Desmatamento da Amazônia acelera em direção a “ponto de inflexão” irrecuperável em julho
Segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o desmatamento da Amazônia brasileira aumentou constantemente durante os últimos meses e está próximo de atingir um “ponto de inflexão” a partir do qual a floresta não se recuperará mais.
Depois de aumentos subtanciais nos meses de maio e junho em relação ao ano anterior, o desflorestamento chegou a três campos de futebol por minuto em julho. A perda, até o momento, é de 1.345 km² de floresta, três vezes maior do que o recorde anterior monitorado pelo satélite DETER-B, lançado em 2015.
Outro dado importante é que as operações para combater crimes ambientais diminuíram 70% entre janeiro e abril de 2019 em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Com julho ainda correndo, o medo é que o Brasil perca uma área de floresta maior do que Londres somente este mês.
Polêmica
Os números oficiais do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) estão se tornando um constrangimento para o atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que fez críticas públicas aos dados, chamando-os de “mentirosos”.
O presidente também insistiu que os números fossem “revisados” pelo ministro da Ciência e Tecnologia e mostrados a ele antes de serem divulgados, o que sugere censura.
Consequências
O desflorestamento da Amazônia tem consequências importantes para o meio ambiente e pode afetar inclusive a saúde econômica do Brasil.
Com menos árvores, a floresta não pode desempenhar seu papel em estabilizar o clima global. Há um perigo real da Amazônia se transformar em uma savana, e então ela não terá mais a capacidade de absorver tanto carbono como faz hoje.
Além disso, o desflorestamento ameaça o maior acordo comercial entre o Brasil e a União Europeia, uma vez que manter o desmatamento sob controle, como afirmado no Acordo de Paris, é uma das exigências dos governantes europeus.
“Infelizmente, é um absurdo, mas não deve surpreender ninguém. O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Ricardo Salles estão desmantelando nossas políticas socioambientais”, afirmou Carlos Rittl, secretário executivo do Observatório do Clima, uma organização não governamental formada por uma coalizão de grupos ambientalistas.
DETER-B
Os dados do satélite DETER são considerados preliminares, mas servem geralmente como guia para tendências de longo prazo.
O projeto DETER-B surgiu a partir da alteração do padrão de áreas desmatadas na Amazônia. Desenvolvido no Centro Regional da Amazônia, ele veio para preencher esta demanda, uma vez que identifica e mapeia, em tempo quase real, desmatamentos e demais alterações na cobertura florestal com área mínima próxima a um hectare.
Números mais detalhados são divulgados no final do ano, quando o INPE calcula informações utilizando o mais poderoso sistema de satélites Prodes. [TheGuardian, INPE]
3 comentários
Demora tanto assim pra um comentário aparecer?
Essa manchete é uma irresponsabilidade. Replicar a-criticamente um artigo desses também. A Hyperscience está a serviço de quem?
A serviço de vocês, por isto publicamos dados científicos do INPE, em vez de papagaiar críticas infundadas.