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Encontrados crânios deformados em cemitério mexicano de 1.000 anos

Próximo à pequena vila mexicana de Onavas, no estado de Sonora, foi feita uma descoberta arqueológica intrigante: 25 esqueletos, sendo que 18 têm deformações provocadas artificialmente. Esta é a primeira evidência já encontrada dessas práticas entre os povos daquela região do México – outras haviam sido encontradas em regiões ao sul, mas não no norte do país.

Dos esqueletos, 13 tinham o crânio deformado, resultado de um processo em que tábuas de madeira eram usadas para pressionar o crânio de crianças de um mês até elas completarem seis meses de idade. Outros cinco esqueletos apresentaram deformações nos dentes, também provocadas de modo artificial.

“Deformação craniana em culturas mesoamericanas era usada para diferenciar um grupo social, e para propósitos de rituais, enquanto a mutilação dentária em culturas como a de Nayarit era vista como um rito de passagem para a adolescência”, explica a arqueóloga Cristina Garcia Moreno, diretora do projeto que encontrou o cemitério.

“Isso pode ser confirmado pelas evidências encontradas no cemitério de Sonora, em que os cinco corpos com mutilação dentária eram de pessoas com mais de 12 anos”, completa. De todos os esqueletos, apenas oito pertenciam a adultos: os demais eram de crianças a partir de 5 meses até adolescentes de 16 anos – e o fato de não terem sido detectadas doenças aparentes sugere que vários morreram justamente por causa de uma prática de deformação craniana feita de modo descuidado.

Além das deformações, muitos dos esqueletos carregavam acessórios, como brincos, braceletes, anéis e colares de conchas (encontradas no Golfo da Califórnia) – um deles, inclusive, foi enterrado junto com um casco de tartaruga. Curiosamente, não havia nenhum tipo de caixão ou mesmo oferenda, o que contrariou as expectativas dos arqueólogos.

Embora os acessórios e as deformações tivessem um caráter de distinção, “nesse caso você não consegue reconhecer qualquer diferença social, pois os enterros parecem ter as mesmas características”, explica a arqueóloga. “Também não conseguimos determinar por que alguns usavam ornamentos e outros não, ou por que, entre os 25 esqueletos, apenas um era de mulher”. Assim, os restos, que datam do ano 943, ainda guardam muitos mistérios.[PastHorizons] [io9]

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