Essa é a mais antiga cratera de meteoro do mundo

Por , em 22.01.2020

Um novo estudo conseguiu datar uma cratera de meteoro na Austrália, descobrindo que se tratava do mais antigo local de impacto conhecido da Terra, com 2,229 bilhões de anos.

Chamada de cratera de Yarrabubba, ela é pelo menos 200 milhões de anos mais velha que locais similares do planeta.

Yarrabubba

Yarrabubba fica em uma área remota do outback australiano. Os pesquisadores já suspeitavam que a cratera era muito antiga, mas datar esse tipo de local de impacto nunca é uma tarefa muito fácil – erosão e eventos tectônicos costumam apagar o passado geológico da região aos poucos e, mesmo quando estão bem preservadas, determinar a idade de crateras é um processo complexo.

Para datar Yarrabubba com precisão, o novo estudo procurou por evidências de “recristalização por choque” nos minerais do local. Em outras palavras, eles analisaram onde o impacto de meteoro poderia ter alterado a estrutura de materiais como zirconita e monazita.

Para identificar esses registros nos minerais, a equipe utilizou um processo de alta tecnologia conhecido como “microssonda iônica sensível de alta resolução” (na sigla em inglês, SHRIMP).

O urânio nos grãos minerais ajudou os cientistas a determinar a idade do impacto, que eles descobriram coincidir com um período em que o planeta saiu de um congelamento global conhecido como “Terra bola de neve”.

Terra bola de neve

O novo estudo levanta uma possibilidade interessante de que esse impacto massivo poderia ter alterado o clima da Terra, ajudando a colocar um fim nesse período de congelamento global.

“Depósitos glaciais estão ausentes do registro de rocha por cerca de 400 milhões de anos após o impacto de Yarrabubba”, contou Chris Kirkland, um dos autores do estudo da Universidade Curtin (Austrália), à AFP. “O impacto se encaixa no contexto da Terra saindo de condições frias”.

Se o local do impacto estivesse coberto de gelo, como a maior parte do planeta estava quando o meteoro criou a cratera de 70 quilômetros de diâmetro, a queda do objeto espacial poderia ter mandado cerca de meio trilhão de toneladas de gelo vaporizado para a atmosfera.

“Se o impacto ocorresse em uma camada de gelo, liberaria muito vapor de água, que é um gás de efeito estufa ainda mais eficiente que o dióxido de carbono. Isso, por sua vez, poderia resultar no aquecimento do planeta”, explicou o principal autor da pesquisa, Timmons Erickson, do Centro Espacial Johnson da NASA e da Universidade Curtin, também à AFP.

Apenas especulações

Apesar de ser uma teoria interessante, ela é puramente especulativa por enquanto. Não existem evidências de que Yarrabubba estava mesmo coberto de gelo no momento do impacto.

Além disso, impactos massivos de meteoro são geralmente associados com eventos que esfriam, e não esquentam a Terra.

Dito isto, os pesquisadores esperam que seu estudo leve outras equipes a analisar o papel que o impacto pode ter tido no clima da Terra, bem como novas investigações sobre os efeitos de Yarrabubba e sobre a datação precisa de crateras.

“A única maneira de entender o andamento dos impactos na Terra é olhar para a história e o momento do registro de crateras. Este trabalho mostra que existem impactos preservados em partes antigas e altamente erodidas do planeta”, concluiu Kirkland.

Um artigo sobre o estudo foi publicado na revista científica Nature Communications. [Phys]

1 comentário

  • Ruan Pablo:

    Meteoro é um fenômeno luminoso não faz nada, o termo correto é asteroide que se refere ao objeto que atingiu a Terra.

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