flui em uma mesma direção é capaz de alimentar um buraco negro, tornando seu giro mais rápido nesta direção. No entanto, um buraco negro que consome pequenas “refeições” que se movimentam em diferentes direções receberia pequenos empurrões de todos os lados, que anulam uns aos outros, desacelerando a velocidade de giro do buraco negro.

“Estudos observacionais dos últimos 20 anos têm demonstrado uma clara ligação entre a massa do buraco negro supermassivo e as propriedades da galáxia em que reside”, conta Reynolds. “Estas relações sugerem uma relação simbiótica entre o buraco negro central e sua galáxia hospedeira”.

Ao estudar o buraco negro, os astrônomos podem aprender mais sobre a origem e a evolução das galáxias – e a rotação desempenha um papel muito importante neste contexto. “A história do crescimento de um buraco negro supermassivo está codificado em seu giro”, resume Reynolds.

No caso específico do RX J1131, sua característica de girar com a metade da velocidade da luz sugere que seu crescimento se deu digerindo e incorporando outro buraco negro em uma fusão de galáxias. O buraco negro existente em nossa própria Via Láctea pode estar predestinado a ter um futuro semelhante quando colidirmos com a nossa galáxia vizinha, de Andrômeda. Mas, relaxe – isso só deve acontecer daqui a uns quatro bilhões de anos. [Scientific American e Space.com]

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