“Funerais demoníacos” descobertos na Polônia

Por , em 20.12.2015

Esqueletos desenterrados em um cemitério polonês de 400 anos de idade foram descobertos com foices colocadas ao redor de seus pescoços.

Os arqueólogos acreditam que esta prática estranha é evidência de uma crença na magia e um medo de demônios. (Claro, afinal de contas, como você evita que um demônio perturbe os vivos? Com uma lâmina na garganta).

O achado

A descoberta foi feita no Cemitério Drawsko, no nordeste da Polônia, que data dos séculos 17 a 18.

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Os arqueólogos, incluindo Marek Polcyn, professor visitante na Universidade de Lakehead, no Canadá, escavaram mais de 250 sepulturas desde 2008.

Entre os túmulos, quatro esqueletos com foices colocadas em suas gargantas e um quinto com uma foice sobre os quadris foram identificados.

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Esqueletos de demônios, e não vampiros

Anteriormente, esse tipo de enterro havia sido descrito como de “vampiro”, com as foices interpretadas como uma forma de evitar que os mortos reanimassem e aterrorizassem os vivos.

Mas em um novo estudo detalhado na revista Antiquity, Polcyn e sua coautora Elzbieta Gajda, do Museu Ziemi Czarnkowskiej, rejeitam essa caracterização. Em vez disso, os arqueólogos preferem usar o termo geral “antidemoníaco” para falar dos enterros, em parte porque os vampiros não eram os únicos tipos de encarnações do mal dos mortos, de acordo com as crenças populares tradicionais da região.

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Também, as sepulturas com foice tinham privilégios funerários que não eram geralmente concedidos a “vampiros” enterrados em outro lugar. Por exemplo, tiveram enterros cristãos em solo sagrado ao lado de outros membros da comunidade, e seus cadáveres não parecem ter sido profanados ou mutilados.

Outro sinal de que as pessoas enterradas com foices provavelmente não eram “forasteiros” é que, segundo a análise dos cientistas das assinaturas químicas nos dentes destes cadáveres, todos os cinco indivíduos eram moradores locais.

Figure 2

Ritual

Apesar disso, os pesquisadores acham que a foice tem algum sentido ritualístico. “O significado mágico e ritual desse gesto parece fora de dúvida”, escreveram Polcyn e Gajda em seu artigo.

A ferramenta pode ter tido a intenção de manter os mortos em seus túmulos sob a ameaça de cortar sua garganta, ou pode ter sido usada para impedir as forças do mal de atormentar suas almas.

Além do mais, o uso de uma ferramenta feita de ferro, que teve que passar por uma transformação no fogo, poderia simbolizar a passagem da vida para a morte.

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Demoníacos por quê?

Mesmo que o cristianismo fosse a religião dominante na Polônia no momento que este cemitério foi utilizado, as tradições eslavas pagãs antigas e vários sistemas de crença popular ainda existiam, incluindo a crença em demônios.

Além das foices, não há outras características únicas nas sepulturas, de forma que os cientistas não têm certeza exatamente o que fazia dessas pessoas demoníacas.

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Hipóteses sugerem que elas podem ter sido consideradas pessoas com poderes sobrenaturais na vida, ou podem ter tido características físicas consideradas suspeitas (como “um corpo excepcionalmente peludo”, uma “monocelha”, uma cabeça grande e uma tez vermelha, coisas citadas no folclore polonês).

Os indivíduos também podem ter morrido de forma traumática, sem qualquer tempo para os ritos apropriados para uma transição suave para a morte espiritual. Embora alguns dos enterrados com foices podem simplesmente ter morrido de velhice, um deles, uma menina, morreu adolescente. Os cientistas especulam que seu fim tenha sido violento e prematuro, talvez por meio de afogamento, suicídio ou assassinato.

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Polcyn e Gajda esperam que mais testes nos cadáveres, tais como análises biomoleculares, os ajudem a entender o que levou os mortos em Drawsko a serem enterrados com foices. [LiveScience, LiveScience2]

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