DIU é uma sigla para “dispositivo intrauterino”, um método contraceptivo reversível utilizado por mais de 16 milhões de mulheres em todo o mundo.
O DIU é um artefato de polietileno, com ou sem adição de substâncias metálicas ou hormonais, que exerce efeito anticonceptivo quando colocado dentro da cavidade uterina de uma mulher. Existem basicamente duas categorias:
- DIUs não medicados (ou inertes): não contêm ou liberam substâncias ativas. São unicamente constituídos de polietileno;
- DIUs medicados (ou ativos): além da matriz de polietileno, contêm substâncias (metais ou hormônios) que exercem ação bioquímica local, aumentando sua eficácia anticonceptiva. Dos DIUs medicados, os mais utilizados são os que contêm cobre ou progesterona.
Funcionamento
De acordo com o Relatório Técnico da Organização Mundial da Saúde de 1987, o DIU exerce seu efeito antifertilidade de forma variada e pode interferir no processo reprodutivo antes mesmo do óvulo atingir a cavidade uterina.
Tipos de anticoncepcional DIU
- DIU de cobre: a simples presença de um corpo estranho dentro do útero já faz com que se crie uma resposta inflamatória dentro da cavidade uterina, de tal forma que o útero se torna um ambiente mais hostil para os espermatozoides. Além disso, a presença do cobre no DIU aumenta o efeito espermicida do dispositivo, diminuindo a mobilidade dos espermatozoides, o que praticamente impede a fecundação do óvulo.
- DIU hormonal: libera uma forma de progesterona sintética dentro do útero. Assim como no DIU de cobre, a presença dessa peça já causa, por si só, uma resposta inflamatória que atrapalha a concepção. A presença da progesterona sintética diminui a frequência da ovulação e altera a consistência do muco do colo do útero, dificultando a passagem do esperma. A ação hormonal desta progesterona é local e restrita ao útero, não havendo aqueles efeitos colaterais comuns e indesejáveis do uso de hormônios orais sistêmicos.
Eficácia DIU de cobre ou hormonal
O DIU é um método anticonceptivo muito eficaz, apresentando uma taxa de falha de 0,2% ao ano.
Em geral, os DIUs de cobre são mais eficazes e produzem menos efeitos colaterais que os não medicados. As taxas de gravidez oscilam entre 0,5 a 0,7 por 100 mulheres ao ano. Essas taxas são mais baixas que as obtidas com anticoncepcionais hormonais combinados orais, e comparáveis às de anticoncepcionais injetáveis.
Confira na tabela abaixo uma comparação entre os diversos métodos contraceptivos baseados em dados de 2007. A porcentagem se refere à taxa de falha do método por ano.
- Vasectomia: 0,15%
- Ligadura de trompas: 0,50%
- DIU: 0,60%
- Anticoncepcional oral*: 0,3% a 7%
- Anel vaginal*: 0,3% a 8%
- Camisinha*: 2% a 15%
- Coito interrompido*: 4% a 27%
*Os valores variam de acordo com o uso correto do método.
Além disso, um estudo recente feito com dados científicos coletados em 35 anos e publicado na revista “Human Reproduction” concluiu que DIU é mais eficaz que a pílula do dia seguinte enquanto método contraceptivo de emergência, para ser utilizado depois de uma relação sexual sem proteção.
Benefícios e riscos
Segundo os especialistas, o DIU é um método anticonceptivo interessante por ser de longa duração (pode ficar no útero, geralmente, de um a dez anos), por ser imediatamente reversível, por ser muito eficaz, por não exigir disciplina diária em seu uso (como tomar pílulas todos os dias), por não interferir no ato sexual, entre outras vantagens.
Por outro lado, pode aumentar as dores no período menstrual (cólicas ou dor durante sangramento), pode aumentar ou prolongar o fluxo menstrual, pode aumentar o risco de infecções ginecológicas, e, principalmente, não protege de doenças sexualmente transmissíveis.
Além disso, possui riscos como a perfuração da parede do útero, e possível deslocação do DIU ou até abandonamento do dispositivo do útero. Vale ainda notar que alguns consideram o DIU um método abortivo, importante questão a ser considerada pelas mulheres, levando em conta suas crenças e opiniões sobre o assunto.
Algumas condições são proibitivas para o uso do DIU, porque facilitam ou predispõem condições prejudiciais a paciente. Não é recomendável a colocação do DIU caso:
- A paciente esteja em período pós-parto (48 horas- 4 semanas);
- Tenha doença trofoblástica gestacional;
- Tenha câncer de ovário/endométrio/útero;
- Tenha múltiplos parceiros/ infecções ginecológicas recorrentes;
- Tenha sangramento vaginal;
- Esteja grávida;
- Tenha doença inflamatória pélvica.
Como faço para usar o DIU
A colocação do DIU deve ser feita por um médico ginecologista. É muito importante que você procure um médico confiável, que siga à risca todos os procedimentos de assepsia, diminuindo a chance de infecção.
O procedimento pode causar um certo desconforto, sendo usualmente prescrito um anti-inflamatório oral horas antes para que esse incômodo seja bem tolerado pelas pacientes. Anestésicos locais também podem ser utilizados.
O momento habitual da inserção é durante ou logo após a menstruação (preferencialmente até o 5º dia do ciclo), porque o canal cervical está mais dilatado, o que facilita sua aplicação tornando-a menos dolorosa, além de evitar a colocação do dispositivo em uma mulher com gestação inicial.
Depois do procedimento, é importante fazer uma ultrassonografia de controle, para que se tenha certeza de que o DIU está na posição correta na cavidade uterina.
O acompanhamento de uma paciente com DIU é anual. Além do exame preventivo para o câncer de colo de útero, é preciso realizar uma ultrassonografia para avaliar sua posição.
Um novo DIU pode ser inserido no mesmo dia da extração de um DIU vencido.
Custo
O custo da inserção do DIU varia muito, de acordo com o produto escolhido e a taxa de colocação cobrada pelo profissional de saúde.
Em média, o dispositivo custa de R$ 70,00 a R$ 700,00, e a colocação entre R$ 250,00 e R$ 600,00. Obviamente, você pode encontrar preços diferentes.
Em geral, o DIU de cobre costuma ser um dispositivo mais barato, e mais acessível à população como um todo.
Levando em conta que o dispositivo pode durar até anos, seu uso pode compensar financeiramente em relação aos gastos com outros métodos anticoncepcionais, como pílulas.[Pastore, Unifesp, QuantoCusta, FAD]
[box]IMPORTANTE
Se você acha que o DIU pode ser um bom método anticoncepcional e gostaria de tentá-lo, converse com seu médico ginecologista. Somente ele poderá esclarecer todos os riscos e benefícios do dispositivo para seu organismo em particular, e lhe ajudar a inseri-lo e mantê-lo.[/box]